Técnicas Lunares na Agricultura

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Preceitos

Tecnologia do Saber: A Complexidade do Conhecimento Lunar no Viver Rural

Oséias dos Santos
Sebastião Geraldo Lopes
Messias Ferreira
Gleiciane Vale

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Resumo

A Lua desde a antiguidade provoca o imaginário da humanidade, para alguns povos é uma fonte de poderes sobrenaturais, que controla a vida humana. No presente existem comunidades rurais que relatam experiências bem sucedidas no aumento de produtividade de lavouras ao se apropriarem do saber lunar. Diante dessa conjuntura, esse trabalho investigou a relação dos agricultores familiares do município de Confresa-MT, com os saberes associados a influência do astro Lua em sua práticas agrícolas.

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Introdução

A Lua fascina a humanidade, desde a antiguidade, a ponto de muitos povos atribuí-la poderes sobrenaturais, que podem influenciar as suas próprias vidas e diversos fenômenos naturais. Não diferente do passado, hoje a relação homem e Lua, ainda está presente no cotidiano do viver rural, com a disseminação do saber popular (sentido: conhecimento empírico).

O conhecimento empírico é denominado popular ou vulgar, pois é o modo comum, corrente e espontâneo que o homem obtém conhecimento, através da percepção e do manejo direto de elementos naturais, que geram informações, que são assimiladas de forma passiva (tradições, experiências casuais e ingênuas), e estão sujeitas a erros nas suas deduções.

O saber popular em uma realidade apoiada em avanços tecnológicos, ele pode ser a verdade oposta aos princípios do saber cientifico. Pensadores como Edgar Morin, alertam a comunidade cientifica a não desvalorizar o saber em sua complexidade, que seja popular ou experimental, pois neles estão a repostas para as indagações humanas. Entende-se como complexidade do saber, a compreensão das questões humanas a partir de um todo, porque os conhecimentos estão interligados entre si.

Apesar da descriminação ao empírico, alguns cientistas consideram que o conhecimento popular possa ser uma das alternativas ao uso de fertilizantes, agrotóxicos e transgênicos, por isso muito experimentos estão sendo conduzido para verificar a influências dos raios lunares no crescimento de plantas.

Segundo Rodrigues a explicação para a influência lunar sobre a agricultura vem do aproveitamento da luminosidade lunar, embora seja menos intensa do que a luminosidade solar tem ação mais efetiva no solo e pode acelerar o processo de germinação, também as plantas que recebem mais luminosidade lunar na sua primeira fase de vida, tendem a brotar mais rapidamente desenvolvendo mais folhas e mais flores, e consequentemente a reposta da planta é o aumento da fotossíntese, que resulta o aumento da produtividade.

Muitas comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhos, assentados e agricultores familiares ao longo da bacia do rio Araguaia, no município de Confresa, no nordeste do estado de Mato Grosso, se beneficiam do saber lunar para direcionar as suas ações no plantio de lavouras, na pesca, na retirada de madeira e no extrativismo vegetal.

Gliessman comenta que na atualidade existem os que acreditam e os que não acreditam em tais influências; por exemplo: madeira cortada na Lua cheia é mais vulnerável ao ataque de carunchos é nessa fase que ocorre queda da produção pesqueira. Muitos agricultores organizam suas atividades rigorosamente de acordo com as fases lunares: castrar, cortar palha, madeira e lenha, o semeio do alho, o transporte da cebola, dentre outros.

No município de Confresa, na região do baixo Araguaia do estado de Mato Grosso, 43,36% da população é residente da zona rural; e a maioria vive nos projetos de assentamentos da reforma agrária. Muitos desses residentes conservam tradições e crenças do saber popular a gerações.

A complexidade em compreender as tecnologias no viver rural, através do conhecimento empírico sobre a Lua foi um dos temas abordados no processo de ensino e aprendizagem proposto na disciplina Introdução Agronomia. Segundo Campos no processo de ensino e aprendizagem, a construção do conhecimento envolve participação efetiva do estudante, investigando, pesquisando e confrontando suas noções ou ideias com os conceitos científicos.

A interação dos estudantes com o saber popular, os motivaram a realizar esse trabalho, que foi apresentado como trabalho, sendo parte do processo de avaliação da disciplina Introdução a Agronomia.

O objetivo desse trabalho foi verificar o uso do saber empírico com base nas mudanças das fases da Lua, por moradores da zona rural do município de Confresa. Diagnosticar o saber na complexidade do viver rural justifica a relevância desse trabalho.

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Metodologia

Esse trabalho tem a sua gênese a partir da execução de atividades didático-pedagógicas da disciplina Introdução a Agronomia, ofertada no primeiro semestre aos ingressos do Curso de Agronomia do Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Confresa. O desafio de fazer um Seminário para a população de Confresa foi o agente motivador para que fossem realizadas pesquisas a campo, com o objetivo de conhecer o viver rural do Município em questão. O seminário foi realizado nos dias 08 e 09 de setembro de 2010. A complexidade do conhecimento lunar no viver rural, foi um dos temas abordado no evento. As ações desenvolvidas nesse trabalho foram realizadas entre os meses de abril a setembro, por uma equipe constituída de 03 (três) estudantes de Agronomia. As coletas das informações foram feitas aleatoriamente por amostragem, com a aplicação de trinta e três questionários as pessoas ligadas ao mundo rural.

Desenvolvimento e Discussão

As pessoas entrevistadas são residentes na zona rural e exerce alguma atividade relacionada à produção de subsistência, a pesca ou ao extrativismo vegetal. As informações coletadas nessa realidade foram analisadas em discussões reflexivas em salas de aulas. A análise dos questionários e das entrevistas demonstrou a ausência de consenso entre os agricultores, nas informações referentes a ações ou praticas agrícolas que devem ser realizadas em determinadas fases lunar. Também em confronto do saber lunar com o saber cientifico a pontos concordantes outros não. Campos acredita que as razões dessas contradições sejam devido ao comportamento das plantas, as quais estão sujeitas a uma série de fatores, como variedades, precipitação pluviométrica, temperatura, intensidade luminosa, tipo de solo e época de plantio.

Apesar da divergência, muitos dos agricultores entrevistados acreditam no aumento de produção agrícola pela influencia das fases lunares, como visto no depoimento do agricultor Durval Garcia Filho de 60 anos: “Moro na roça faz muito tempo e sempre planto as coisas, mas não adianta plantar em qualquer lua que não vai prestar; isso eu já testei”.

Também foi constatado que o conhecimento empírico está a associado a crença no Folclore local, que relaciona o viver com entidades místicas que influenciam os fenômenos naturais.

Em relação a gênero, observou-se que as mulheres são mais propensas a crer no saber lunar mais do que os homens, porém devido a hierarquia familiar, a maioria não são detentoras do saber lunar, como relata Dona Otacília de 72 anos que aprendeu a associar as fases lunares com o manejo da plantação: “A semente do tomate, semeamos na força da lua cheia; na outra passagem do cheio da lua, já pode mudar, e na outra fase seguinte (cheia) já está de flor soltando tomatinhos”.

Aos entrevistados foi perguntado: quais as fases da Lua ideal para o plantio de mandioca, milho, arroz e banana? As repostas foram: “… A mandioca a gente sempre planta do início da fase da lua crescente até três dias após a lua cheia, agora milho, banana e arroz, sempre entre a fase crescente e a cheia”. (Aderaldo Cavalcante de Souza, 63 anos).

“… Assim, mandioca sempre planta na força da minguante, o milho, arroz e banana sempre planto na nova ou na cheia… ’’ (Durval Garcia Filho, 60 anos).

Nota-se que houve contradição nas repostas dos entrevistados, as perguntas relacionadas à melhor época de plantio e a Lua ideal. Essa contradição pode ser indício da desvalorização do saber rural pelo o saber contemporâneo. Também priorizar somente a experimentação agrícola para atender o capital, pode ser um dos motivos que justificam a perda aos poucos do saber lunar, por jovens e crianças.

Diante dessa constatação, há necessidade de preservar tradições do viver rural, que considera a complexidade do pensamento humano, através da valorização do Saber Lunar, pois poucas são as publicações sobre esse tipo de tecnologia.

Conclusões

Percebeu-se que entre os entrevistados há contradições nas informações, mas esse fato não interfere em suas crenças no saber empírico sobre a influência da Lua. Devido ao avanço do saber cientifico em comunidades tradicionais, as crianças e os jovens estão perdendo os laços com saber empírico. Também, percebe-se que o uso do conhecimento empírico não está isolado, mas sempre está interligado a outros saberes, formando a teia da complexidade. Para os estudantes da disciplina a investigação do saber popular, levou-os a compreender a importância de conservar as tradições para as futuras gerações.

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Referências Bibliográficas
BUCANEIROS – Manual de referências bibliográficas.
CAMPOS, S., Leal, F., Henrique, J., Borba, P. Introdução ao Eclipse.
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FORNARI, E. Manual Prático de Agroecologia. São Paulo: Aquariana, 2002. 237p.
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KOPNIN, P.V. A dialética como lógica e teoria do conhecimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Bertrand, Brasil – ed. 10ª, 2004.
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SAKALL, Sergio. ASTROLOGIA – Manual de referências bibliográficas.
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VENTUROLI, Thereza. Sob o Dominio da lua. SUPER INTERESSANTE. Rio de janeiro, v.8, n.8,p.51-57,1994.

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Influência dos ritmos lunares sobre o rendimento de cenoura, em cultivo biodinâmico.

Pedro Jovchelevich
Francisco Luis Araújo Câmara

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Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência dos diversos ritmos da Lua sobre o rendimento de cenoura semeada em diferentes datas, sob as mesmas condições de manejo, em propriedade de agricultura familiar com manejo biodinâmico, em Botucatu-SP. Os tratamentos foram as datas de semeadura, que variaram de 5 de maio até 4 de junho em 2005, e de 25 de abril a 25 de maio, em 2006. A colheita ocorreu aos 82 dias após cada semeadura, sendo avaliadas a massa fresca de raízes e de folhas, e massa seca de raízes. Foi utilizada a metodologia de avaliação estatística do cálculo do Índice Estacional. Nos dois períodos avaliados, a variável massa seca de raízes foi a única que, no contraste entre médias, apresentou diferença significativa nos ritmos sinódico tradicional e sinódico caboclo. No ritmo sinódico tradicional, a fase nova foi superior às fases crescente e cheia, e no ritmo sinódico caboclo, a fase cheia foi inferior às demais.

Introdução

Hoje em dia a maior parte das pessoas vive nas cidades, e poucas ainda conhecem alguma constelação no céu. A história das grandes civilizações do passado (egípcios, babilônios, gregos, incas, astecas, etc.) mostra a importância dos ritmos astronômicos, não apenas na agricultura, mas em todas as atividades cotidianas. Os tupis-guaranis conhecem e utilizam as fases da lua na caça, no plantio e no corte de madeira. Este conhecimento está desaparecendo, mas ainda se constatam resquícios da sabedoria camponesa no uso das fases da Lua na agricultura, silvicultura e manejo animal.

A agricultura biodinâmica, segundo Steiner, valoriza esse conhecimento popular e o amplia, incorporando os outros ritmos da lua e o movimento dos planetas relacionados com as atividades agrícolas em geral. No movimento biodinâmico internacional, o calendário astronômico-agrícola mais conhecido, atualmente, é o de Thun*, o qual é traduzido para várias línguas. Ela tem pesquisado essas interações de maneira sistemática e prática há quase 50 anos.

*Maria Thun é uma agricultora alemã que, seguindo os princípios da agricultura biodinâmica por mais de 50 anos, pesquisou a influência dos astros na agricultura, criação de abelhas, panificação e até previsão do tempo.

Na Biologia moderna, Cronobiologia é a área que estuda as manifestações rítmicas da vida. Nesta linha, há pesquisadores que trabalharam com plantas cultivadas, como Spiess. Por seis anos, ele fez semeaduras sequenciais de hortaliças e cereais, e averiguou as interações. Porém, na literatura mundial há poucos trabalhos sobre horticultura.

A agricultura biodinâmica não se resume ao uso dos ritmos astronômicos nas culturas, mas sim, a transformação da propriedade em organismo agrícola, ou seja, um local onde vários componentes tenham suas interações otimizadas (produção vegetal , criação animal, criação animal, florestas, mananciais, cercas vivas, corredores de fauna, quebra-ventos e outros). Também trabalha intensivamente os processos biológicos por meio de práticas comuns à agricultura orgânica, como adubação verde, compostagem, consórcio e rotação de cultivos, agrossilvicultura e cobertura de solo. Além disso, caracteriza-se pela utilização dos preparados biodinâmicos, elaborados com base em plantas medicinais, esterco e sílica, os quais são utilizados de forma homeopática, estimulando a atividade dos organismos do solo, na compostagem e na qualidade da produção vegetal.

O objetivo desta pesquisa foi estudar as interações entre os ritmos lunares e o rendimento da cenoura, a qual foi escolhida devido ao seu ciclo de 85 a 120 dias, importância econômica e referências de outros trabalhos na literatura mundial.

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Material e Métodos

O experimento foi conduzido na propriedade Chácara Santo Antonio, do horticultor biodinâmico Joaquim Geraldo Baldini, onde se cultiva cenoura em rotação com outras hortaliças. A propriedade localiza-se em Botucatu/SP, com as seguintes coordenadas geográficas: latitude 22o44’00” S e longitude 48o34’00” W, altitude de 800 m. O clima é classificado como Mesotérmico Cwa, subtropical úmido com estiagem no período de inverno, conforme o sistema internacional de Köppen. O solo é um Latossolo Vermelho-Escuro, textura média.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com 31 tratamentos e quatro repetições, em 2005, e 14 tratamentos e quatro repetições, em 2006. Cada parcela tinha as seguintes dimensões 1,5 x 1,0m, contendo quatro fileiras de plantas, espaçadas de 0,25 x 0,05m, totalizando 120 plantas por parcela. Cada bloco foi composto por um canteiro de cenoura dividido em 31 partes, em 2005, e 14 partes em 2006. Os tratamentos foram reduzidos no segundo ano, para que o semeio ocorresse quando a lua ocupasse posição central em determinada constelação (ritmo sideral), isso para evitar-se a transição da lua entre as constelações.

Para o cultivo foram utilizadas sementes comerciais da cultivar Brasília, selecionadas pela Hortec. Todas as parcelas receberam os mesmos tratos culturais, segundo o manejo biodinâmico adotado pelo produtor, isto é, adubação com composto biodinâmico a base de esterco de gado e restos de culturas, rotação de culturas e aplicação dos preparados biodinâmicos de esterco (500) e sílica (501).

Os tratamentos consistiram em diferentes datas de semeio, compreendidos entre 05 de maio a 04 de junho em 2005, e de 25 de abril a 25 de maio em 2006, sempre realizados entre 13 e 15hs. No início da semeadura considerou-se a posição da Lua na mesma constelação, com base no ritmo sideral.

Utilizou-se o canteiro com 1,0m de largura e 0,20m de altura. O sistema de irrigação foi por aspersão (média de 20 mm/dia), e a calagem não foi necessária, pois, o pH estava acima de 5,5 e a porcentagem de saturação de bases acima de 60%. Utilizou-se semeador manual e a adubação foi somente de cobertura com composto biodinâmico na linha de plantio (7.500 kg/ha). Eliminou-se a comunidade infestante dos canteiros para o semeio da cenoura.

Aos 27 DAG (Dias Após Germinação) efetuou-se o desbaste das plantas, para obtenção de uma população de 20 plantas por metro linear. O controle da comunidade infestante foi realizado manualmente, não se realizou adubações de cobertura e nenhum tipo de controle fitossanitário. A colheita foi efetuada 82 DAS (Dias Após Semeio), entre os dias 25 de julho e 24 de agosto de 2005 e 16 de julho e 15 de agosto de 2006, equivalente a três ciclos da luz sideral (3 ciclos de 27,3 dias) e também pelo padrão da cenoura no ponto que o consumidor de produtos orgânicos e biodinâmicos valoriza. Para a colheita desprezaram-se as laterais das parcelas, sendo consideradas as porções centrais dos canteiros e das parcelas. Algumas parcelas foram consideradas perdidas: dia 24/5/05 foi descartado devido a uma chuva de 95 mm. Outras 10 parcelas foram eliminadas devido a ação de cachorros. Em 2006 apenas 3 parcelas foram descartadas.

Os dados astronômicos dos ritmos lunares utilizados para correlação com a produção, foram extraídos de Thun (2005) e Thun (2006). Para isto foram considerados os dados astronômicos referentes às datas de semeadura, em relação aos seguintes ritmos lunares: Ritmo Sinódico da Lua (fases da lua: quarto crescente, cheia, minguante e nova). Também se considerou as fases da lua cabocla, que não contempla o conceito tradicional de fases, mas indica que o impulso se inicia três dias antes da fase tradicional, até três dias depois desta.

Como complemento foi avaliado o calendário astronômico agrícola desenvolvido por Thun (2005), baseado em efemérides astronômicas, e não astrológicas. Um dos princípios básicos deste calendário está relacionado à movimentação da Lua através das doze regiões do Zodíaco (Ritmo Sideral da Lua). O Zodíaco é o conjunto de constelações diante das quais a Lua e todos os planetas se movimentam do ponto de vista do observador na Terra. Em cada um destes dias as plantas receberiam estímulos que atuariam sobre o desenvolvimento de seus diferentes órgãos constituintes: raiz (constelações de Touro, Virgem e Capricórnio), caule e folhas (constelações de Peixes, Câncer e Escorpião), flores (constelações de Gêmeos, Balança e Aquário) e frutos (constelações de Áries, Leão e Sagitário), e que exerceriam efeitos benéficos sobre eles.

Este Calendário baseia-se também nos períodos de Lua Ascendente e Descendente, nos quais a Lua corta seis constelações a cada, aproximadamente, quatorze dias (também denominado de Ritmo Tropical da Lua). A descendente seria boa, para atividades de transplante, podas e plantios em geral, e a ascendente, boa para, enxertos, colheitas de frutos, flores e folhas. Outro princípio do calendário M. Thun é evitar atividades agrícolas nas chamadas épocas desfavoráveis. São períodos de Eclipses, posições de Nodos lunares (ponto de interseção onde o plano da trajetória da Lua em torno da Terra corta a linha imaginária da trajetória da Terra em torno do Sol-ritmo draconiano) e Perigeu (momento em que a Lua esta mais perto da Terra durante sua órbita-ritmo anomalístico).

Foram avaliadas as seguintes características:

– Massa fresca de raízes e folhas: As plantas foram pesadas separadamente, por tratamento e por repetição. Após a pesagem das plantas inteiras, foram destacadas as raízes e pesadas em separado. Pela diferença foi determinado o peso das folhas.

– Percentagem de massa seca: Foram escolhidas três raízes de cada parcela por tratamento, cortadas em fatias de 5 mm de espessura, pesadas em balança de precisão, colocadas em saco de papel por separado, e deixadas a secar em estufa a 60o C/72 h, sendo a seguir pesadas novamente.

Os dados de produção foram submetidos à análise de variância e regressão, considerando-se o componente quadrático; para retirar o efeito de tendência foi calculado o Índice Estacional (y observado/y estimado X 100), e verificados os seguintes contrastes entre tratamentos:

a) Fase da Lua cheia com nova, minguante e crescente; nova com crescente e minguante, crescente com minguante (para fases da lua cabocla foram feitos os mesmos contrastes que nas fases tradicionais); b) Ritmo ascendente com descendente; c) Perigeu com apogeu; d) Nodo ascendente com descendente; e) Dia de raiz com dia de folha, flor e fruto (quando avaliada a raiz da cenoura), f) Dia de folha com raiz, flor e fruto para massa fresca de folhas; 3 dias antes da Lua cheia e 3 dias antes da Lua nova em 2005, e 1 dia antes da Lua cheia e 2 dias antes da Lua nova em 2006.

Também foi feita correlação dos valores do índice estacional de todas variáveis estudadas com a temperatura média dos dias de semeadura. Utilizou-se o programa de análise estatística SAS.

Resultados e Discussão

Massa fresca de raízes

Avaliando-se a massa fresca das raízes notou-se que esta foi diminuindo nas semeaduras mais tardias (Figura 1). Esta ocorrência foi devida ao aumento do frio e diminuição de horas de luz/dia ao longo do período de outono/inverno. As figuras 2 e 3 referem-se aos dados de índice Estacional da massa fresca das raízes, em 2005 e 2006.

figura 1

Figura 1 – Massa fresca de raízes e folhas para as diferentes datas de semeadura em 2005. Botucatu, UNESP, 2007.

No contraste entre médias de massa fresca de raízes de 2005, houve diferença significativa (ao nível de 5% de probabilidade) no ritmo sinódico caboclo na fase cheia com crescente, cheia com minguante e, entre os nodos ascendente e descendente. Entre médias de massa fresca de raízes referentes aos dados de 2006 houve diferença significativa (significativa a 5% de probabilidade) apenas para o ritmo sinódico caboclo na fase nova com minguante. No ano de 2005, a fase cheia cabocla foi inferior a crescente e minguante. Em 2006 estes resultados não se repetiram, e a fase nova cabocla foi menor que a minguante como pode-se observar na Tabela 1.

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Tabela 1 – Índice Estacional (%) de massa fresca de raízes (MFR) e folhas (MFF) e massa seca de raízes (MS) de cenoura, em função dos diferentes ritmos lunares, em 2005 e 2006. Botucatu – UNESP, 2007.

Outros autores trabalhando com a cenoura e utilizando o Índice Estacional (IE) tiveram resultados distintos. Goldstein, em experimento nos EUA, constatou que a semeadura um dia antes da Lua cheia apresentou o efeito mais positivo, resultando em aumento de 15% na produtividade (significativo a p=1%). O semeio durante a lua minguante reduziu 17% da produtividade (significativo a p=2%). Spiess, também obteve maior produtividade com a cenoura semeada 3 dias antes da lua cheia, e na constelação de Virgem, alcançando até 22 % a mais na produtividade. Na Lua em Sagitário obteve-se a menor produtividade para cenoura, notando-se influência dos ritmos sinódico, sideral e tropical no cultivo da cenoura.

O melhor resultado do nodo descendente, em 2005, não se repetiu em 2006 (Tabela 1). Segundo Thun 4 horas antes ou depois dos nodos lunares são períodos impróprios para semeio e outras atividades agrícolas. Nos dois anos da pesquisa, o horário da semeadura ocorreu no período de 4 h antes e depois do nodo ascendente. O horário do nodo descendente nestes anos não influenciou as datas de semeio.

Massa fresca de folhas

As figuras 2 e 3 referem-se aos dados de IE da massa fresca das folhas, em 2005 e 2006. Estes dados estão relacionados com os ritmos astronômicos em 2005 e 2006. No contraste entre médias de 2005 houve diferença significativa a 5% de probabilidade no ritmo sinódico caboclo na fase cheia com crescente, cheia com minguante e no ritmo anomalístico – apogeu com perigeu.

No contraste entre médias da massa fresca de folhas referente a 2006 não houve diferença significativa a 5% de probabilidade. O resultado de 2005 repete o ocorrido com a massa fresca de raiz no ritmo sinódico caboclo, quanto ao menor valor de IE da fase cabocla cheia em relação à minguante e crescente (Tabela 1).

O menor desempenho para o semeio em dia de perigeu, quando comparado com o apogeu em 2005, resultado semelhante ao obtido por Thun, que afirma que o efeito ocorre 12 horas antes e 12 horas depois do evento astronômico. Resultado estes que discordam de Spiess que obteve melhor desempenho com o semeio no perigeu (Tabela 1).

Percentagem de massa seca das raízes

Os dados colhidos a campo foram relacionados com os ritmos astronômicos em 2005 e 2006 (Figuras 2 e 3). No contraste entre médias da massa seca (%) de 2005 houve diferença significativa a 5% de probabilidade nos seguintes ritmos: sinódico tradicional: fase nova com as fases minguante, crescente e cheia; ritmo sinódico caboclo: fase cheia com as fases crescente, nova e minguante.

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Figura 2 – IE da massa fresca de raízes e folhas e massa seca de raízes para as diferentes datas de semeadura em 2005. Botucatu, UNESP, 2007.

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Figura 3 – IE da massa fresca de raízes e folhas e massa seca de raízes para as diferentes datas de semeadura em 2006. Botucatu, UNESP, 2007.

No contraste entre médias da massa seca de 2006 houve diferença significativa a 5% de probabilidade nos seguintes ritmos: ritmo sinódico tradicional: fase nova com as fases crescente e cheia; ritmo caboclo: fase nova com as fases crescente, cheia e minguante, fase cheia com fases crescente e minguante; ritmo sideral, no trígono raiz versus folha e raiz com fruto e no ritmo draconiano, no nodo ascendente com descendente.

O valor do IE do nodo ascendente em 2006 foi superior ao nodo descendente. (Tabela 1), contrariando a indicação de Thun, e também os resultados de massa de raízes em 2005, ano em que, para massa seca, a diferença entre os nodos não foi significativo.

Avaliando-se o ritmo sideral em 2006, observa-se que o valor do IE do trigono folha foi superior ao da raiz, e este superior ao do fruto e flor. Segundo Thun o trigono de raiz deveria ser superior aos de folha, fruto e flor. Para Spiess, trabalhando com %MS de cenoura, os trigonos de raiz também foram superiores aos demais. Em 2005 não houve resultados significativos.

Para o ritmo sinódico tradicional em 2005 a fase nova teve IE superior às outras fases. Em 2006 o IE da fase nova foi superior a cheia e crescente, e igualou-se a minguante (Tabela 1).

Quanto aos contrastes no ritmo sindico caboclo em 2005, a fase cheia teve o IE mais baixo, enquanto as demais se igualaram. Em 2006, a fase cheia também teve o IE mais baixo, seguido da nova. As fases minguante e crescente foram semelhantes, porém superior às demais (Tabela 1). Resultado semelhante ao encontrado para massa de raízes e folhas, em 2005.

Dos parâmetros avaliados a massa seca foi superior aos demais apresentando o maior número de resultados significativos estatisticamente. E também foi a única que teve resultados semelhantes nos dois anos do experimento.

Temperatura média

A correlação entre a temperatura média dos dias de semeadura dos anos 2005 e 2006 e a massa seca e fresca de raízes não foram significativos. A correlação entre a temperatura média dos dias de semeadura com a massa fresca das folhas mostrou-se significativa apenas no ano de 2005 (Tabela 2).

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Tabela 2 – Correlação entre a temperatura média (TEMP) dos dias de semeadura com massa fresca de raízes (MR), massa fresca de folhas (MF) e massa seca (MS) das raízes em 2005 e 2006. Botucatu – UNESP, 2007.

Correlação entre a temperatura média (TEMP) dos dias de semeadura com massa fresca de raízes (MR), massa fresca de folhas (MF) e massa seca (MS) das raízes em 2005 e 2006. Botucatu – UNESP, 2007.
Obs: r = coeficiente de correlação; p = probabilidade da significância de r; N.S. – Não significativo ao nível de 5% de probabilidade; * significativo ao nível de 5% de probabilidade.

Conclusões

Nos dois períodos avaliados, a massa seca de raízes foi a única que, no contraste entre médias, apresentou diferença significativa nos ritmos sinódico tradicional e sinódico caboclo.

No ritmo sinódico tradicional, a fase nova foi superior às fases crescente e cheia. No sinódico caboclo, a fase cheia foi inferior às demais. O semeio na lua nova possibilita o melhor resultado ao produtor.

No contraste entre médias, o ritmo sinódico (fases da lua) foi o que mais apresentou resultados significativos, e em menor proporção, os ritmos anomalístico, draconiano e sideral. Justamente o ritmo das fases da lua é o mais utilizado pelo agricultor familiar.

O ritmo tropical (ascendente X descendente) não apresentou resultados significativos.

Os dois anos de avaliação da influência dos ritmos lunares no cultivo da cenoura ainda não são conclusivos, mas mostram uma tendência que demanda mais pesquisas. Um dos caminhos para pesquisas futuras é o aumento do período de semeadura para pelo menos três meses consecutivos.

Constatou-se o efeito negativo do nodo na massa fresca de raízes em 2005 e o efeito negativo do perigeu, em relação ao apogeu, para massa fresca de folhas em 2005. Estes resultados ainda não são conclusivos quanto ao uso do calendário astronômico agrícola M. Thun, necessitando de mais dados experimentais.

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Agradecimentos
Ao produtor Didi Baldini pela disponibilidade para troca de conhecimento durante a pesquisa e ao apoio estrutural da Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica.
Literatura Citada
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JOVCHELEVICH, P. Rendimento, Qualidade e conservação pós-colheita de cenoura (Daucus carota L.), sob cultivo biodinâmico, em função dos ritmos lunares. 2007. Dissertação (mestrado em Agronomia / Horticultura). Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu,2007.
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THUN, M. Calendário Astronômico-Agrícola 2006. Botucatu: Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica, 2006.26p.

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Influência Lunar sobre Plantas Hortícolas

Salim Simão

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Universidade de São Paulo – Piracicaba

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1. Introdução

A ação da lua sobre a terra e seres que nela habitam tem sido tema diário. É este tão velho, quanto a humanidade e continua, nos dias atuais, a ser discutido por homens de todas as camadas sociais e de todos os países, sem ao menos chegar-se a uma conclusão. Em torno desse assunto, existem três correntes: l) a dos que creem em tais influências; 2) a dos que não lhe dão valor algum e 3) a daqueles que não aceitam nem negam por falta de provas.

Em consequência de tal crença, existe, entre certos agricultores, tenaz oposição em semear e colher, podar, etc., a não ser em determinadas fazes da lua, trazendo com isso, às vezes, grandes prejuízos às suas plantações.

Diante de assunto tão complexo, julgamos ser de importância científica, ao mesmo tempo de auxílio para as práticas agrícolas, a solução deste problema.

Desde 1947, vimos realizando uma série de investigações sobre as influências da lua em várias plantas no campo, em diversas épocas. Das plantas escolhidas, algumas o foram, por serem consideradas sensíveis ao luar, outras por serem afetadas pela temperatura; e algumas pelo fato de responderem a um fotoperiodismo.

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2. Revisão da Literatura

Desde épocas remotas, vários autores em quase todos os países, vem procurando estudar os fenômenos relacionados com a ação da lua e a sua possível influência sobre as plantas. Hondailie (1893) afirmava que a lua tinha influência decisiva na semeadura e colheita. Santos (1951) citando La Quintinye, famoso horticultor francês, rompendo com a tradição, concluiu não haver nenhuma ação lunar sobre as plantas.

Vercier (1914), confirma haver certa relação entre as diversas fases da lua e os resultados obtidos em diferentes semeaduras, mas há certa contradição de um ano para outro e de uma para outra época.

Teles (1922), referindo-se à influência da lua no corte de madeira, diz ser forçado a aceitá-la como verdadeira, muito embora incorra na lista de ser rotineiro ou supersticioso. Viger (1925), diz ser desprezível a influência que a lua possa exercer sobre a terra, pelo calor que irradia. Esta quantidade é de ducentésima milionésima parte daquele que nos envia o sol. Andrade (1926), diz que esta crença se encontra enraizada entre os agricultores; sendo que até o momento não existe razão científica em que se basear para confirmá-la ou não. Para Angot (1928), não há significação alguma na luz e no calor recebidos da lua, pela terra, por serem de pequena monta, em relação ao que esta recebe diretamente do sol. Granato (1929), diz ser a ação da lua uma questão eterna; uns acreditam, mas não dão explicação de sua crença e outros negam levando a questão ao absurdo. Puig (1942), referindo-se à opinião de Moreux, o qual assevera que os botânicos, astrônomos e meteorologistas negam o fundamento da crença da ação da luz, classificando-a de prejudicial aos trabalhos agrícolas, faz um apelo, no sentido de que se realizem inúmeras experiências com critério científico, a fim de se comprovar ou não essa crença. Santos (1951), diz que os produtores agrícolas, muito embora sejam dominados por um sem número de convicções profundamente arraigadas, transmitidas de geração em geração, tal fato não pode fornecer uma prova concludente da existência da ação lunar.

O estudo do efeito da lua tem levado experimentadores de renome, a desviar a sua atenção para outro campo de ação. Assim, Herschel (1901), estudando a maré, diz ser esta devida à ação acumulada do sol e da lua sobre as águas do oceano, a qual só se verifica quando a lua se encontra em conjunção ou oposição. Para Davis (1902), o controle do tempo pela lua, não suporta um teste acurado, a não ser com muita fé. Wright (1927) do “Geophysical Laboratory”, de Washington, diz que dado o interesse que a raça humana tem dispensado a ação da lua, não se sabe ao menos em que consiste a sua ação. Blaier (1945), não encontrou justificativa na crença de que a lua ou planetas tenham alguma relação com o estado do tempo, na terra. Já para Razo (1948), cada mudança da lua corresponde alteração do tempo. Liempt (1949), diz que a terra recebe do sol ao meio dia cerca de 10⁵ lux, ao passo que a luz que recebe da lua cheia é somente de 0,2 lux e que a luz refletida da terra para a lua é de seis vezes maior do que esta recebe dela.

Segundo alguns autores, a luz polarizada da lua exerce ação no crescimento e reprodução dos vegetais. Assim Macht (1927), chegou a conclusão que planta de Lupinus alba submetida a luz polarizada cresceram mais rapidamente do que as expostas a luz comum, ao passo que Wright (1927) diz ser a luz da lua cheia praticamente não polarizada. Já Semmens (1924) encontrou maior porcentagem de amido sob efeito da luz natural do que nas plantas submetidas a luz polarizada.

Quanto ao efeito do prolongamento de horas-luz, vários trabalhos apareceram. Assim Naylor e Gernes (1939-40) submeteram plantas consideradas sensíveis a luz, a um prolongamento e elas se comportaram como se fossem semeadas em época de verão.

Bell e Bauer (1942), trataram beterrabas com controle de luz e temperatura e obtiveram aumento de crescimento; porém só quando a iluminação era suficientemente longa, do contrário as plantas não sofriam alteração. Heath (1947), estudando o mecanismo de defesa das células estomáticas em repouso, sob a ação luminosa, não encontrou resposta satisfatória. Clemente e Weaver (1950), encontraram que uma diferença de duas ou mais semanas na época da semeadura, pode determinar de forma definida se a planta se dirige para um desenvolvimento vegetativo ou para a reprodução.

Para muitos estudiosos, as temperaturas noturnas exercem grande influência; assim Lewis e Went (1945), encontraram ser mais importante o efeito da temperatura noturna sobre a produção, que a diurna; Went (1945), verificou que cada espécie tem uma exigência particular para temperaturas noturnas e Gamus e Went (1952), afim de confirmarem estas observações, chegaram a conclusão que a temperatura noturna é o fator mais crítico, influenciando o grau de crescimento, florescimento e peso final.

Afim de elucidar melhor o assunto, dentro de bases científicas, inúmeros pesquisadores de renome, como Beeson (1946) que publicou pelo “Imperial Foresty Bureau”, Oxford, diz que não é somente crença que a lua possa influenciar o sucesso ou falha na semeadura, ou colheita, mas também o efeito diferencial é discutido para cada uma dessas fases e a economia rural é muitas vezes inteiramente regulada, pelo calendário lunar. Pereira (1949), fez sistemática observação do que ocorria, expondo em um insetário povoado por Lyctus, material colhido em cada uma das fases lunares, e chegou a conclusão de que não houve influência favorável da escolha de determinada lua para prevenir a incidência dos insetos. Mather (1942), realizou experiências em estufas, semeando milho e tomate dois dias antes de cada fase lunar e não encontrou nenhum efeito consistente no aumento de peso nas diferentes fases. Kolisko (1936), aceita como possível a influência da lua na germinação. Declara que semeaduras feitas antes da lua cheia podem superar em 50 ou 60% as semeadas em outras fases, desde que haja chuvas ou regas durante o período de vegetação. Azzi (1938), afirma que o período que vai da lua nova até a cheia, age no sentido favorável à reprodução, enquanto o período que vai da lua cheia a nova age favorecendo o desenvolvimento vegetativo. Mota (1950), não encontrou influência uniforme das fases da lua, seja no sentido de dilatar ou restringir o período que vai da semeadura à germinação e a floração na cultura de feijão. Crocker e Barton (1953), trabalhando no “Boyce Thompson Institute For Plant Research” com plantas de tomate, milho, rabanete, repolho e feijão, em condições controladas, falharam em revelar um efeito consistente da lua sobre a germinação. Garder e Allar (1920) responsabilizam o comprimento do dia como principal fator no crescimento e reprodução da planta, tendo a temperatura, a intensidade luminosa, a água, a função de aceleração ou retardamento.

Kinney e Sando (1935), encontraram que a temperatura e o fotoperiodismo devem aumentar com o desenvolvimento do trigo, afim de induzir a uma reprodução precoce. Papadaski (1938), afirma a existência de um limite ótimo para o desenvolvimento dos vegetais. Temperaturas altas proporcionam um crescimento mais rápido, ao passo que temperaturas baixas reduzem ou atrasam o desenvolvimento. Maximov (1946) afirma a influência poderosa do comprimento do dia sobre o desenvolvimento dos tubérculos, bulbos e outros órgãos subterrâneos. Em muitos vegetais, como a cebola, os dias longos determinam a formação de bulbos, ao passo que os dias curtos estimulam a formação de folhas. Carneiro (1948), responsabiliza a temperatura e o fotoperiodismo como os principais fatores no controle da data da floração. Knott (1950) referindo-se ao florescimento precoce da cenoura, diz ser o mesmo proveniente de sementes misturadas denominadas “easy bolting”. Simão (1953), referindo-se à ação da lua sobre os vegetais, chama atenção para a temperatura, época de semeadura, variedade, solo, tratos culturais, os quais reputa de valor inestimável no êxito de qualquer cultura, antes de uma suposta ação lunar.

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MOON LIT CORN

3. Material e Métodos

O presente trabalho foi executado na Horta da Secção Técnica de Horticultura da ESA “Luiz de Queiroz”. O solo é argiloso, do tipo argilo-ferruginio. A horta é dividida em canteiros de 20 m de comprimento por 2 de largura e terraços com 40 metros, por 8 metros. Todos os canteiros e terraços antes de serem cultivados receberam estéreo palhoso na base de 10 quilos por metro quadrado e uma adubação mineral de acordo com a exigência de cada cultura, segundo fórmula organizada pelo Prof. Dr. Philippe Westin Cabral de Vasconcellos.

Irrigação: era feita em igualdade de condições para cada cultura e de acordo com a exigência de cada uma delas.

Colheita: era executada quando as plantas em cada fase lunar atingiam o mesmo número de dias.

O método utilizado de experimentação foi o de blocos ao acaso, com 4 repetições completas. Os tratamentos eram determinados pelas 4 diferentes fases da lua.

A obtenção dos dados foi feita por pesagem direta, sendo os valores expressos em decagramas.

Em todas as análises estatísticas efetuadas, fizemos uma decomposição da variância, nos erros ou desvios padrões entre tratamentos (diferentes fases da lua); entre blocos ou repetições e o erro residual. As comparações entre os vários erros com o erro residual, foram feitas pelo teste teta, de Brieger (1937).

A seguir, quando encontrávamos diferenças entre os tratamentos, fazíamos uma análise das médias, a fim de conhecer quais as luas que tinham produzido aquelas diferenças. Em todas as análises efetuadas, o coeficiente de variância do erro experimental oscilou de 5 a 20%, o que se pode aceitar como uniforme.

As análises de variância são encontradas no trabalhe de Simão (1953) e as análises das médias nos quadros 1 e 2.

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4. Discussão dos Resultados

No presente trabalho escolhemos quatro grupos de hortaliças, a fim de investigarmos a influência da lua, sobretudo no seu desenvolvimento e estudarmos ao mesmo tempo o comportamento delas em relação ao fotoperiodismo e à temperatura. Grupo a) hortaliças herbáceas: alface, chicória, couve-flor e repolho; b) hortaliças de raízes: beterraba, cenoura, nabo e rabanete; c) hortaliças de bulbos: cebolas das canárias e Pêra R. Grande e d) hortaliças de frutos: berinjela.

4.1. Hortaliças herbáceas:

Na análise estatística dos dados de produção da alface, cuja cultura estendeu-se por 4 anos, verificamos que houve em vários casos uma influência das diversas fases da lua no aumento ou diminuição dos resultados, mas que a análise das médias mostrou que não houve uma direção certa nessas influências. Assim, em agosto de 1949, foi a lua crescente que produziu mais que as outras, enquanto que no mês de abril do ano seguinte, foi a cheia que produziu menos. Em março de 1951, foi a nova a lua menos produtiva, enquanto que em abril de 1952, a nova e minguante deram as menores produções.

Para a chicória, cuja experimentação se prolongou por 4 anos, apenas nos meses de junho e julho de 1952, houve diferenças de produção entre as várias fases da lua, sendo que no primeiro caso foi a nova que maior renda deu e no segundo caso foi a crescente.

Estudou-se- duas variedades de couve-flor: uma de inverno, “Bola de neve” e outra de verão “índia”. Apenas na cultura de inverno, como se pode verificar no quadro de variância, houve diferenças significativas na produção nos meses de abril e maio de 1952.

Como na cultura precedente, estudamos duas variedades de repolho: uma de inverno “Chato de Quintal” e a outra de verão “Louco”. Sendo planta pertencente a mesma família da couve-flor e muito semelhante a esta quanto a fisiologia, comportaram-se do mesmo modo, tanto que só a variedade de inverno, quando fora submetida a baixas temperaturas por ocasião da germinação, no mês de abril de 1951, resultou em menor produção nas fases da lua que coincidiram, com este tempo. Knott (1950), diz que temperatura baixa afeta o rendimento do repolho e couve-flor.

Tanto para a alface, chicória, como para o repolho e a couve-flor, notamos pelos dados meteorológicos, que deixamos de incluir por falta de espaço, que quando a temperatura mínima noturna foi baixa, houve diminuição na produção, donde se pode concluir que as diferenças estatísticas existentes foram mais devidas à baixa temperatura, do que à ação das fases lunares.

Went (1945) confirma ser o efeito da temperatura noturna mais pronunciado sobre a produção e desenvolvimento das folhas que as temperaturas diurnas.

4.2. Hortaliças de raízes:

Beterraba: As experimentações sobre esta planta, se prolongaram per 4 anos. Apenas nos meses de abril, maio e julho de 1952, houve diferenças de produtividade entre diferentes fases lunares, sendo que em abril a crescente produziu mais que as outras, enquanto no mês de maio as fases nova e cheia produziram mais que as outras duas, minguante e crescente: já no mês de julho foi a minguante que maior rendimento deu.

Cenoura: Em experimentações efetuadas durante 6 anos, apenas em três experimentos houve diferença de produção entre as diversas fases. Assim em junho de 1949, a fase minguante produziu menos que as demais; já em abril de 1952, foi a fase da lua crescente que deu menor produção, enquanto em julho do mesmo ano a minguante teve o seu rendimento reduzido em relação às demais fases. Knott (1950), referindo-se a cenoura confirma que para o bom desenvolvimento da raiz, a temperatura ótima está entre 15 e 21°C.

Nabo: Só uma vez durante três anos, houve diferenças significativas entre os tratamentos, o que se deu no mês de março de 1950, cabendo à cheia e à nova a maior produtividade.

Rabanete: Esta cultura mostra claramente, que devido ao ciclo curto, de menos de um mês, as temperaturas, principalmente as noturnas, tiveram grande influência no seu desenvolvimento. Nos meses em que houve diferenças entre os tratamentos afetando a produção, como o de maio de 1950, abril e março de 1952, pôde-se constatar que a temperatura nesse período era mais baixa que as dos demais meses.

4.3. Hortaliças de Bulbos:

Cebola das Canárias: Durante 4 anos de cultivo dessa liliaceae, apenas em julho de 1951, houve diferenças significativas na produção, quando a lua nova e crescente deram maior rendimento que as cheia e minguante. Para a variedade Pera R. Grande, houve diferenças significativas nos meses de fevereiro, março e abril de 1950, abril e junho de 1951. Assim, em fevereiro de 1950, a lua nova e a minguante produziram mais que a crescente e a cheia; já em março foram crescente e cheia as mais produtivas, enquanto em abril encontramos na nova e crescente o maior rendimento. Em abril de 1951, foi a minguante a menos produtiva e em junho coube a nova e a crescente a maior produtividade.

4.4. Hortaliças de Frutos:

Estudamos apenas neste grupo a cultura da berinjela, a qual durante três anos de observações não revelou nenhuma diferença de produção entre as diferentes fases da lua. Diferentes autores, entre eles Martin (1913), Mather (1942), e Kolisko (1936), afirmam que a influência lunar se manifesta por dois dias antes ou após, ou três dias antes e três depois de cada fase; todavia não encontramos razão plausível para isto, motivo pelo qual, fizemos as nossas semeaduras exatamente no início de cada fase lunar.

5. Conclusão

1) Não foram encontradas influências das fases da lua, na produção de várias hortaliças, mesmo nas tidas como sensíveis a elas.

2) Nos poucos casos em que com as várias fases da lua notaram-se diferenças, quer aumentando quer diminuindo a produção, pode-se, quase sempre, atribuí-las a outras causas.

3) As causas apontadas para explicar a suposta ação lunar sobre a produção das hortaliças foram a temperatura e o fotoperiodismo.

4) Revelaram-se sensíveis à variação de temperatura, principalmente ao abaixamento durante a noite, a alface, chicória, couve-flor, repolho, cenoura, nabo e rabanete.

5) Como sensíveis à temperatura e fotoperiodismo simultaneamente a cebola e a beterraba.

6) As fases cheia e minguante, tidas como opostas, apareceram às vezes como sendo ambas as mais produtivas e outras vezes como as de menor rendimento; o mesmo sucede com relação à nova e à crescente.

7) Pode-se verificar por isso, que as supostas influências lunares não existiram, porque, em uma mesma cultura intervém quer aumentando quer diminuindo fases das luas opostas em relação ao conceito generalizado.

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Luna

La Luna

“El sol nocturno en los trópicos y su influencia en la agricultura”

Jairo Restrepo Rivera

Ingeniero Agrónomo.
Fundación Juquira Candirú
Colombia-Brasil-México
2005

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Influencia de las fases lunares en la dinámica de la savia de las plantas.

¿Cómo funciona la dinámica del movimiento de la savia en las plantas durante las diferentes fases lunares y por qué considerarlas en las distintas actividades agrícolas y pecuarias?

Sin duda alguna la fuerza de atracción de la Luna, más la del Sol, sobre la superfície de la Tierra en determinados momentos ejerce un elevado poder de atracción sobre todo líquido que se encuentra en la superficie terrestre, con amplitudes muy diversas según sea la naturaleza, el estado físico y la plasticidad de la sustancia sobre las que actúan estas fuerzas. Así en determinadas posiciones de laguna el agua de los océanos asciende hasta alcanzar una altura máxima, para descender a continuación hasta un nivel mínimo, manteniéndose regular y sucesivamente esta oscilación. También se ha comprobado que este fenómeno se hace sentir en la savia de las plantas, iniciándose el proceso de su influencia desde la parte más elevada para ir descendiendo gradualmente a lo largo de todo el tallo, hasta llegar al sistema radical. Este fenómeno se observa con menor intensidad cuando está relacionado con plantas de elevado porte y recios troncos, provistos de numerosos canales de irrigación entrelazados entre sí; o en plantas de escasa altura donde es muy corta la distancia entre la capa vegetal y la raíz, pero se manifiesta muy claramente en aquellos vegetales de tallo elevado, con escasos canales para la circulación de la savia y escasa comunicación entre ellos.

El influjo lunar beneficia el desarrollo y el crecimiento de forma muy acusada en muchas plantas, entre las cuales se destacan las trepadoras, buganvillas o veraneras, rosales, leguminosas, glicinas, etc. Por otro lado, también se ha comprobado que en algunos vegetales la floración sigue el ritmo del flujo y el reflujo de las mareas y ciertos árboles que se cultivan para la obtención de jugos azucarados también siguen el ritmo de las mismas, siendo abundante mientras se produce el flujo y haciéndose más escaso en el reflujo de la marea.

Botánicos japoneses, filipinos, ingleses y malayos, que durante décadas han estudiado detalladamente los fenómenos que se producen en el crecimiento de ciertos tipos de bambú, han comprobado que algunas de estas especies del sudeste asiático llegan a crecer entre 50 y 60 centímetros diarios; por ejemplo, en cierta ocasión un científico cronometró el crecimiento de 1.24 metros del bambú madame japonés en 24 horas. La acción de la Luna, o más concretamente como ellos lo afirman, la acción de las mareas, se manifiesta en forma muy visible, dado que el crecimiento es mucho más rápido durante el flujo y experimenta un retraso durante el reflujo. La causa se debe a la atracción lunar, que establece un ritmo de presión y de presión de la savia de estos vegetales.

figura 1 - 1

(Figura 1) Las fases lunares y la dinámica de la savia en las plantas.

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Influencia de la luminosidad lunar en las plantas y los animales.

Desde tiempos inmemoriales la luminosidad lunar ha sido vinculada con las alteraciones en el comportamiento de las personas. Las reacciones temperamentales y espontáneas que muchas personas experimentan en algunos momentos de su vida les acredita la calificación de lunáticos. En Dinamarca, estudios recientes muestran que la mayor actividad “antisocial” y de agresividad de algunas personas en el tráfico automovilístico y agresiones vinculadas con la ingestión de bebidas alcohólicas se registran con mayor incidência cuando la Luna está en su plenilunio y las cifras registran una caída cuando la Luna se encamina hacia el novilunio, pasando por la menguante. En las áreas de la medicina y la salud también se observa un aumento significativo de la actividad psíquica, principalmente de las personas que convulsionan o sufren en epilepsia.

Muchos estudios consideran la luminosidad lunar esencial para la vida y el desarrollo de las plantas. Diferente de la luz solar que recibimos, la luz lunar ejerce directamente una fuerte influencia sobre la germinación de las semillas, cuando sutilmente sus rayos luminosos penetran con relativa profundidad, al compararla con la fuerza de los rayos solares que no consiguen penetrarla en su intimidad. Perece que es el exceso de presión que ejercen los fotones solares sobre los vegetales lo que no permite los cambios nutritivos que las plantas necesitan para su crecimiento normal, quedando, por tanto, la misión de estímulos seductores a la luminosidad lunar para que las semillas germinen fuertes y sanas. Por otro lado, está demostrado, independientemente de creer o no en las otras influencias que la Luna pueda tener en las plantas, que la intensidad de la fotosíntesis es bien superior a todas las plantas a partir de la luna creciente hacia el plenilunio (período extensivo de aguas arriba), y que el mayor incremento de la fotosíntesis en los cultivos se registra en el período intensivo de aguas arriba, el cual está comprendido entre los tres días después de la luna creciente, hasta los tres días después del plenilunio, fenómeno atribuido científicamente al incremento de la intensidad de la luz lunar sobre nuestro planeta.

figura 2 -2

(Figura 2) La dinámica de la savia: períodos intensivos y extensivos.

Otras investigaciones sobre la influencia de la luminosidad lunar en las plantas estiman que, por lo menos en un 50%, la luz lunar tiene influencia sobre la maduración de muchos granos y una gran parte de frutos. Al mismo tiempo se relaciona la influencia de la Luna con la actividad de la formación y calidad de los azucares en los vegetales. Los habitantes del norte de la India tienen la costumbre de colocar los alimentos (principalmente granos) en l a azotea de sus casas, con la finalidad de que la luna llena del mes de Kuar (septiembre-octubre) los enriquezca con la luminosidad de los rayos lunares, y después los reparten entre sus parientes más próximos porque, según sus creencias, vivirán más tiempo después de consumirlos.

Finalmente, la Luna en creciente es tenida como la luna que conduce, proyecta, admite, construye, absorbe, inhala, almacena energía, acumula fuerza, invita al cuidado y al restablecimiento; y la luna menguante es considerada como la Luna que aclara, seca, suda o transpira, exhala, invita a la actividad y al gasto de energia.

figura 3 - 3

(Figura 3) La luminosidad lunar.

§

La luminosidad lunar y su relación con las lluvias.

Con relación a este tema Rudolf Steiner, en su tratado sobre agricultura biológico-dinámica, en su primera conferencia del 7 de Junio de 1924, dice lo siguiente: “El físico hoy en día, en realidad, solo estudia la lluvia en cuanto que al llover cae más agua sobre la tierra que al no llover. El agua es para él una sustancia abstracta, compuesta por hidrógeno y oxígeno, y solo conoce el agua como aquello que se compone de hidrógeno y oxígeno”.

Si el agua se descompone en electrólisis, se disocia en dos sustancias, de las cuales una se comporta de tal modo y la otra de tal otro.

Pero con esto no se ha dicho nada abarcante respecto al agua. El agua alberga aún muchas otras cosas, además de lo que luego aparece simplemente como oxígeno e hidrógeno. El agua está facultada del modo más eminente, para canalizar dentro del ámbito terrestre aquellas fuerzas que vienen, como por ejemplo, de la Luna. De modo que el agua afecta la distribución de las fuerzas lunares en el âmbito terrestre. Entre la luna y el agua que hay sobre la Tierra existe cierto tipo de relación. Supongamos que acaban de transcurrir unos días de lluvia y que a estos días de lluvia les sucede la luna llena. Con las fuerzas que vienen de la luna en los días del plenilunio ciertamente ocurre algo colosal sobre la Tierra: estas fuerzas se introducen en toda la vida vegetal (no podría hacerlo si no antecedieran los días de lluvia).

Por tanto, deberemos hablar de si tiene importancia que sembremos semillas cuando han caído lluvias en cierta forma y luego viene el brillo de la luna llena, o si se puede sembrar en cualquier momento, sin tener en cuenta nada en especial. Seguramente también brotará algo en este último caso, pero se plantea la pregunta, ¿es bueno orientarse en la siembra según las lluvias y el brillo de la luna llena? Porque justamente la acción de la luna llena es impetuosa y potente en ciertas plantas después de días de lluvia y débil y escasa tras días en que ha brillado el sol. Estas cosas estaban contenidas en los antiguos refranes campesinos.

Entonces se decía algún verso, y se sabía lo que había que hacer. Estos versos son hoy día viejas supersticiones, y una ciencia de estas cosas aún no existe: no hay ánimo de molestarse para desarrollarla.

figura 4 - 4

(Figura 4) La luminosidad lunar y su influencia con las lluvias.

La luminosidad lunar también funciona como un regulador de la actividad de muchos insectos. La luminosidad lunar puede ser favorable o desfavorable en muchas de las etapas de desarrollo por las que atraviesan los insectos, pues existen los que se desarrollan totalmente en la oscuridad y otros en la claridad. Por ejemplo, la luminosidad total lunar proyectada sobre la tierra en el plenilunio puede interferir en la reproducción de la boca del café (Hypothenemus hampei), que se produce mejor en el novilunio. Sin embargo, la ausencia total de luminosidad lunar puede ser una limitante al gusano de las crucíferas (Ascia monuste), que se produce en mejores condiciones con la influencia de la luna llena o plenilunio.

Este mismo fenómeno se aplica en el apareamiento de muchos insectos y su producción de huevos.

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(Figura 5) Relación planta – insectos.

La luminosidad lunar también repercute directamente en la actividad pesquera, la cual se vuelve más difícil durante la fase de la luna llena, pues a los peces les es más atractivo aprovechar al máximo la abundancia de alimento que sus propias aguas les ofrecen a la vista, por el reflejo de la luz lunar, que distraerse con una peligrosa carnada extra territorial.

Por otro lado, la oscuridad que ofrecen las noches durante la luna nueva es catalogada como la mejor oportunidad para la captura de una buena cantidad de ejemplares, en función de la curiosidad y el aumento del deseo de los peces de satisfacer su apetito en las aguas oscuras, lo que los lleva a ser fáciles víctimas de cualquier carnada en la oscuridad acuática. Aristóteles, en el siglo IV a. de C., decía que los erizos de mar del Mediterráneo alcanzaban la madurez sexual y sabían mejor cuando la luna estaba llena.

Por otro lado, la luminosidad lunar también ejerce una gran influencia en la cría y reproducción de las lombrices, siendo la menguante y la luna nueva las mejores fases para el engorde y el crecimiento de ellas, pues la oscuridad nocturna es la mejor aliada para estimular el apetito y la búsqueda de la alimentación orgánica que se encuentra depositada en la superficie de la tierra en los criaderos. Las lombrices, en su gran mayoría, son sensibles y esquivas a cualquier tipo de luminosidad. A la luminosidad del cuarto creciente y de la luna llena le queda reservada la sensible actividad de penetrar con sus rayos lunares en la profundidad de la tierra en los criaderos, para estimular y masajear el acasalamiento y la reproducción de las lombrices.

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(Figura 6) Engorde y reproducción de lombrices.

Finalmente, la luminosidad lunar también está directamente relacionada con la eficacia que pueden tener los tratamientos con purgantes para combatir los parásitos, tanto en animales como en humanos. En los animales, la mejor fase lunar asociada con el tratamiento de los parásitos es el plenilunio, y esta fase es la más indicada para que los seres humanos recurran a los exámenes coprológicos, con la finalidad de obtener los mejores resultados y análisis del endoparasitismo que los puede estar afectando.

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(Figura 7) La luminosidad lunar: la pesca y la purga.

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Influencia de las fases lunares en el movimiento de la savia en las plantas.

Durante mi convivencia por más de seis años, a finales de la década de los setenta, en las antiguas colonias de agricultores de origen europeo (franceses, alemanes e italianos) en el cono sur del Brasil, tuve oportunidad de escuchar, observar, respetar, aprender y experimentar la practica que los agricultores tienen en lo relacionado con la influencia de la luna sobre el crecimiento y el desarrollo de las plantas. En la práctica con ellos aprendí a destacar épocas específicas del año y fases lunares para podar pomares, cortar maderas, sembrar, cosechar y guardar la producción.

Por ejemplo, en esta región aprendí que el éxito de las actividades de la poda de los duraznos, los perales, las manzanas, el arreglo de las parras y el corte de los árboles maderables estaba limitado casi exclusivamente a los cuatro meses del año que se escriben con la letra “R”, como son mayo, junio, julio y agosto. A la vez, estas actividades había limitarlas a las diferentes fases lunares, pues de lo contrario las podas y los cortes de madera fuera de estas épocas arrojarían resultados nada gratificantes para los campesinos, como frutales débiles, con poca producción de frutos y pequeños, las maderas más livianas, predispuestas a rajarse y convertirse en un atractivo plato para los comejenes.

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(Figura 8) Detalles de la dinámica de la savia: períodos extensivos e intensivos.

Una explicación: Por ejemplo, cuando contábamos las maderas para las construcciones en la fase de cuarto creciente hacia luna llena, las maderas duraban muy poco, porque sus fibras estaban cargadas con el máximo de agua, que al secarse quedaban abiertas, blandas y llenas de aire. Las maderas se rajaban y resistían poco a la intemperie. Mientras si cortábamos las maderas en luna gibosa, tres días después de la luna llena hacia cuarto menguante, éstas nos duraban más y eran más resistentes al deterioro, porque las maderas tenían menos agua y al secarse sus fibras quedaban cerradas, resistentes al tiempo y a los insectos.

Por otro lado, asociado con esta practica de las fases lunares, está el fenómeno de la menor circulación de savia en los árboles, debido a las bajas temperaturas de final de otoño y los meses de invierno en el polo sur, época en que prácticamente todos los árboles han perdido sus hojas y su actividad fotosintética se encuentra reducida al mínimo. Finalmente, asociado a este aprendizaje se suman otros 16 años de investigación personal con los demás campesinos de todo el continente de América Latina y del Caribe, fruto del constante intercambio de experiencias con los mismos. En realidad, podemos decir que esta publicación o estos apuntes son el fruto de la sabiduría del hombre del campo.

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