A Astrologia Oculta

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Luís Augusto Weber Salvi

Introdução

O alvorecer do século XX, assistiu o ingresso da Ciência em um universo dominado pelo sentido de Relatividade, tendo como expoente central desta modalidade científica o nome de Albert Einstein, assim como o século anterior fora dominado pela ótica do Positivismo científico, cujo maior expoente foi Auguste Conte; ainda que os fundamentos tenham sido estabelecidos por David Hume e, ainda mais remotamente, o filósofo Descartes. Nesta evolução cíclica do pensamento científico, vislumbramos agora, após a Tese do século XIX e da Antítese do século XX, a Síntese que dominará a ótica científica do século XXI.

Saint-Yves d‟Alveydre denomina a estes três momentos da Ciência como “Graus Positivo, Comparativo e Superlativo”; respectivamente (O Arqueômetro). Na realidade, poder-se-ia distinguir três fases e uma culminação suprema: 1. Positivismo (Tese); 2. Relatividade (Antítese); 3. Mecânica Quântica (Síntese); e, 4. Mistérios Primordiais (Matese). Este estágio supremo de expressão científica, corresponderá à restauração dos Mistérios Maiores prevista para o século XXI.

A Astrologia Esotérica começou a ser divulgada em fins do século XIX, com os expoentes do movimento teosófico, e no século seguinte recebeu substanciais avanços através da obra de Alice A. Bailey. De fato, tal modalidade astrológica corresponde, em seus princípios e como tem sido apresentada, a um universo irisado dominado pelo preceito de Relação: daí a sua correspondência e contemporaneidade com o estágio relativista da Ciência do Homem. Como diz Bailey, a Astrologia Esotérica trata da evolução da Alma, seja aplicada ao âmbito macrocósmico ou microcósmico; uma vez que sua função universal é empreender a Ciência das Analogias. Deve-se ter sempre em mente isto: o universo da Alma é, ele mesmo, o mundo das relações e mesmo da dialética.

Em seu próprio nível, a Astrologia Oculta compreende o estudo estrutural e funcional do Universo em suas origens, meios e fins, e onde através da análise dos seus ciclos, se opera com valores variáveis. Como em qualquer ciência, a lógica operativa advém da observação e da experiência, não confinada, neste caso, ao estrito senso de objetividade, uma vez que a evolução sempre principia com a semente, ou seja, no interior do homem. Apresenta, pois, de modo geral e também específico, o conteúdo universal da Lei de Analogia ou de Relação; cuja clássica formulação encontra-se na Tábua de Esmeralda de Hermes Trismegisto, relacionando o Ente Celestial ao Ente Humano – este último objeto maior da evolução, no atual período de desenvolvimento planetário.

Se observará, então, que tal modalidade astrológica comporta um grau muito elevado de raciocínio lógico e matemático, operando com estruturas espaciais cuja gênese reside, de um lado, na própria manifestação do cosmos, e de outro lado nas condições apresentadas pelas propriedades do espaço, como circularidade, etc. Trata-se, enfim, de uma Ciência que desconhece limites, seja em sua aplicabilidade, como na sua abrangência causal; daí ser comumente designada “A Ciência das Analogias”. Do ponto de vista esotérico, a manifestação cósmica em si, não representa o mais importante fator para a obtenção da Realidade mas, antes, e como diria Platão, os Arquétipos primordiais que residem nos Arcanos e na Geometria, dos quais o universo manifesto é somente uma condição cíclica de evolução, daí os problemas inerentes à observação empírica objetiva. Ao contrário da Ciência moderna, a Ciência Tradicional exige um particular grau de iluminação da consciência, como é exigida por uma disciplina integradora e de caráter universal.

O presente volume reúne duas obras afins, aproximando temas astrológicos como aqueles que se observa na obra “Astrologia Esotérica” de Alice A. Bailey, para a qual a presente serve de certa fora como exegese e, até certo ponto, como uma continuidade; tarefa que se estende não obstante a outros volumes, como é o caso de Trikosmos. A Parte I, ou “A Ciência das Analogias”, toma o subtítulo do volume original, sendo algumas vezes quase um simples apanhado das informações baileyanas mais significativas e de importância estrutural, sempre com valor exegético todavia. Já o trabalho “Astrologia e Alquimia”, que constitui atualmente a Parte II do presente, representa basicamente um amplo ensaio sobre o horóscopo esotérico, que é um dos temas mais revolucionários e interessante da obra de Bailey, pois para muita gente a questão do “horóscopo” representa aquilo que existe de mais “útil” e “pragmático” na astrologia ainda que, no caso presente, se esteja buscando trabalhar com valores sutis, mais úteis para os discípulos e os iniciados. Se espera trazer novas luzes neste setor, para aqueles que estejam em busca de procedimentos astrológicos avançados.

A exemplo de Dane Rudhyar, um grande astrólogo simbolista do século XX, o nosso trabalho tem sido plural na área da Astrologia, debruçando sobre diferentes sistemas. Desde o começo, a Astrologia tem sido alvo de uma investigação sistemática em torno dos astros, das leis e do zodíaco em seus diversos âmbitos de expressão, do macrocosmo ao microcosmo, resultando tudo isto em vários volumes. Assim, embora tenhamos nos dedicado com afinco à Astrologia Teosófica, com interesse autêntico e “de raiz”, por considerarmos o neo-teosofismo e a filosofia esotérica de Alice A. Bailey como a nossa grande escola mãe, tratando de compreender e elucidar os seus mistérios, procuramos da mesma forma a pauta da Tradição, daí a influência de autores como René Guenón. Sinnet já dizia que a astrologia esotérica é apenas uma expressão da Verdade, e Bailey afirmava ser a mais pura que existe. Outra vertente forte, tem sido a investigação dos calendários mundiais, seja pelo viés acadêmico, tradicional ou místico como em José Arguelles.

As diferentes escolas esotéricas que estudamos, influenciaram e ajudaram a compor um pensamento próprio, que se inclinou cada vez mais para o tradicional. Daí a nossa “intransigência” na Astrologia clássica, não obstante os planetas “novos” que Bailey e outros autores têm incorporado, sob a influência que a Astrofísica e a própria Astronomia tem exercido sempre sobre a Astrologia. De nossa parte, adentramos na Ciência mais pela Cosmologia, como demonstra nossa obra Tetragrammaton. No plano da Astrologia e do Simbolismo, optamos realmente pelo cânone tradicional. Tal coisa não desmente as analogias, apenas demanda outras definições. A presente obra sugere uma tensão –que não raro se revela fecunda- entre algumas destas concepções, tais como a clássica e a esotérica.

Desde o princípio, estudamos em escolas de Astrologia que detinham uma propensão esotérica, simbolista e intelectual, como a Grande Fraternidade Universal e Emma Costet de Mascheville. Vários autores profundos, assimilando as críticas da Ciência e as transformações culturais, apontaram que a Astrologia está sofrendo mudanças, mas de nossa parte, antevendo talvez as tendências, temos nos dedicado cada vez mais às questões tradicionais, como são os calendários e as mandalas e yantras.

A Presente obra, é um desdobramento natural dos volumes que integram à “Série Mistérios Celestes – Um Tratado Sobre o Ciclo de Criação”, pelos quais demos início aos nossos esforços de transmissão dos conhecimentos da Loja. Para uma melhor compreensão de certos esquemas e postulados, sugerimos ao estudante reportar-se às obras daquela Série, especialmente “Os Ciclos-Raiz” para a natureza e evolução matemático dos esquemas cíclicos, e “Trikosmos” (Livro I: “O Macrocosmos”) para princípios cosmogênicos e a análise da evolução do Universo. Insere-se ainda tudo isto, na sequência das revelações da Doutrina Secreta, onde a principal chave nesta fase seria de ordem geométrica; e portanto de elevado cientificismo e teor lógico, de modo a atender à demanda intelectual dos estudantes que buscam na Astrologia uma forma de síntese e de integração, digna do papel de Ciência-Matriz que possuiu nos Primórdios. A Astrologia divide-se em três grandes ramas: Judiciária, Esotérica e Oculta. A presente obra, contempla de forma específica às duas últimas.

Podemos classificar grosso modo, as quatro “grandes” etapas de esforços do autor – que tem assomado já a mais de uma centena de obras-, nos seguintes termos:

1.Fase Teosófica (simbologismo, teologia, dharma) …. Tese
2. Fase Antroposófica (iniciação, ascensão, cura) …….. Antítese
3. Fase Geosófica (geografia sagrada e humana) ……… Síntese
4. Fase Sociosófica (antropologia, sociologia) ………… Matese

A presente obra, integra a “fase simbolista” inicial da obra de Laws, que contém o cerne de uma autêntica revelação teosófica, seguindo a continuidade das chaves reveladas da Doutrina Secreta, capaz de abrir os arcanos mais profundos da Tradição Universal de Sabedoria. Envolve nisto a essência da matemática e da cabala, na resolução definitiva do maiores símbolos religiosos, trazendo à luz toda a Cosmologia dos Antigos, numa explicação cósmica e visão de mundo mais adiantada que a da Ciência, porquanto esta “tateia” investigando apenas a evolução da manifestação, ao passo que aquela desvenda as estruturas cósmicas acabadas. Desde o começo, tudo isto envolveu uma intensa canalização e uma grande exegese dos símbolos tradicionais para a revelação das geometrias ocultas, ao lado de apurar a exegese da doutrina teosófica em geral, com destaque para novas revelações de Alice A. Bailey, naquele grande impulso original que envolveu o registro de mais de cinco mil páginas em cerca de tão somente um ano de esforços da parte de Laws e seus Mentores, resultando nas duas Coleções intituladas “Mistérios Celestes” e “Hyperbórea”.

Por se tratar todo o trabalho de Laws uma revelação, as questões surgiram assim profundas e herméticas no seu começo, ainda que com o expresso propósito de desvendar os Mistérios. Por esta razão tal fase, dedicada daí aos estudantes avançados, colocaria as diretrizes para todo o trabalho futuro de Laws, tendo no preceito do Simbolismo a pureza necessária para afastar os fetiches e as superstições que comumente grassam no conhecimento esotérico. E assim, tem-se a vigorosa retomada dos princípios tradicionais e eternos da espiritualidade, assim como, naturalmente, uma aproximação do mais avançado espírito científico. Na Doutrina Dialética, esta corresponderia à fase da “Tese” salvista, portanto, quando são colocados os postulados e as ideias fundamentais de uma doutrina. É também daí, a etapa da Cosmologia, a doutrina construtiva ou estruturante por excelência.

Parte I

A Ciência das Analogias

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Capítulo 1

A Prática da Astrologia Esotérica

Sabe-se que, classicamente, a Astrologia é definida em sua peculiaridade como uma ciência integrativa ou, como se diria hoje, holística. Na medida em que toda a ciência encontra-se sedimentada sobre postulados de experiência e observação, calcados ou associados a valores específicos, a Astrologia é, positivamente, uma ciência. Erra aquele que pretende desvincular a experiência e os valores, uma vez que são estes, precisamente, que determinam os recursos e a direção da experimentação, a qualidade da percepção do experimentador e, em consequência, o modo de sua posterior avaliação. Neste sentido, o “real” é vazio de conteúdo próprio; conforme a sentença budista. Para usar uma analogia simples, podemos dizer que a interpretação de uma obra incompleta que se apresenta aos nossos olhos, pode ser compreendida como uma ruína ou uma edificação, conforme uma leitura subjetiva.

Em seu aspecto esotérico, então, esta dimensão é aprofundada de modo a revelar-se apta a desvendar as leis que regem de forma unificada a manifestação: seus ciclos, princípios e elementos constituintes; de modo a resgatar o sentido próprio do termo Universo: o de unidade-na-diversidade, pela compreensão da unidade de leis que regem a evolução manifestada em seus diferentes aspectos. Tal redimensionamento, implica numa ampla capacitação do astrólogo, a fim de atender as necessidades evolucionárias do atual período racial e planetário. A Astrologia Esotérica, conforme vista nos presentes ensinamentos, constitui-se numa abordagem paralela à Doutrina do Manvantara, também elucidada em obras deste ciclo, como “A Ciência do Manvantara”.

A. A Nova Astrologia

A Astrologia Oculta ou Esotérica, “nova” somente em termos de divulgação em nível mais amplo, constitui-se antes, talvez na mais antiga das chamadas “ciências superiores”, ao lado da Cabala que essencialmente participa de seus princípios e postulados. A Astrologia Esotérica é, por definição, uma ciência que trata da natureza estrutural dos ciclos de evolução e sua realidade matemática, apresentada por vezes através de símbolos e analogias.

O propósito de toda a Astrologia Esotérica, não é outro senão a exposição da estrutura da consciência e da mecânica da iluminação, em termos coletivos inclusive. Trata-se, portanto, da essência da Jnana Yoga, a qual é, em ultima análise, a prática da clarividência e da revelação, donde o anagrama entre este termo Jnana e o centro etérico Ajna, responsável pela “terceira visão”, e o nome da serpente simbólica por excelência (na Índia), naja, a qual comumente representa este mesmo centro etérico, inclusive no Egito Antigo através do símbolo do Uraeus, a serpente solar; ou mesmo à própria energia de iluminação denominada ‘kundalini’, donde então a denominação tradicional de “serpente” atribuída aos sábios e videntes.

Vê-se daí, quão eficaz pode ser tal modalidade de conhecimento, para a organização e o direcionamento da consciência, o que pode ser realizado de forma paulatina mediante o emprego de símbolos e estruturas de diferentes ordens e escalas. Neste sentido, a Yoga do Conhecimento é, a um só tempo, reveladora como revelação, shruti e smriti, de forma que as próprias Escrituras judaico-cristãs apresentam o conhecimento, em seu simbolismo serpentino, ora como motivo de queda (Antigo Testamento), ora como de elevação (Novo Testamento).

Tal modalidade astrológica vem cumprir uma lacuna na divulgação do conhecimento iniciático, naquilo que diz respeito às estruturas e processos da evolução da consciência, possibilitando com isto a efetivação dos sendeiros da alma, a partir de maior consciência de causa apoiada sobre a lógica esotérica e a analogia universal. De modo que a Astrologia de modo geral, e sua rama esotérica em particular, vem representar a imprescindível edificação de nossa mandala interior, ou da organização do cosmos no homem.

A divulgação desta “nova astrologia” corresponde a um dado momento cósmico, o qual torna possível e até necessária, a pratica desta ciência integral, devido às energias dominantes no alinhamento cósmico sob o qual encontra-se o planeta na atualidade. Corresponde, portanto, em termos práticos, às determinações que regem a Era que começamos a atravessar, ou seja: as forças de ‘Aquarius’.

‘Aquarius’ relaciona-se ao signo de Aquário, que é de natureza fixa, ou seja: associada ao alinhamento médio ou “da Alma”, regido pela evolução setenária. Isto significa um novo enfoque para as relações planetárias, devido à distribuição de forças que começa a ocorrer. Viemos de uma Era regida por um alinhamentos inferior, e o período de transição para este novo estágio é naturalmente crítico. Neste sentido, a Ciência dos Raios, associada à Astrologia Esotérica, possui os mais frutíferos fundamentos para a harmonização das novas tendências planetárias, regidas precisamente por determinações de ordem setenárias que estão.

Deve-se ver então que, de acordo com o alinhamento cósmico vigente, uma determinada modalidade de ciclo impera sobre a humanidade, e o seu estudo prevalece no ambiente intelectual da raça. Isto pode ser apresentado do seguinte modo:

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Avaliemos, pois, alguns aspectos relativos a tais ciclos, especialmente aqueles mais difundidos nesta Astrologia, como são os raios e o Zodíaco. Com relação ao último, é importante observar que, no esoterismo astrológico de Bailey, enfatiza-se que o duodenário refere-se não propriamente a signos zodiacais, mas sim a constelações celestes. Tal fato pode dar margem a importantes alterações nas perspectivas e metodologia empregada na confecção do horóscopo, e em todo o caso, uma revisão criteriosa deve ser levada a cabo. Para começar, pode não se tratar de cambiar simplesmente os signos pela constelação que pretensamente lhe corresponde na precessão dos Equinócios, conforme o argumento geralmente feito pelos astrônomos, na medida em que o Zodíaco do domo apresenta uma dignidade própria e uma estrutura paralela.

Pois a verdade é que, o Zodíaco do Grande Ano, representando também um ciclo matemático e abstrato análogo, e não propriamente mera fonte de influências estelares, significa uma divisão de regiões espaciais, simétricas ou não (conforme a estrutura usada na análise), mas sempre definida podendo ser simbolicamente expressa pelas estrelas ou constelações presentes em seu fundo no espaço, e também pelos signos que tradicionalmente lhes correspondem, expressão das Hierarquias Criadoras. Quanto à influência das estrelas de per si, trata-se de um capitulo à parte nas Ciências Esotéricas e diz talvez mais respeito à Astrofísica. Neste sentido, enfim, uma das formas para se entender a sobrevalorização das “constelações” no sistema esotérico, diz respeito ao estudo do horóscopo racial e planetário, antes dos ciclos propriamente pessoais, na medida em que as escalas esotéricas são sempre iniciáticas e coletivas. É na linha do estudo das grandezas e das raízes causais, que a compreensão das grandes coisas pode surgir.

Já os chamados “Raios”, que apresentam um papel tão importante nesta nova Astrologia, correspondem aqui aos arquétipos divinos que modulam o circulo da evolução planetária. Naturalmente, todos esses ciclos existem em algum grau, e influenciam em todos os períodos, mas algum deles prevalece, no entanto, conforme o alinhamento então dominante.

É verdade que a Era passada, tinha certo alinhamento com a Alma, devido à influência do 6° Raio sob Peixes; seu ritmo mutável, no entanto, remetia ao alinhamento da Personalidade. Na Nova Era, temos a influência de um raio considerado especial: o 7° Raio, que representa uma grande síntese na evolução do Logos solar. Tal raio enaltece naturalmente a Ciência dos Sete Raios, assim como representa um importante “ponto de mutação” na evolução planetária, que remete por sua vez à Ciência do Manvantara, síntese superior as Ciência dos Raios ou o estudo dos ciclos astrológicos e Alma.

Este alinhamento, possibilitara a realização de uma nova Astrologia, na medida em que trata primariamente com a energia setenária dos raios da Alma:

“A astrologia agora lida primariamente com a personalidade, para quem o horóscopo é feito e com os acontecimentos da vida da personalidade. Quando, através da meditação e do serviço, mais a disciplina dos corpos lunares, um homem chega a ficar consciente e definitivamente sob seu raio solar, então ele fica tão definidamente sob a influência de um ou outro dos sete sistemas solares, como eles focalizam a sua energia através de uma ou outra das constelações e subsequentemente um ou outro dos sete planetas sagrados. Finalmente, haverá doze planetas sagrados, correspondendo às doze constelações; mas o tempo ainda não é chegado”.

Então os planetas se constituirão, positivamente, num caminho de luzes para a experiência e a evolução pessoal, tal como quer Rudhyar sobre o domínio dos planetas:

“A personalidade total do indivíduo que trilha a Estrada Iluminada deve, de fato, tornam-se um motor para a libertação do espírito. As fases de reorientação, repolarização e reavaliação preparam a consciência e transfiguram o ego, seu governante”.

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Esta tríade de fases, correspondente aos ciclos dos Gunas, deve ser analisada nos sucessivos anos do indivíduo; segundo o Ensinamento da Agni Yoga. Atualmente, são basicamente sete planetas que constituem a expressão superior dos raios, o que é clássico face à estrutura setenária da alma.

“Nosso sistema solar, como sabem, é um em sete sistemas. Quando um homem chegar a este ponto da evolução, os meses de nascimento, a astrologia mundana, e as influências que desempenham sobre o aspecto-forma, se tornam cada vez menos importantes. Este círculo de sistemas solares, afeta fundamentalmente a alma e ela se torna o ponto focal de energias espirituais. Este é o problema da alma em seu próprio plano- a capacidade de responder a estes tipos de energias e, delas, a personalidade esta totalmente alheia”.

Quando for chegado este momento, a astrologia se configurará positivamente como “a alma da astronomia” (ou ainda mais?), como quer Alan Leo:

“…se nosso aforismo “A astrologia é a alma da astronomia” contém uma verdade, e se for admitida a dupla função da alma (como me parece resultará inevitavelmente da investigação), segue então que, da mesma forma, a astrologia será servidora de algo mais elevado, embora por enquanto não consigamos determinar o que isto seja. Não lhe sabemos ainda o nome, mais talvez se possa chamá-lo de Espírito”.

A nova e verdadeira astrologia, tratará não com a causalidade per si (de cujo automatismo se ocupa a Astromancia comum), mas da integração humana e de sua abrangência a campos de experiência progressivamente mais vastos. H. P. Blavatsky é enfática a este respeito:

 “A relação entre a astrologia natural e judicial, é a mesma que existe entre a fisiologia e a psicologia, a física e a moral. Se nos últimos séculos foi degradada ao nível do charlatanismo, por parte de alguns mercenários impostores, será justo estender a acusação aos homens poderosos que, através de seus estudos perseverantes e de suas vidas santas, emprestaram nome imortal à Caldéia e Babilônia? Se a forma pela qual eles imprimiram na mentalidade do povo as grandes verdades astronômicas difere do “sistema de educação” do século atual, assumindo aparência ridícula para alguns – a pergunta continua sem resposta: qual dos dois sistemas é melhor? Para eles, a ciência caminhava de mãos dadas com a religião, e a ideia de Deus era inseparável de suas obras”.

 Deve-se ver que, para os pitagóricos, a natureza da alma, em sua perenidade, aproximava-se do perpétuo movimento circular dos astros, de onde proviera originalmente através de ciclos para enfim encarnar na terra. Sua essência era, todavia elétrica, ou seja: aquela mesma quintessência alquímica. A definição mais excelente de Alma, era aquela que atestava sobre a sua autonomia. Como dizia Hiparco: animasque nostras partes esse coeli (“nossa almas são uma parte do céu”). Ao reino corporal, restava então o ciclo elemental inferior. Eis como define ocultamente tais implicações Alice A. Bailey:

 “Os signos que caem nas quatro categorias da terra, água, fogo e ar, dizem respeito primariamente ao homem que vive abaixo do diafragma, e que utiliza os quatro centros inferiores: o centro da base da coluna, o centro sacro, o plexo solar e o baço. O grupo interno de sete energias maiores ou sistêmicas produz seu efeito sobre o homem que vive acima do diafragma e trabalha através dos centros representativos da cabeça.”

Neste sentido, pode-se com segurança buscar uma analogia entre as esferas zodiacais polarizadas nos “elementos” (4=1+2+3 +4=10: o número da manifestação), e as constelações polares análogas aos centros “da cabeça”, e denominadas pelos princípios logóicos (3=1+2+3=6: o numero dos raios da alma). Em Bailey, tudo ecoa nas entrelinhas! Sigamos, porém:

“Quatro deles focalizam através do centro da garganta, o centro do coração, os centros Ajna e da cabeça. Três são conservados latentes na região dos centros da cabeça (o lótus de mil pétalas), e somente entram em atividade funcional após a terceira iniciação.”

Dentre os centros potenciais da cabeça, encontra-se o centro Alta Maior, na junção da medula com o crânio. Este centro mediador tem a estreita conexão com a formação do Antahkarana, cuja consumação ou construção conduz o individuo à Iniciação Solar ou terceira. Prossigamos a citação:

“Tornar-se evidente, por isso, como é complicado, do ponto de vista do horóscopo (assim como do problema individual) este encontro de energias de dois tipos de constelações no caso do homem que nem é puramente humano nem puramente espiritual. O horóscopo comum é negado. O horóscopo que é básica e quase infalivelmente correto, é aquele do ser humano no grau inferior que vive inteiramente sob o diafragma e é governado por sua natureza animal”.

Em função do dilema, a solução seria para Bailey, a de diversificar as fórmulas astrológicas: “Os astrólogos finalmente sentirão a necessidade de levantar três horóscopos ou três cartas: – Uma puramente física, lidando com o corpo da natureza; uma primariamente emocional, lidando com a qualidade da personalidade e com sua sensibilidade ou estado de consciência; e a terceira será a carta dos impulsos e condições mentais. Ver-se-á que estas cartas terão certas linhas geométricas, as linhas de energia formarão padrões. Estas três cartas, superpostas uma sobre a outra darão o diagrama da personalidade, e o modelo da vida individual. (…) cada linha funcionará em relação a uma outra linha e as linhas das energias da vida tornar-se-ão aparentes”.

 Este horóscopo-mandala foi debatido por Rudhyar, e Bailey faz alusões à configuração geométrica dos horóscopos na versão da astrologia esotérica. Um interessante trabalho no sentido de associar o biorritmo aos sete raios, foi realizado por Sara Marriott em “Ritmos da Vida”. Rudhyar, ele mesmo um precursor na aplicação dos ritmos ou ciclos na interpretação astrológica, define, em sua obra Astrologia da Transformação, “quatro níveis de funcionamento humano: Nível Biológico; Nível Sócio-Cultural; Nível Individualístico; e Nível Transpessoal”. Este último pretende ver o indivíduo como um instrumento para uma força transcendente.

O mapa astral deve ser usado, com efeito, como um „roteiro‟ ou, como diz Rudhyar, um “mandala astrológico”, para cujo desempenho, no entanto, a qualidade e a experiência do protagonista atua de maneira determinante. Não significa propriamente adotar um papel, mas conhecer as linhas individuais de menor resistência para a liberação do individuo e o exercício de sua superior criatividade, exercitando assim o “destino” próprio e real para o qual nasceu e encarnou.

Isto é: a liberação das energias dos “complexos” psicológicos que dominam de forma quase inevitável as personalidades mais ou menos evoluídas, que não canalizam de modo suficiente as suas energias para atividades criativas superiores. Estes “complexos” são constituídos então pela introjeção da energia vital no subconsciente, de modo a estimular o substrato instintivo do indivíduo. Ver também sobre o tema em C.G.Jung – que é o autor de termo “complexo psicológico” – especialmente em A Natureza da Psique e AION – Estudos Sobre o Simbolismo do Si-Mesmo. A astrologia também pode oferecer respostas para a questão – ver, por exemplo, em Dane Rudhyar, Um Estudo Astrológico dos Complexos Psicológicos.

Particularmente, relacionamos os instintos ao subconsciente, e os arquétipos ao inconsciente. É a vida da alma que transforma o subconsciente em consciência, da mesma forma que é o espírito que revela o inconsciente arquetípico na luz da supraconsciência -no que também a alma é mediadora, devido à atividade dual que a caracteriza, própria de duplicidade do plano mental e que se encontra tão bem representada pelo simbolismo do signo de Gêmeos).

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No diagrama acima, observamos que o subconsciente e a supraconsciência não relacionam-se de forma direta, mas apenas ciclicamente: através de uma mediação, no caso, através do inconsciente ou do consciente. Na verdade, eles são opostos polares, e um enriquece sempre à medida em que o outro se esvazia; por assim dizer. Será de interesse aplicar estes conceitos aos quadrantes do horóscopo e, de modo especial, aos quatro Princípios demonstrados no símbolo do Tao.

Usando a imagem quase sempre útil da carruagem, diríamos que, a partir daqueles três principais dados da carta, a Lua (a matéria) representa o carro; o Sol (a visão e consciência) o cocheiro e o Ascendente (o impulso, o devir) os cavalos. Em A Astrologia da Transformação, Rudhyar observa que, para os antigos, o Sol e a Lua constituíam uma unidade “bipolar” (qual forma-e-energia; diríamos). Em Ocultismo, o Ego ou Eu Superior é considerado como um redimensionamento do eu inferior representado pela vida da personalidade, a qual formaria, esta sim, uma polaridade com o Eu Divino expresso pela tríade espiritual (a expressão da Mônada).

Neste processo de liberação, o conhecimento dos raios é de primordial importância, uma vez que a energia dos raios constitui a expressão sintética e evolutiva da manifestação universal. Mais precisamente, os raios relacionam a realidade manifestada com a Vida una do espírito ou do Logos, e encontram-se personificados naquelas entidades conhecidas como Dhyan Chohans (“Os Senhores da Mente”), e que se expressam na realidade humana como o Ego, o Eu Superior ou o Cristo interno, e nas esferas superiores são habitualmente conhecidos como “O Manu”; ou seja: o regente racial e até de um período manvantárico.

(…)

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Capitulo 2

Os Arquétipos do Homem

Como vimos no Capítulo anterior, os signos astrológicos representam arquétipos, ou seja: modelos primordiais de evolução humana, sendo que a incidência periódica sobre um ou outro destes arquétipos – segundo toda uma ordem de configurações matemáticas, geométricas e outras associadas – determinam o molde de uma dada evolução. Simbolizam basicamente a evolução da alma através dos planos de manifestação e em direção aos ciclos de síntese, o que é mitologicamente representado por Hércules e seus Doze Trabalhos. Muitos são porem os níveis correntes de interpretação a analogias: pode-se tratar de fato da lama individual, grupal (simbolizada pelo Avatar) ou mesmo planetária e cósmica.

Em relação a estes, os planetas representam fases operacionais ativas, por assim dizer, dinamizadoras, agentes sintéticos e conscientes diante do âmbito dialético dos signos ou arquétipos duais. Resumidamente, diríamos assim serem os planetas avatares dos próprios signos. Daí serem denominados caldeus como ‘intérpretes’.

São todos, no entanto – signos e planetas – arquétipos verdadeiros. Com efeito, a Doutrina Oriental fala dos “Sete Sóis da Vida” e dos Doze Adityas (quando não sete, igualmente), que presidem as energias solares durante as suas emanações anuais. O setenário remete então, seja ao ciclo planetário, como ao polar das constelações, daí o vínculo anímico destas duas realidades.

Os planetas são mediadores sistêmicos entre as energias solares e zodiacais (ou siderais). Poderíamos assim construir um esquema da ordem do Bhavachkra tibetano, dispondo ciclicamente estas três esferas:

  1. A Triplicidade Solar (Espírito) ………………………….. 3
  2. O Setenário Planetário (Alma) ……………………………. 7
  3. O Duodenário Zodiacal (Personalidade-Casual) … 12
(…)

Capitulo 3

A Engrenagem Cósmica

“Rodas dentro de rodas, esferas dentro de esferas, cada uma segue seu curso e atrai ou rechaça à sua irmã; ainda que não possa escapar aos braços envolventes de sua mãe”.

Bailey, “O Antigo Comentário”

O caráter cíclico ou circular da evolução universal, encontra-se associado à necessidade de se estabelecer o ritmo que determine a expressão do Propósito que subjaz à uma dada evolução. Tal tendência cíclica da matéria, encontra-se impressa na sua própria natureza, e revela a evolução da forma (molde, meio) empreendida pela totalidade de um ente; ou seja: trata-se da expressão da sua consciência. O movimento cíclico ou espiral, é resultante da associação entre dois movimentos intrínsecos ao átomo: 1. Movimento Progressivo, e . Movimento de Rotação; correspondentes às atividades do e do Logos, respectivamente.

Corresponde ao caráter mental de uma dada manifestação, incluindo o campo magnético dos corpos em geral, e caracteriza a esfera psíquica por excelência (que representa todo o campo de relações entre opostos e os integra; é, portanto, uma atividade própria do Logos, o “modelador das formas”); quer trate-se de um sistema solar ou um corpo causal humano; ou ainda as evoluções que os permeiam ou transcendem. Tal atividade relacionadora, encontra-se associada à Lei de Expansão universal (termodinâmica), de modo a dizer-se que “É um fato na natureza que tudo o que tem existência habita dentro de uma esfera”.

Na realidade, para Einstein o próprio Universo, enquanto unidade, poderia apresentar uma natureza curva ou circular. Teremos então que, segundo o antedito; “Toda a esfera solar, o ‘círculo não se passa’ logóico, gira sobre um eixo, e assim tudo o que está incluído na esfera é arrastado em forma circular através do firmamento”.

O conteúdo cíclico de uma esfera, dentro de uma evolução coletiva é dado, no entanto, por sua posição ou seu papel arquetípico: “Na astrologia antiga, o planeta “real” não era a massa de matéria física, senão o espaço orbital definido pela revolução dessa massa física ao redor do Sol”. Tal concepção dá margem para a visão platônica e estruturalista da evolução, onde vale mais o símbolo e a energia do que a coisa em si, e o significado importante mais do que o fetiche do significante.

As páginas acerca das evoluções superiores e suas hierarquias, constituem um dos mais fascinantes e misteriosos temas encontrados nos anais do conhecimento ocultista, e proporciona ao pesquisador uma precisa compreensão da verdadeira estrutura do Universo e de seu conteúdo evolucionário. Quando imaginamos suas constituições múltiplas, nos deparamos com um verdadeiro sistema de engrenagens cósmicas de variadas dimensões, funções e poder. Ali, tudo é movimento, ritmo e expansão; ciclos infindos gerando relações de multiplicação e síntese, dialeticamente, num constante processo de criação e transformação.

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A imagem da revolução aparente das estrelas em torno de nossos pólos celestes, confere a mais perfeita impressão de circularidade essencial das coisas no cosmos.

Também a forma humana, em seu aspecto sutil, tem sido descrita como uma composição circular, estruturada em torno de vórtices que representam, por sua vez, o centro de cada plano em que se encontra inserido a consciência humana. O conjunto de tais “corpos” resulta assim numa formação ovoide, disposta em camadas à semelhança de uma cebola. Na medida de sua sutileza, cada corpo (e todos se interpõem) excede ao interior em dimensão e expansão. Assim, ao corpo etérico o mental o ultrapassa, no alinhamento médio, e no superior a chama irrompe dos limites internos e a estrutura ser liberada.

Deste modo, aprendemos que a evolução na Terra é fruto desta verdadeira rede de influências que principia em fontes ignotas e participa, pela ação de Intermediários Cósmicos, através de um Plano de evolução dotado de dimensões dificilmente concebíveis na sua integridade; mesma para entidades de evolução. A Formulação do Horóscopo Esotérico de que também trata amplamente esta obra na sua Parte II, em especial, visa estender ao iniciado o manejo destas energias na sua vida.

No que tange à evolução da Terra, um dos dados mais importantes a ser apreendido, é a realidade do próprio Logos Planetário; denominado também como Sanat Kumara. Os Logos Planetários (Senhores de Raios Cósmicos), são denominados na evolução terrestre como “Os Sete Kumaras”.

Trata-se de uma entidade cósmica de indescritível esplendor, que aportou a este planeta para vivificar a sua evolução, juntamente com entidades congêneres. Os três Kumaras auxiliares (os “sub-regentes” de nosso Planeta), são também chamados “Budas de Atividade”. Os quatro Kumaras exotéricos, formam o Quaternário Logóico que integra, juntamente ao Ternário Logóico (referentes aos Planetas sintetizadores), o Setenário Solar de nosso sistema. Os três Kumaras exotéricos, vieram da ronda venusiana juntamente com Sanat Kumara, com o propósito de animar os reinos inferiores em evolução na presente ronda terrestre. Os Kumaras possuem também a missão de “vincular as cadeias aos esquemas”.

Devido às limitações que Sanat Kumara padeceu ao encarnar na atmosfera do planeta, passou a ser chamado de “o Grande Sacrifício”; em homenagem à sua decisão de permanecer até que a Terra possa “caminhar com os seus próprios pés”. A aparência de Sanat Kumara, segundo se diz é a de um jovem de 16 anos, daí ser também conhecido como “O Jovem Eterno”. Na verdade, existe uma mistificação aqui, ao sabor oriental. A idade aparente do rei do Mundo é em torno de 40 anos, como pode ser conhecido por todo aquele que atinge a terceira iniciação. O advento dos Kumaras é assim descrito, a partir das narrativas do Vishnu Purana:

“Após o rei Prthu पृथु haver glorificado o Senhor Supremo e os brâmanes e instruído seus cidadãos, estes começaram a louvá-lo. Repentinamente os quatro Kumaras, brilhantes como o sol, desceram do céu. Embora tenham a aparência de meninos, estes quatro mestres do poder místico tinham, na verdade, milhões de anos de idade”.

Tais hierarquias são, pois, entidades vinculadoras que se relacionam com evoluções de graus diferentes. A rigor, os Kumaras são os representantes dos Logos Planetários, durante a atividade interna das cadeias; isto é: as rondas planetárias. Sobre eles, foi dito que: “… estes grandes seres formam:

“a. Pontos focais para a força ou influências que emana de outros centros ou esquemas solares.

“b. As sete divisões da Hierarquia oculta.

“Existem como o Homem Celestial (ou o Logos de um Esquema planetário), em matéria etérica, e literalmente são grandes Rodas ou Centros de Fogo vivente, fogo monásico e elétrico, vitalizam o corpo de um Homem celestial, mantendo-o unido como um todo objetivado. Formam um triângulo planetário dentro de uma cadeia, a cada um deles vitaliza um globo”.

Os Kumaras são entidades relacionadas às energias manásicas; daí seu amplo papel vinculador e referencial. Deste modo, muitos são os graus de evoluções que compõem a unidade manifestada – desde um átomo até algum inconcebível sistema cósmico –, dentro do qual cada entidade humana ocupa um papel de relativa importância; devido a possuir a semente da consciência. E com isto, responde-se mais uma vez à questão da importância que existe no estudo de questões tão transcendentes e, aparentemente, inacessíveis na prática, para a realidade humana imediata; para utilizar as palavras do “Mensageiro da Hierarquia”:

“A parte do fato de que a transmissão cíclica da verdade se faz sob a lei, e não pode ser negada, sugere-se que quando um grande número de homens concebam o propósito de que cada vida, grande ou pequena, serve a seus próprios fins ao mesmo tempo em que contribui aos fins mais amplos do Ser de cujo corpo é parte integrante, muito se haverá alcançado. Os detalhes do plano não podem ser relevados. Se pode sugerir o delineamento geral, solar, planetário e hierárquico e, graças a esta sugestão, por em ordem os pensamentos dos homens ao contemplar o aparente caos atual. Não esqueçamos que quando se estabelece a ordem e se logra também um pensamento unido no plano mental, então se manifesta oportunamente a ordem no plano físico.”

(…)

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Capitulo 4

O Ciclo Planetário

Na ordem multiplicativa entre Princípios e Elementos, encontramos a conjuntura arquetípica denominada “Zodíaco”. Na somatória estrutural dos mesmos, temos a organização setenária dos “Sete Raios”, associados à evolução planetária, da mesma forma como os signos do zodíaco estão com relação às constelações da eclíptica. Este setenário primário, constitui a ordem elementar do Universo, tal como o expressa Blavatsky:

“A Doutrina Secreta divide o eterno Cosmos, o Macrocosmo (análogo na divisão do homem ou Microcosmo), em três princípios e quatro veículos que constituem em suma os sete princípios. Na Cabala caldaica e fenícia, o Cosmos se divide em sete mundos. Segundo o sistema caldaico, os sete da Presença ou Sephirots aparecem no Mundo Inteligível (Intelectual). São os “Construtores‟ de que fala a doutrina oriental, os que no Terceiro Mundo, ou Mundo Celestial, construíram os sete planetas de nosso sistema solar, razão pela qual são chamados “anjos planetários‟, cujos corpos visíveis são os planetas”.

É em obediência a esta integração entre os princípios que constituem o Sistema Solar e aos ciclos planetários, que estes revestem-se de caráter evolucionário. Pois, na realidade, importa não propriamente a manifestação dos corpos – que existem, entre outras coisas, para encerrar um ciclo de analogias e instrumentalização -, mas antes os princípios que os animam:

“Para demonstrar que os antigos nunca consideravam as estrelas como deuses ou anjos nem ao Sol como o Deus supremo, mas que na verdade adoraram o espírito de todas as coisas e reverenciaram aos deuses menores que supunham existir no Sol e nos planetas, é conveniente expor a diferença entre ambas classes de adoração.

“Não se deve confundir Saturno “o pai dos deuses”, com o planeta do mesmo nome que tem satélites e anéis. Ambos devem ser distinguidos no que se refere à adoração, ainda que sob certos aspectos sejam idênticos, como o são de certo modo o homem físico e sua alma. Esta distinção deve ser estabelecida com maior cuidado no caso dos sete planetas e seus espíritos aos quais a Doutrina Secreta atribui a formação de nosso sistema planetário. Análoga diferença deve ser indicada entre a Ursa Maior, o Riksha e o Citraśikhaṇḍina (चित्रशिखण्डिन) ou “faíscas brilhantes‟ e os rishis ऋषि ou sábios que aparecem na Terra durante o Satya Yuga”.

Mais uma vez, temos a ênfase no símbolo e no sutil, que a Lei de analogia permite todavia resvalar para a forma densa porque, com efeito, princípios como o do Estruturalismo consciencial são sutis demais para o homem médio e os interesses burdos do materialista, tanto que por mais que a Ciência moderna questione a velha ótica newtoniana, o stablishment hesita em ceder espaço para a relatividade einsteniana.

Naturalmente, a Astrologia foi originalmente construída sobre o Sistema da Cabala, a qual prevê a Unidade e a analogia entre os distintos graus da manifestação. Assim, um Nome elaborado a partir de determinados princípios, associa-se a um Arquétipo complexo, o qual encontra a sua correspondente relação no mundo dos fenômenos; relação esta dada pelos valores numéricos observados em todos os ciclos. Dentro de um universo de relatividade ou de relações, naturalmente a interinfluência ou influência mútua predomina. Na verdade, isto é lógico e matemático, e cada esfera subsequente encontra-se de alguma forma determinada sejas pelas restantes esferas de uma forma individual, como pelo seu conjunto, tal como acontece com os Números e os Arcanos. Esta interinfluência é a gênese daquilo que, em esoterismo, se denomina como esquemas, cadeias e rondas planetárias, ciclos também aplicáveis ao microcosmo em sua própria evolução no tempo e “além”.

Como tivemos a oportunidade de referirmo-nos, “tal análise coordenada encontra-se na base da ótica evolucionária da astrologia esotérica, com seus esquemas cíclicos e valores estagiários. Trata-se, pois, de esquemas de evolução universal e relações interplanetárias, estruturadas sobre planos diversos ou estratificações do Universo”. É como evidencia o texto de Madame Blavatsky:

“(Nossa Terra é parte de uma cadeia de planetas), mas as outras seis “Terras‟ ou globos não se encontram no mesmo plano de objetividade em que nossa terra se encontra; por isso não as vemos.

“…a razão pela qual não as vemos é o fato desses seis globos estarem fora de nossos meios físicos de percepção, ou planos de ser”.

A Astrologia esotérica trabalha com novos índices de alinhamentos (de ordem setenária); em função do quê, Bailey diz que a influencia dos doze signos decai na medida em que se acrescenta a evolução da alma, associada que está antes à ordem planetária.

(…)

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Capitulo 6

O Horóscopo Esotérico

Temos demonstrado, na esteira dos ocultistas, que a astrologia esotérica atua com os processos de síntese efetiva oculta na dinâmica das estruturas ou esquemas de evolução sob as quais encontram-se regidos, segundo a Lei do Carma, as diferentes entidades conscientes do universo.

O âmbito da astrologia esotérica presta-se assim à realização de uma grande síntese entre os “quadrantes” da evolução macro microcósmica. Isto foi em boa parte já realizado por Bailey, em forma doutrinal, em sua obra em determinado momento assim apresentados pela autora:

“Quisera recordar-lhes o que tenho escrito sobre astrologia neste Tratado Sobre os Sete Raios, destinado a instruir os discípulos ao fim deste século e durante o período de pós-guerra. Novamente assinalarei o que tenho enunciado já, que essa ciência deve ser sempre encarada desde o ângulo das três energias fundamentais: as que procedem da Ursa Maior, das Plêiades e de Sírio; porque (condicionadas em tempo e espaço) estes três tipos de energia afluem por intermédio dos três centros principais: Shamballa, a Hierarquia e a Humanidade”.

Ao nível de Horóscopo, estes três centros encontram-se maiormente caracterizados através das três cruzes que estruturam ao duodenário zodiacal mediante a evolução rítmica. Assim define e simboliza Bailey as três Cruzes de evolução zodiacais:

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“Estas três Cruzes, em sua total manifestação, se relacionam com as três energias básicas que trouxeram à existência o sistema solar”. Na ronda de encarnações de um individuo, predominarão em função disso os signos que compõem as cruzes em que situa-se seu grau próprio de desenvolvimento. Por exemplo: um ser que adquiriu a consciência da Alma, tenderá a encarnar da ‘Cruz Fixa’. Diz Bailey que “à medida em que transcorrem as idades, o homem entra e sai deles, sendo que o signo de cada um é determinado pela natureza do raio da personalidade, sendo que o signo de cada um é determinado pela natureza do raio da personalidade que, como bem sabem, cambia vida após vida”. Acrescenta ainda a amanuense que o homem nasce naquele signo no qual desencarnou, afim de dar continuidade ao processo cíclico de evolução e experiência.

Shamballa é o centro reitor planetário supremo, e a “Hierarquia” é a organização planetária das energias em evolução cíclica e de molde arquetípicos. A Humanidade” consta basicamente dos entes que possuem alguma espécie de consciência integrada ao bem comum.

A nível propriamente planetário, torna-se então de fato importante a inclusão dos ‘Centros Emanativos’ superiores: ou sejam: a Ursa Maior, as Plêiades e Sírio. É sobre estes dados, dentre outros, que pode ser levantado então o “horóscopo do planeta”.

Quanto ao “horóscopo da alma”, diz-se que, de um modo geral:

“(…) o novo astrólogo porá ênfase sobre: 1. A Ciência dos Triângulos, como resultado da acrescentada compreensão iniciática. 2. O signo ascendente, pois indica o caminho da lama. 3. O lugar das três Cruzes (a Cruz Cardinal, a Cruz Fixa e a Cruz Mutável) na vida da alma. Isto substituirá oportunamente as casas no horóscopo e os doze braços das três cruzes tomarão o lugar das doze casas, quando se confeccione o horóscopo da alma.”

“Repetirei novamente o fato de que a nova astrologia se ocupará de confeccionar o mapa da vida da alma. Quando as doze constelações desempenhem sua parte na vida do discípulo por intermédio de seus agentes distribuidores, os planetas esotéricos regentes transformarão gradualmente a forma exotérica do mapa do individuo, o que se deverá ao enfoque, consciente e intencionalmente, das diferentes energias no homem, e não terá que ver com sua reação negativa às energias condicionantes”.

Isto indica, pois, o significado propriamente evolucionário associado à Ciência dos Raios e da astrologia esotérica. As energias condicionantes da astrologia comum ou ortodoxa representam forças que atuam de forma automática sobre o inconsciente (ou antes, subconsciente) do individuo, e pouco significam em termos de síntese efetiva, educação ascendente ou iniciação. Recorde-se que, como diz Blavatsky, os Sete Rishis simbolizam o cânone evolucionário presente em Satya Yuga. O setenário é o símbolo da evolução consciente, ou seja: da vida da alma; ao passo que as energias zodiacais atuam, sob o enfoque horizontal, primeiramente sobre os “fatos” ou “acontecimentos”, ou seja: de modo mecânico e físico.

A. Aspectos e Geometria Sagrada

Já abordamos o conteúdo cientifico relativo aos efeitos dos aspectos astrológicos no decurso desta obra, e depois veremos mais sobre a sua natureza. Cabe agora demonstrar a sua natureza e importância no contexto da Astrologia Esotérica e nas Ciências Sagradas Tradicionais de modo geral. Para isto, deve-se demonstrar as relações entre o tema e a geometria sagrada, fundamento básico de todo o esoterismo científico. Veremos a relação existente entre as três Cruzes e as três formas padrão do universo, chaves dos ciclos cósmicos. Pode-se obter um vislumbre do que a geometria significará para a nova astrologia, a partir deste texto de Bailey:

“Vinculadas com a ciência esotérica da astrologia, há ciências subsidiárias como a Ciência dos Triângulos; também existe a Ciência das Relações, que concerne às relações entre os inumeráveis quaternários que podem ser descobertos na inter-relação planetária, a relação entre quatro constelações, ademais de inumeráveis quaternários humanos e divinos. Ademais, temos a Ciência das Estrelas de Energia, e o símbolo mais conhecido desta ciência é o Selo de Salomão. Estas estrelas, triângulos e quaternários, se acham em todos os horóscopos – humano, planetário, do sistema e cósmico – e constituem o desenho da vida de ser particular que está sendo investigado; determina o momento da manifestação e a natureza das emanações e influências.

“Os quadrados ou quaternários se referem à aparência material ou expressão da forma; as estrelas concernem aos estados de consciência, e os triângulos estão vinculados com o espírito e a síntese”.

Informa a amanuense que estes mapas geométricos, indicação de que “Deus geometriza” (para usar a expressão de Platão), apresentam o horóscopo esotérico sob uma conformação quadridimensional e não de superfície plana como os nossos. É assim uma vez que tal modalidade astrológica não limita-se ao plano equatorial, mas explora as fontes de energias dispostas em toda a extensão da orbe celeste. Além disso, as formas geométricas referidas se relacionam efetivamente aos sólidos geométricos, enquanto estruturas espaciais.

É certo que tal abordagem geométrica dos ciclos, implica um conhecimento preciso das estruturas espaciais, tema que conforma grande parte dos Mistérios Clássicos e Antigos; e dos quais a Ciência das Mandalas é parte fundamental. A modalidade astrológica que se trata é, então, de ordem propriamente ocultista. Alan Leo buscou definir três níveis para a ciência astrológica: o nível EXÓTERICO (ou como diríamos, Judiciário), o nível ESOTÉRICO (ou senão, Psicológico ou Místico), e o nível OCULTO (diríamos, Iniciático ou Alquímico).

Neste último, se insere a ótica simbolista, platônica e tradicional. A natureza desta astrologia pode ser definida como Secreta ou Oculta, na medida em que tal grau de experiência e cientificidade são propriedades dos Iniciados, ainda que as grandes estruturas cósmicas apresentem já princípios analógicos passíveis de percepção em algum grau, os quais no entanto somente na vida do iniciado é que conhecem a sua plena efetivação macro microcósmica.

Primeiramente, teremos a associação entre os aspectos astrológicos e as formas que estruturam o espaço, em sua natureza cíclica e temporal. Ocorre que os aspectos astrológicos são, na sua essência, angulações espaciais que representam ordens estruturais existentes de modo natural na conformação dos ciclos de energias presentes num campo cósmico de evolução. Pode-se dividir, de modo geral, estes ângulos em três grandes grupos, caracterizados pelas formas geométricas fundamentais do cosmos, e que se relacionam por sua vez às três grandes divisões estruturais da consciência. Esta triplicidade associa-se, pois, a espírito, alma e corpo (ou personalidade), e na astrologia comum recebem as características de aspectos positivos, neutros e negativos. Os aspectos principais regentes de cada um destes grupos, com sua respectiva natureza consciencial e forma geométrica são pois os seguintes:

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Trata-se, pois, de integrar a aspectologia ao seu plano original geométrico. Este procedimento, que insinua os caminhos das mandalas, fica estabelecido por Bailey ao declarar que a análise das influências recebidas pelos planetas através de uma cruz espacial, não limita-se à própria posição planetária, mas estende-se através dos quatro pontos em que a forma atinge o campo espacial, sem que a presença de um corpo físico em algum ângulo, sequer represente o próprio emanador da forma.

Os restantes aspectos tradicionais, constituem subdivisões destes ângulos principais, outrossim, representam formações de importância menor face aos três principais acima dados, e em relação aos quais, os restantes podem ser considerados como dinamizadores e de reforço. Os três grandes aspectos representam expressões das formas básicas que constituem os 5 sólidos geométricos regulares existentes (e dos quais três são formados por triângulos); fato este que representa daí o fundamento físico e cosmológico da aspectografia tradicional. Tal natureza cíclica da Astrologia Esotérica, é corroborada por Bailey através da afirmação de que “estes mapas são quadridimensionais e não de superfícies planas como os nossos”. Isto significaria, pois, que as formas geométricas definidas no tema astrológico, são apenas uma face do sólido tridimensional correspondente. Nisto, vale uma correspondência direta entre os cinco sólidos e os cinco planetas tradicionais.

Abaixo, temos uma imagem antiga da correlação entre geometria e aspectologia, onde se apresentam os aspectos convencionais. No Apêndice da presente obra, teremos um estudo mais completo dos “Aspetos”, incluindo com algumas fórmulas inusuais.

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Resta comentar que a forma media ou estelar é definida por Bailey ora como “Selo de Salomão”, e ora como “estrela de cinco pontas”; mas pode-se notar que ambas não costumam ser dispostas conjuntamente. Cabe dizer então, que existe uma relação entre ambas, e nossa opção foi pela estrela de cinco pontas pelas razões acima aludidas; ainda que o hexágono (como de resto outras formas cósmicas) apresenta uma grande importância cosmológica e se acha integrado ao triângulo (Blavatsky define o setenário como a “escala da natureza”), mas que pode ser no entanto disposto em outro contexto de ideias. Na Parte II (“Astrologia e Alquimia”) desta obra, onde teremos estudos mais avançados sobre o horóscopo esotérico, o enfoque geométrico é abordado a partir do simbolismo planetário, ambas as “estrelas” são contempladas, incluindo-se neste caso o quarto corpo de consciência denominado como “veiculo causal” (ou “diamantino” no budismo).

A partir disto, pode-se então compreender o espectro geométrico a partir dos próprios aspectos astrológicos, conforme a natureza cíclica do campo espacial que desencadeia toda a forma de energia cósmica. Bailey alude em sua obra “Astrologia Esotérica”, que a formação das cruzes (ou quadrados, cabe dizer) e as outras formas, permitirá a irradiação da energia conferida em cada um de seus pontos extremos ou ângulos através de todo o circuito assim construído no espaço. Deste modo, para exemplificar, um trígono construído a partir de dois pontos-em-relação dentro de um mapa, termina por gerar um foco análogo de influência, através de um princípio que se poderia denominar como “simetria residual”, ou apenas a Lei dos Ciclos em si; extensível então ao terceiro ponto do triângulo sugerido pelo aspecto original. De resto, este terceiro ponto estará sendo continuamente ativado pelo trânsito e progressão dos planetas e ângulos que através dele evoluem, cabendo portanto a sua assinalação no tema astral.

Vejamos então um modelo de carta astrológica, submetida a esta espécie de definição aspecto-geométrica, e a ela reduzida na verdade. Na Parte II da presente obra, dedicada basicamente ao tema do horóscopo esotérico, damos outro exemplo mais completo de tema, assim como estudos das possibilidades deste tipo de astrologia.

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Tema Astral Esotérico de Rabin Drahath Tagore

Temos assinalado, desta forma, no tema de R. Tagore, os três principais aspectos geométricos formativos do padrão tríplice de consciência, sendo que escolhemos um vulto de envergadura espiritual para tanto, a fim de suprir a necessidade de realização contemplada pelo tema esotérico, que inclui além da esfera da alma ou psique, também o próprio espírito ou a luz espiritual, através da forma aspecto gráfica triangular. Quanto às casas astrológicas, excluídas do presente tema para fins de simplificação, estão destinadas segundo Bailey a ser “cambiadas oportunamente” pelas três cruzes zodiacais, que associam-se como vimos também aos estados de consciência principais.

Pode-se dizer que, nesta carta, a esfera material tem como dinamizadores os planetas Sol/Vênus (em conjunção) e Júpiter, permitindo ao poeta uma sábia expressão de beleza (Vênus), reunida à espiritualidade (Sol) e fluente em filosofia (Júpiter) no plano de vida manifestada. Na esfera da alma, sua expressão encontra-se desencadeada pelos planetas Netuno, Urano e Júpiter, servindo este último como elo entre esta esfera psíquica e ética e o mundo das realizações materiais -como se sabe, Tagore fora ademais um grande pedagogo. E no plano espiritual, enfim, sua existência fora regida pelos planetas Mercúrio e Saturno, atestando uma grande capacidade intelectual e sobriedade em sua expressão superior.

Esta rápida análise, revela como na Astrologia Esotérica as ideias maniqueístas de bem e mal, comumente atribuídas aos aspectos, encontram-se substituídas por expressões de consciência, embora isto não elimine uma relação entre ambos os enfoques (por exemplo: quadratura = obstáculos = materialidade; trígono = facilidades = espiritualidade; etc.).

Quanto aos aspectos ditos “menores”, eles são definidos através de ciclos paralelos associados a estes que constam como aspectos primários ou “maiores”. É o caso do sextil, baseado no ciclo dos raios da circunferência, conforme demonstramos em Capítulo anterior através da configuração do esquema planetário evolutivo e também pela Ciência. Cabe reiterar então acerca do papel dos aspectos secundários na análise do tema esotérico. Pode-se dizer então que, dada à grande interação existente neste quadro astral, tais aspectos menores devem ser tanto mais considerados, quanto maior for o reforço encontrado neles a partir de outros aspectos mais importantes, embora a recíproca seja também verdadeira. Caberá uma analise detalhada, pois, de todo o conjunto do tema, a fim de se obter com clareza a dinâmica e as potencialidades existentes em todos os seus pontos.

Todo um horóscopo especial de muitos setenários, poderia ser levantado neste aspecto, o que representaria uma verdadeira imagem do Sistema Solar esotérico aplicado ao nível de horóscopo, pois o levantamento do tema de cada um dos corpos de um homem, ou mesmo dos planos de manifestação de dada situação ou ente, torna possível o acompanhamento da condição de cada plano através dos sucessivos momentos cósmicos, assim como a interação ou fluxo de energia desencadeado oportunamente em direção a outro plano e corpo. A complexidade do conjunto assim obtido, permite a observação de muitos pontos matemáticos contemplados, pontos que serão oportunamente enriquecidos pelos trânsitos, progressões e outras formas de prognóstico e sinastrias.

Assim, ao lado deste mapa esotérico integrado, pode-se levantar também o esquema evolutivo completo de cada um dos planetas, atribuindo-se então a cada qual uma completa estrutura geométrica tríplice. Neste quadro poder-se-ia inserir o hexágono, devido à sua grande importância cíclica, conforme empreendemos na Parte II da presente obra, onde é feita uma reformulação de certas atribuições planetárias.

Abaixo, temos um modelo de diagrama ou carta planetária de três níveis (para uma análise mais precisa da dinâmica das formas na evolução espacial, remetemos o leitor à nossa obra “Mandalas & Yantras”):

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Esquema Planetário de Três Níveis

Observamos então uma integração onde estas três formas-padrões principais, apresentam um total de 12 ângulos ou pontos periféricos de acompanhamento, reduzidos porém na prática e apenas 10, face ao tríplice foco de irradiação dos três circuitos de consciência; ponto este que vem a representar assim um foco central e sintético absoluto, a divindade por assim dizer, o foco causal de integração. Não é difícil estabelecer, a partir disto, uma relação com a Arvore Sefirótica da Cabala, que apresenta uma estrutura numerológica paralela -neste caso, o foco tríplice da carta corresponderia ao tríplice AIN ou Logos da Árvore. Pela mesma razão, fica evidenciado tratar-se de um horóscopo destinado à evolução iniciática que conduz ao Adeptado, uma vez que o algarismo 12 associa-se ao dodecaedro, o qual está fundamentado no pentágono, relacionado ao Éter para Platão.

Mas deve-se ver que tais formas geométricas pertencem à estrutura do próprio Zodíaco, igualmente, na medida em que o triangulo configura os Ritmos ternários que estruturam os signos, ao lado dos Elementos que correspondem neste caso ao quadrado, ao passo que o pentágono associa-se ao representante do ciclo planetário integrado (que é Mercúrio), regido alternadamente pelos luminares dos ciclos opostos do pentagrama – ver a respeito adiante, na Parte II da presente obra, e na obra de Alan LeoAstrologia Esotérica”-, além de associarem-se às restantes formas-padrão, da seguinte forma:

  1. Triângulo ………… O Sol
  2. Quadrado ………… A Lua
  3. Pentagrama ……… Mercúrio

Esta modalidade de atribuição angular, exige com certeza uma nova regulamentação dos princípios aspectográficos e astrológicos em geral, tal como Bailey enfatiza fornecendo inclusive, aqui e acolá, algumas diretrizes da futura Ciência Astral. Uma delas, é a natureza ternária da carta astrológica. Vejamos, pois, o texto a seguir:

“Os astrólogos deveriam recordar que as influências das constelações, signos e planetas, atuam sobre três níveis de percepção – três níveis descendentes – que se sentem primeiro no plano mental, depois no astral, e finalmente no físico. Os astrólogos se ocupam principalmente deste ultimo plano, pondo a ênfase sobre os acontecimentos e fatos, e não sobre as suas causas condicionantes. Na atualidade, a astrologia se ocupa dos efeitos e nano daquilo que os causa. Há muita confusão sobre esta questão, e os horóscopos dos três níveis são amiúde tergiversados. A um horóscopo que se poderia interpretar exclusivamente no plano mental se lhe dá uma interpretação física, e assim aos acontecimentos que são totalmente mentais se os descreve como ocorrências físicas. Uma sugestão para esta tríplice interpretação, que eventualmente deverão reconhecer os astrólogos, pode achar-se na relação que existe entre os planetas ortodoxos, esotéricos e hierárquicos nos raios, dos quais são uma expressão”.

Tais regências tríplices dos signos remetem, como se sabe, aos três alinhamentos de consciência – espírito, alma e personalidade -, os quais apresentam também uma exata relação para com os Três Mundos mencionados – mental, astral (ou emocional) e físico. É claro que o próprio nível evolutivo do indivíduo, obriga a uma interpretação correspondente do seu tema, mas pode-se dizer a partir do aqui visto, que os aspectos encontram-se agora perfeitamente nivelados em função de planos de consciência e estruturas subjetivas; ainda que os quadrados ou cruzes remetam de fato ao nível físico, como a autora demonstra. De modo geral, pode-se dizer que esta espécie de astrologia apresenta um caráter mental-espiritual, enquanto a Astrologia comum é física basicamente, ao passo que aquela desenvolvida na esteira dos trabalhos de Rudhyar tem representado uma ponte psicoemocional, levando assim a uma compreensão completa da investigação astrológica.

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Conclusão

Encerramos com isto estas considerações a respeito da elaboração do Horóscopo Esotérico, tendo em vista o aprofundamento da abordagem estrutural e espiritualmente científica que caracteriza a doutrina secreta da Astrologia Esotérica, cujos véus principiaram a serem descerrados há cerca de um século, com o intuito de fornecer à humanidade hodierna, com sua avançada capacidade de compreensão, novos horizontes de conhecimentos necessários à formação da futura mandala consciencial planetária.

A obtenção do horóscopo da alma pelo futuro clarividente representará a síntese avançada das atuais proposições terapêuticas e doutrinais, que ensaiam já a compreensão da síntese psicossomática. Partindo da base arquetípica do zodíaco circular, o homem compreenderá a natureza setenária nele subjacente e que estrutura por sua vez a âmbito de alma e as verdadeiras potencialidades desta, incluindo por seu turno a organização setenária própria à nova ordem estabelecida pelo arquétipo já vigente no período atual, a Era de Aquário.

Deve-se ver então, que o zodíaco é em si o campo da múltipla evolução, dentro do qual encontram-se potencializadas todas as três ordens de alinhamentos-base. Um indício deste fato, encontra-se na identificação do número de ângulos existentes nas três formas-padrão fundamentais – o triângulo, o quadrado e o pentágono – somadas, e o numero de signos existentes no zodíaco corrente. Naturalmente, o ciclo reitor de um período dado determina a ordem específica de alinhamento a ser enaltecido durante aquele ciclo em questão; e é isto que impõe toda a nova ordem mundial de maneira irresistível.

As crises que se observam ao nível de coletividade durante a transição entre uma e outra das grandes Eras, são características e análogas às encontradas na vida do homem individual. Todavia, é de ciência do estudioso da Lei dos Ciclos, que é muito grande a complexidade potencial de qualquer período dado em suas inúmeras vertentes cármicas. Ainda assim, é da eleição divina procurar-se a ordem ascendente dentro de todo e qualquer conjunto de ciclos, e a polarização direta com o ciclo de mais vastas possibilidades. Não seria outra a direção, pois é a lei de Manu a orientação coletiva em favor da melhor organização possível num dado ciclo.

A astrologia esotérica é uma versão ágil da ciência dos ciclos de criação ou do manvantara, aplicada no âmbito do arquetípico divino de ordem setenária. Tal ordem, preconizada pelo Dharma ou lei que sedimentou as suas bases, encontra na humanidade presente as suas verdadeiras possibilidades de florescimento, que evolui sob o signo da Encarnação futura. Assim se dá o elo entre os mundos, construído a partir da ação dos Manus: a eterna relação entre o Manu-raiz e o Manu-semente, entre o passado e o futuro, entre a teoria e a prática.

Sob os símbolos do Apocalipse de João (que deve ser estudado em par com os outros profetas e tradições), encontramos as bases da Nova Igreja, notável síntese entre as doutrinas do Ocidente e do Oriente: na realidade, sempre houve em todos os tempos uma só essência; como pretendemos demonstrar com a presente obra. E como não ver na mão justiceira de El Shaddai o arco ígneo do Kalki Avatar, ou no deslumbramento do Buda Maitreya a face radiosa do Iman Mahdi – o “divino aventureiro” preconizado pelo mundo muçulmano?

Todas as profecias apontam assim para o Advento, para a Encarnação e para o alinhamento da alma através do Mediador divino. A Nova Ordem, regida pelo Chakravarti ou Monarca Universal, sustenta-se sobre a Hierarquia dos Sete Raios, a Fraternidade do Arco-Íris e “os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Ap.: 5,6); a irisada expressão divina na humanidade.

A Nova Astrologia ensinará a Humanidade a conectar-se com tais fontes, e através do duplo caráter analógico-esotérico e oculto, a astrologia servirá de doutrina capital para a preconizada realização da alquimia do mundo.

Bibliografia & Obras Citadas
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