Contribuições de André Barbault à Astrologia

A controvertida personalidade de André Barbault

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Nunca saberemos quem são nossos pares ou quem é aquela pessoa por detrás da fama ou do opróbrio. Conhecer a alma humana não significa conhecer o ser humano individualmente e muito menos determinar o que de fato existe no coração de cada um.

Ouvir dizer de certas pessoas que alguém pode ser condenado ou exaltado pela opinião de terceiros é algo mais nefasto e infeliz do que a própria maledicência. Todavia o ser humano é assim, pernicioso, ignorante e presunçoso. A raiz de todo o mal está, sem dúvida, no germe latente da nossa ignorância sobre nós mesmos e sobre o destino que nos rege.

Um homem que dedica sua vida a uma causa maior, orientando seu pensamento e seus atos para um destino superior não estará imune ao infeliz destino da humanidade como um todo. Neste ponto somos todos tão miseráveis como o amante assassino que acusa a sua amada de não o amar bastante por não ter ele amor próprio.

Porém, entre as lacunas do ego e a lucidez da alma, sobressaltamos da indiferença para expiar o que a sabedoria pode nos oferecer quando nos tornamos dignos de apreciá-la. Mesmo com o ego exaltado pela promessa da fama através de previsões apocalípticas nunca confirmadas, André Barbault foi capaz de transmitir valorosos conhecimentos astrológicos que só podem ser transmitidos por aqueles que se devotam ao saber.

Dedico esta coletânea de artigos em tributo ao grande astrólogo do século XX que mesmo diante das gigantescas barreiras do cientificismo deste século se manteve sobranceiro alargando os horizontes do conhecimento superior da astrologia apesar de suas catastróficas previsões inconcludentes; pois o gênio é quem mais se culpa pelos seus erros quando estes não são produtos apenas de sua ignorância, mas consequência de sua vaidade. Esta é vaidade do homem que o lança ao abismo.

Para nos tornarmos seres humanos superiores precisamos andar sobre os abismos. Isso não significa não cometer erros, mas mais do que isso, significa lutar por aquilo que somente nós podemos enxergar em nosso íntimo, mesmo que esta luta nos confronte à crítica, ao descrédito e à solidão.

César Augusto – Astrólogo

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Os Determinantes Terrestres

André Barbault

Tradução: Henri Selva

Imaginem, por um só instante, o homem querendo recriar o mundo. Esse demiurgo improvisado começará fazendo o recenseamento de todos os “materiais” com os quais ele deverá constituir seu universo. Sobre que dados básicos se apoiará? É difícil imaginar algo além dos quatro princípios elementares: os fatores quente e frio, úmido e seco, e os quatro elementos fundamentais, terra, água, ar e fogo.

O que haveria de mais natural e essencial nesse encontro? O homem vive sobre a crosta terrestre e é construído sobre o “precipitado do terreno”, que é o seu esqueleto; vindo de um meio aquático, ele é, recém-nascido, um organismo impregnado de água até 70% e, quando adulto, um ser de muitas secreções humorais, sem esquecermos o fato de que ele não pode ficar sem água além de um tempo muito limitado; o homem circula em seu meio ambiente que é um meio aéreo de intercâmbios, e consome meia tonelada de oxigênio por dia; além disso, este homem é mais ou menos cheio de fogo interior, a combustão orgânica e as reações psíquicas, e não pode viver sem o calor do Sol. Não é preciso ser versado em morfopsicologia para se reconhecer uma compleição “quente” em sua tez corada como também em sua energia exteriorizada, e uma compleição “fria” em sua palidez física e em sua vida retraída; do mesmo modo, percebe-se sem dificuldade uma natureza “úmida” em sua plástica dilatada, seu desenvolvimento horizontal, sua adaptação ao meio, e uma natureza “seca” em sua retração morfológica, sua tensão individualizada mais ou menos fechada ao meio. É somente uma questão de supremacia de uma dessas quatro forças naturais sobre as outras três.

Algumas mentalidades conservadoras poderão achar que, ao atrelar-se a esse carro dos quatro elementos, a astrologia torna-se uma coisa mais obsoleta ainda: em nossa era atômica, ela retrocede para uma “pobre pseudofísica” indefensável. Mas devemos primeiro nos perguntar se a química de Lavoisier e a física atômica, realmente destronaram esta “física” dos elementos, ou se não se trataria, na verdade, de duas coisas diferentes, de dois aspectos estranhos à realidade do mundo, confundidos durante muito tempo por terem tomado o espírito desses famosos elementos ao pé da letra.

Para os antigos, as quatro qualidades elementares e os quatro Elementos não eram tanto forças físicas e sim princípios ordenadores, testemunhos da substância interna da vida dentro do ciclo de sua evolução contínua, uma espécie de rosa-dos-ventos que fixa os pontos cardeais do mundo concreto do homem. Por mais grosseiro que esse plano de referência possa parecer, ele satisfaz a mente preocupada com solidez, pois pertence à “vivência” do homem permanente. O “quente”, por exemplo, é um valor que não irá desaparecer ou modificar-se, nem em seu princípio, nem em sua realidade de múltiplas manifestações. E, se não agrada ao astrólogo permanecer um “vitalista” que busca as referências de sua tipologia nessas “essências”, nada o impede de fundamentá-la sobre dados empíricos concretos: basta que ele recorra aos dados morfológicos, fisiológicos, biotipológicos, embriológicos e outros, com os quais médicos modernos reencontraram e reconstituíram os quatro temperamentos tradicionais elaborados a partir desses mesmos Elementos (referimo-nos aos trabalhos de Siguad, Mac Auliffe, Pende, Allendy, Corman, Martiny). É, inclusive, o único meio de se estabelecer e fundamentar a relação entre os princípios naturais e a condição humana. Mas podemos perceber a “dedução” moderna dos valores antigos, pois como dizia Emmanuel Mounier, “o fato de determinado tipo psicofisiológico caracterizar-se pela rapidez de suas combustões nada mais é, afinal, que uma outra forma de dizer que ele é dominado pelo elemento fogo”.

Devemos, portanto, admitir que o princípio de qualquer classificação astrológica está na doutrina antiga da formação de todas as coisas pelos quatro Elementos; doutrina que reencontramos nos grandes filósofos: Pitágoras, Empédocles, Platão, Aristóteles. Consiste numa determinação geral da essência das forças da natureza, que realiza sua obra de geração e destruição através desses princípios vitais.

Para a astrologia, se o homem é um cosmos dentro do cosmos, ele é também, da mesma forma, um produto da Terra, um processo da Natureza, de mesma essência e submetido às mesmas leis que esta. Aos processos naturais correspondem, por analogia, os processos humanos, mas estes possuem antes referências naturais, terrestres.

Ocorre que, em todas as situações, as coisas costumam ocorrer por grupos de quatro elementos. Enquanto na Terra existem essas duas quaternidades de qualidades e elementos, no céu as revoluções dos astros provocam a prevalência de quatro grandes fases análogas à infância, juventude, maturidade e velhice. Nosso calendário é um eloquente testemunho disso.

As Qualidades Elementares

Quente

O calor é foco de energia, princípio dinâmico que imprime movimento à matéria; como força motriz, ele anima, desenvolve, transforma e faz evoluir as coisas às quais dá intensidade, ardor, amplificação, exaltação. O impulso que imprime aos fenômenos pode se traduzir por um impulso para fora (força centrífuga, exteriorização, desabrochamento, expansão), para cima (irrompimento, libertação da gravidade, desprendimento, elevação) e para a frente (impulso em direção ao futuro, força de crescimento, rapidez, conquista).

Frio

O frio é o princípio negativo oposto, análogo à força de inércia da matéria pesada e inerte, princípio estático que leva à imobilização, à contração, à retenção, à reserva, à paralisia das substâncias e dos corpos. Ao mesmo tempo em que é contrário à expansão da vida e à sua evolução, ele também é um fixador, um condensador e um conservador da matéria em sua estrutura firmada. Esta propriedade passiva, diminuidora, tende a manifestar-se por concentração (encolhimento, fechamento para dentro de si, restringimento, redução, absorção, interiorização, recalque), por depressão (atonia, prostração, peso, submissão, entrega ao estado vegetativo) ou por retraimento (inibição, freio, regressão, inapetência, renúncia).

Úmido

A umidade é um princípio de extensão ou alargamento, de receptividade, de difusão e, consequentemente, de relaxamento, de flexibilidade, de apaziguamento interior, de diluição, de efusão, de liquidez. É também um princípio de plasticidade, de penetrabilidade ou absorção, de envolvimento, de ligação, de mistura, de continuidade, de homogeneidade. Ela infla as substâncias, unindo-as, dissolvendo-as numa tendência à simplificação e à unidade através da fusão das partes numa totalidade. Constitui um fator favorável à fecundidade, ao desenvolvimento, à expansão da vida, bem como à adaptação do ser ao seu meio, com o qual tende, dilatando-se e dissolvendo-se, a integrar-se, confundir-se. A umidade suaviza e modera.

Seco

A secura, negação da umidade, é um princípio de retração da substância, de restringimento, de isolamento, de redução, de resistência, levando a uma tensão, a um enrijecimento, a um endurecimento, a um constrangimento. Conduz ao retraimento das partes para dentro de si em detrimento de sua coesão; limita o ser em relação ao seu meio, num processo de fechamento, de autodefesa, de recusa e, com isso, constitui um fator de inadaptação. Mas ela afirma a consciência do Eu acusando uma individualização por separatismo; trata-se de um fator de autonomia, de minoração, de seletividade, de refinamento e, em sua manifestação extrema, de desmaterialização, de esterilidade. Intensiva, age de modo brusco, com fraturas, rompimentos, separações e divisões; desagregadora, ela é a própria complexidade. Leva aos excessos, aos extremos.

Os Elementos

Água

Úmida (ligação) e fria (retenção), a Água representa o estado líquido de plasticidade, de afrouxamento da matéria, toda feita de receptividade e passividade, movendo-se conforme as impressões recebidas. É o elemento de base, o meio vital de origem (mar-mãe), a massa primordial fecundada pelas riquezas que ela assimila, criadora, animada pela ação do calor. Ela amolece, mistura, absorve, enche, dissolve, interioriza, indiscriminada numa única massa. Maleável, instável, em contínua mobilidade e estremecimento, ela é toda sujeição e impressionabilidade.

Fisiologicamente, corresponde ao temperamento linfático caracterizado pela predominância do aparelho digestivo e da função de nutrição assegurada pela linfa ou pelo plasma do sangue. O processo dominante é o do estado vegetativo, da cinestesia, do descanso, da inércia, do sono. Morfologia dilatada e atônica. Psicologicamente, domina o instinto conservador, onde prevalecem a memória, as lembranças, os hábitos, as impressões recebidas, a experiência. Pela renúncia à ação é também a entrega à vida interior, ao inconsciente, à fantasia, à imaginação, ao sonho, à contemplação, ao domínio da sensibilidade psíquica.

Ar

Úmido (ligação) e quente (exaltação), o Ar representa o estado gasoso, fluente, impalpável, leve, volátil, compressível, tendendo à difusão, à expansão ilimitada em um espaço cada vez maior. Móvel, difuso, envolvente, ele é o agente de ligação, o envoltório de nosso espaço livre, do meio ambiente em que evoluímos. Em perpétuo estado de liberdade e disponibilidade, fica exposto a todos os contatos, a transferências, a misturas, a influências e a condições; uma vez comprimido, é uma poderosa força motriz explosiva. Dentro da dinâmica dos temperamentos, o

Sanguíneo é um Linfático aquecido cuja riqueza entra em atividade. A associação do Quente (energia) e do Úmido (extensão) constitui o triunfo da vida natural que se estende sobre a Terra: fertilidade, proliferação, exuberância, viço.

Fisiologicamente, corresponde ao temperamento sanguíneo marcado pela predominância do aparelho respiratório e das funções sanguínea e sexual. O processo dominante é o de uma natureza rica que se abre espontaneamente em seu meio físico e cujo grande apetite de viver é acompanhado de reivindicações instintivas imperiosas e de fortes desejos sensoriais. É um grande consumidor, de morfologia dilatada e tônica.

Psicologicamente, é um expansivo que vive de mobilidade, intercâmbios, contatos com seu meio ao qual se adapta e se assimila espontaneamente; é um eufórico dado aos arrebatamentos, de uma alegre vitalidade, de espírito jovem, amante dos prazeres, gozador, indisciplinado, ávido de vida concreta.

Fogo

Seco (isolamento) e quente (exaltação), o Fogo representa o estado ígneo de incandescência, de consumo da matéria que se vê criada, animada, transformada ou destruída. Ele exalta, intensifica, superexcita, acelera, exacerba, leva ao paroxismo ou transmuta o que processa; às vezes violento, agressivo, destruidor, outras vezes libertador, decantador, purificador. Ele é ação dominadora, força conquistadora, fator de luta, de progresso, de superação, de hierarquização, de afirmação personalizada. Dentro da dinâmica dos temperamentos, o Bilioso é um Sanguíneo retraído (seco) cuja força passa da extensividade à intensividade. A associação do Quente (energia) e do Seco (retração) eleva a tensão interna das coisas à sua máxima potência e torna o deserto estéril como o acesso à maturidade do fruto.

Fisiologicamente, corresponde ao temperamento bilioso, onde predominam a musculatura e as funções de reativação e domínio. O processo dominante é o de dinamismo da personalidade empenhado na conquista do mundo ou na conquista de si. Morfologia retraída e tônica.

Psicologicamente, é o domínio onde se realiza a paixão tumultuosa ou a vontade disciplinada: ambição devorante satisfazendo uma necessidade imperiosa de impulso, de afirmação, de ostentação, de superioridade, através de lutas, de criações e de vitórias; vontade de poder empenhada na luta, na dominação, na conquista material ou orientada para a consciência lúcida, para a grandeza de uma realização moral ou de uma elevação espiritual.

Terra

Seca (isolamento) e fria (retenção), a Terra representa o estado sólido, consistente, denso e fixo da matéria ao término de uma evolução após a obra de combustão do Fogo. É o estado no mais alto grau de concentração, e condensação, de redução, de despojamento e, em última análise, de desmaterialização; o da petrificação, da mineralização, da fossilização, levando a uma estrutura mais ou menos geométrica das coisas, à conservação de seus valores duradouros num corpo autônomo, resistente, delimitável, isolado e fechado. Dentro de uma dinâmica dos temperamentos, o Nervoso é um Bilioso apagado. A associação do Seco e do Frio é, ao oposto do Ar, contrária à vida da matéria viva, do instinto, mas propícia à vida do espírito.

Fisiologicamente, corresponde ao temperamento nervoso, onde predominam o sistema nervoso e as funções psíquicas. O processo dominante é o de uma natureza apurada, delicada ou debilitada, que vive retraída do meio ambiente e da vida concreta, afirmando sua vida mental. Morfologia retraída e atônica.

Psicologicamente, ele é – ao contrário do prolixo e epidérmico Sanguíneo – um seletivo, com um mundo fechado e profundo ou complexo. Diante da vida instintiva e natural que se afasta, o ser se organiza interiormente, utilizando os recursos de sua inteligência ou escolhendo o caminho do despojamento, do desapego, da abstração, da personalização. Sua vida psíquica é rica, profunda e complexa.

Os tipos mistos relacionam-se mais com as propriedades das qualidades elementares ou são a expressão de uma antinomia entre duas dessas qualidades.

Os Sanguíneos-biliosos e os Bílio-sanguíneos caracterizam-se, principalmente, pelas propriedades do Quente. Os Linfáticos-nervosos e os Nervo-linfáticos possuem as propriedades do Frio. Os Linfáticos-sanguíneos e os Sanguíneo-linfáticos são essencialmente de qualidade Úmida, e os Bílio-nervosos e Nervo-biliosos, de qualidade Seca. Quanto aos Linfáticos-biliosos e aos Bílio-linfáticos, ele apresentam o conflito da Água e do Fogo; do mesmo modo que os Sanguíneos-nervosos e os Nervo-sanguíneos são a expressão de uma dualidade Ar-Terra.

Esta classificação temperamental dos Elementos – a mais antiga das tipologias – tem a seu favor a vantagem de apresentar quatro tipos humanos bem diferenciados e, ao mesmo tempo, quatro personagens vivos, fáceis de identificar (exceto no caso de uma dominante pouco pronunciada).

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O Enfoque de Barbault e sua Aplicação ao Mapa de um Grande Artista

Maria Virginia Fernandes & Thereza Samuel

Introdução

Na astrologia pessoal, a riqueza da simbologia astrológica leva à necessidade de uma síntese do mapa de forma a se captar a essência do indivíduo, fundamental para entendê-lo e ajudá-lo a alcançar o autoconhecimento. E uma das formas de se chegar a essa síntese é a identificação do temperamento/elemento dominante no mapa natal.

Segundo André Barbault, os elementos constituem “a primeira chave que permite à Astrologia abrir as portas de nosso templo interior”. Assim, é de capital importância o seu estudo.

Enquanto a maioria dos astrólogos investiga a predominância de um elemento por uma contagem ponderada com base no posicionamento dos planetas nos signos (em geral também levando em conta a posição do Ascendente e algumas vezes a do Meio do Céu), sendo cada signo classificado rigidamente como pertencendo a um determinado elemento, André Barbault discorda e critica este método.

O objetivo de nosso trabalho é apresentar seu método e compará-lo ao comumente utilizado, mostrando como a aplicação do critério de Barbault a mapas de grandes artistas consegue identificar o elemento predominante que mais traduz sua obra.

Barbault parte da aplicação da Teoria da Dominante (por ele simplificada e sistematizada) ao mapa individual, identificando o elemento preponderante e associando-o a um dos quatro temperamentos básicos.

Abordagem de Barbault

Cada ser humano possui uma identidade original que, em grande parte, é moldada pelo que adquire ao longo da vida. Entretanto, não há dúvida que existe o inato. Uma prova disto é a hereditariedade.

Essas características inatas são identificáveis pelo mapa natal. Passemos a analisá-las com os recursos utilizados pela Astrologia.

Os Planetas

No Tetrabiblos, Ptolomeu inicia seu ensinamento definindo logo os efeitos dos planetas em termos de elementos.

Assim, é por essas fórmulas que começa o saber astrológico. De acordo com A. Bouché-Leclerq, autor de A Astrologia Grega (L’Astrologie grecque): “Ptolomeu se contenta em dizer que a mistura ou o temperamento que nos constitui é para nós o primeiro princípio, e que esse primeiro princípio se não inclui todo o detalhe, pelo menos inclui o plano geral da existência.” Ora, “é com base no temperamento dos indivíduos nascidos sob a influência específica de um planeta que se estuda detalhadamente o caráter do planeta”.

Então, as primeiras correlações de elementos e temperamentos referem-se aos planetas.

As Qualidades Primordiais

Os dois movimentos básicos do cosmos, expansão e contração, são denominados, respectivamente, em Astrologia, Quente e Frio. Por outro lado, esses princípios causam dois tipos de reação: tensão ou relaxamento (fluidez), que correspondem, respectivamente, em Astrologia, aos princípios Seco e Úmido.

Segundo Henri Selva, em seu Tratado, toda geração resulta da combinação de dois princípios complementares, Quente e Úmido, e é sempre modificada ou destruída pela ação de outros princípios antagônicos aos dois primeiros que vêm romper seu equilíbrio: o Frio, combatendo o Quente; e o Seco, combatendo o Úmido. Assim, o Quente e o Úmido representam os princípios criadores, enquanto o Frio e o Seco os princípios destruidores.

Ptolomeu utiliza esses quatro princípios enunciados originalmente por Aristóteles, o quente, o frio, o seco e o úmido para caracterizar os tipos planetários. Para ele, o Quente é masculino, dinâmico e diurno, enquanto o Úmido é feminino, receptivo e noturno, ambos sendo propícios à geração, e seus opostos, o Frio e o Seco, em excesso, sendo contrários à vida.

Os Elementos

Cada elemento é resultado de uma fusão, união proporcional de duas qualidades, uma sendo dominante e a outra secundária:

Para melhor entendimento, Henri Selva explica o caso do Ar que é considerado como o elemento mais Úmido (e não a Água) por não ter limitação por si mesmo, nem forma, segundo a sabedoria antiga. Por outro lado, tem capacidade de expansão (Quente). Já a Água é mais Fria por suas moléculas serem mais coesas do que as do Ar.

Os elementos se combinam e se transformam uns nos outros, produzindo os diferentes corpos:

Água – Fria (reserva) e úmida (adesão e coesão). Estado plástico de relaxamento da matéria, de abandono, entrega. Expansão passiva. Simbolismo: mar, mãe, fonte da vida. Efeito de impregnação, amolecimento, receptividade, submissão, dissolução. Tecido móvel, maleável, de natureza vibratória, palpitante, impressionável. O tipo água tende à sonolência, inércia, repouso ou calma.

Ar – Úmido (coesão) e quente (animação). Representa o estado gasoso. Refere-se à fertilidade, à proliferação, à exuberância. Leva à expansão da matéria. O ar pode ser comparado ao ser do contato com o mundo e das trocas com o meio. É a característica dominante do tipo ar, dinâmico e expansivo.

Fogo – Quente (energia) e seco (redução). Representa o estado ígneo, incandescente da matéria. Estado de mobilidade onde atua um agente de criação, de transformação ou de destruição. Natureza energética. Característica dominante do tipo fogo que decide, age, executa, combate, se exalta, se impõe, domina.

Terra – Seca (retração) e fria (contração). Representa o estado sólido, as coisas estáveis e duradouras. Refere-se à matéria que resiste, se conserva, permanece imutável, se fossiliza, se petrifica. Sua natureza é densa, com capacidade de cristalização. Compara-se à intelectualidade do ser, à sua vida mental: raciocínio, reflexão e concentração. Característica dominante do tipo terra que pensa, observa, analisa, julga, medita.

Os Quatro Temperamentos

A origem dos temperamentos remonta a Hipócrates (século V a.C.). Ele relacionou os quatro humores do corpo humano: Fleuma (ou linfa), Sangue, Bílis Amarela e Bílis Negra (ou atrabílis), aos quatro elementos: Água, Ar, Fogo e Terra, isto produzindo os quatro temperamentos: Linfático (ou fleumático), Sanguíneo, Bilioso (ou colérico) e Nervoso (ou atrabiliário, ou melancólico).

Barbault descreve as principais características dos tipos básicos de temperamento, das quais apresentamos a seguir um quadro sinótico.

A Análise Preliminar de Barbault

Este quadro constitui apenas uma aproximação. Observam-se três eixos de pares planetários fundamentais: Sol-Lua, Júpiter-Saturno e Urano-Netuno. A influência de Plutão ainda é discutível, podendo ser classificado como bilioso-nervoso (Fogo-Terra), preferência de Barbault, ou como bilioso-linfático (Fogo-Água).

Devido à mutabilidade de Mercúrio, Ptolomeu leva em consideração uma variação da natureza se o planeta está oriental (quer dizer, situado entre a oposição e a conjunção ao Sol, na sequência dos signos), ou seja, mais seco e menos frio, ou ocidental (compreendido entre sua conjunção e sua oposição de acordo com essa mesma sequência), menos seco e mais frio.

Da mesma forma, para um refinamento da análise, os demais planetas também têm suas qualidades primordiais alteradas de acordo com sua posição em relação ao Sol (oriental ou ocidental):

No caso da Lua, o primeiro quarto acrescenta umidade, o segundo acrescenta calor, o terceiro adiciona seco e o último aumenta o frio.

Ao longo da tradição, diversas variantes da classificação dos planetas e sua influência no temperamento podem ser observadas:

(*) Faz uma síntese entre Ptolomeu e Dorotheus de Sidon, com as correspondentes qualidades adotadas por Barbault.

É interessante também termos em mente a composição dos planetas segundo suas qualidades primordiais e a classificação de Morin, que atribuiu a cada qualidade primitiva um coeficiente de 10 pontos assim distribuídos entre cada um dos sete planetas:

Contudo, Barbault não concorda com essa classificação. Por exemplo, para ele, Júpiter é quente e úmido (Ar), o Sol é mais seco do que quente, etc.

Os seres vivos, homens, animais e plantas são afetados tanto pelo ritmo diário (dia e noite), quanto pelo do ano (estações).

O Ciclo Diário

Num período de 24 horas, por exemplo, o consumo de oxigênio é maior durante o dia, atingindo o ponto máximo ao meio-dia e chegando ao seu ponto mínimo à meia-noite.

Assim, num mapa astrológico, podemos considerar a influência do Quente no Meio do Céu e a do Frio no Fundo do Céu.

Barbault faz então uma analogia entre o Sistema Solar e o ciclo diário: o Sol acima do horizonte, a Lua distribuída abaixo e Mercúrio no centro. Observa também as afinidades naturais de Marte com o Ascendente (levantar), de Júpiter com o Meio do Céu (culminação), de Vênus com o Descendente (ocaso) e de Saturno com o Fundo do Céu.

Porém, nem todos aceitam essa distribuição:

Neste ponto, Barbault ressalta a diferenciação alto-baixo do mapa. Uma concentração significativa em signos invernais (Capricórnio, Aquário e Peixes) e abaixo do horizonte constitui um “pano de fundo” que indica interioridade, profundidade, lentidão, inibição (Frio).

O Ciclo Anual (Zodiacal)

Ao longo do ano, sabemos que nossas funções biológicas não evoluem da mesma forma. Nosso sono é mais profundo no inverno, estação do voltar-se para si mesmo; e nosso coração bate mais rápido no verão, estação da agitação.

Ptolomeu associa o zodíaco às quatro estações do ano, sem mencionar os elementos, referindo-se às qualidades.

A associação de elementos às triplicidades é feita por Vettius Valens segundo Jim Tester na sua História da Astrologia Ocidental (History of Western Astrology):

O zodíaco tropical se presta a diversas interpretações e podemos decifrar o ciclo anual de acordo com outros valores, mas o sistema das qualidades primordiais e dos elementos constitui uma ilustração magistral comprovada pela classificação sazonal dos equinócios e dos solstícios no hemisfério norte.

O astrólogo de hoje que evoca os elementos do zodíaco, esquecendo a referência fundamental da quadripartição sazonal, passa direto para as quatro triplicidades sem saber que está utilizando um registro de valores completamente diferente daquele que Barbault aborda.

O Zodíaco dos Elementos e o Zodíaco Planetário

Na verdade, além dessa repartição por estação, os signos podem ser classificados com base nas duas quaternidades – de elementos (Fogo-Terra-Ar-Água) e de qualidades primordiais (Quente-Frio-Seco-Úmido) – pelo caminho da regência planetária. Assim, por exemplo, Capricórnio está sob a influência de Saturno, por ser seu domicílio; então é natural que tenha a mesma natureza que seu regente.

Cada signo é dotado do elemento do planeta regente. Assim, o Fogo reina sobre os signos marcianos de Áries e de Escorpião, como no signo solar de Leão; a Terra nos signos mercurianos de Gêmeos e de Virgem, assim como nos signos saturninos de Capricórnio e de Aquário; o Ar nos signos venusianos de Touro e de Libra, assim como no signo jupiteriano de Sagitário; e a Água no signo lunar de Câncer e no signo netuniano de Peixes. Barbault utiliza o “planetarismo” como referência para a interpretação dos tipos de temperamento:

Na sua análise, Barbault destaca particularmente dois signos que contrariam a classificação atualmente adotada:

Escorpião: Possui efetivamente uma qualidade de água, mas uma água de fogo semelhante à urina, à menstruação, ao esperma, à lava vulcânica, ao álcool, à água-forte, e sua característica de liquidez tem como função transportar o fogo, que é o que sobressai.

Touro: Como um signo primaveril e venusiano, lembra uma terra fértil e perfumada, o torrão natal, e não uma terra compacta, espessa, pesada, o que limita o despojamento, a abstração e o espírito. Assim, Touro, signo da exaltação dos sentidos e da realização material só pode ser visto como o mais tipicamente Ar, considerando a classificação tradicional.

Resumindo, podemos dizer que se Escorpião representa a liquidez do Fogo, Touro é uma materialização do Ar.

Assim, juntando a repartição sazonal a esta planetarização, Barbault chega à conclusão que o mais sanguíneo dos signos seria Touro, o mais bilioso Leão, o mais nervoso Virgem e o mais linfático Peixes.

Basta um pouco de atenção para comprovar que o signo não pode ser reduzido à sua regência planetária, possuindo características que lhe são próprias.

Podemos concluir que o signo não pertence a uma categoria fixa. Exemplificando, o Ar pode ser visto como mental em Gêmeos, afetivo em Libra e espiritual em Aquário. Libra pode ser considerado um signo sanguíneo-nervoso. Sagitário é fogo pelo seu entusiasmo e seu dinamismo que são quase tão importantes quanto sua característica jupiteriana de amplidão. Peixes é um signo aquático com um componente Ar atenuado.

Assim, fica evidenciada a discordância de Barbault quanto à identificação dos elementos fundamentada exclusivamente nos signos porque esta prática descarta o essencial que é o astro. O primeiro princípio é o planeta por si mesmo que possui um valor intrínseco. Considerar as colocações planetárias apenas em termos de triplicidades reduz o papel do planeta a um mero coadjuvante. Na realidade, como o planeta é o mais importante, o signo é que deve vir como uma complementação. Tanto que quando Júpiter passa de Áries a Touro, ou de Touro a Gêmeos, o que ocorre são modulações da natureza jupiteriana. É preciso “planetarizar” antes de “zodiacalizar”.

Formando um Todo para Caracterizar o Elemento
Temperamento Predominante

No quadro abaixo apresentamos os elementos e tipos de temperamento e suas correlações com qualidades, planetas, signos e quadrantes:

Raramente encontram-se tipos puros de um temperamento/elemento. Na realidade, esses quatro tipos se ramificam em tipos mistos.

Numa primeira aproximação, podemos nos concentrar nos dois tipos dominantes. Quando não é possível determinar qual desses tipos é preponderante, encontramos o chamado tipo duplo puro.

Ampliando o leque de possibilidades, chegamos a dezesseis tipos de personalidade, uma vez que cada um pode ser considerado isolado ou combinado com os outros três, a ordem sendo levada em conta. Por exemplo, Bilioso (Fogo), Bilioso/Sanguíneo (Fogo/Ar), Sanguíneo/Bilioso (Ar/Fogo), etc.

Incluindo-se na análise as qualidades primordiais, uma combinação Linfático/Sanguínea (Água/Ar), por exemplo, determina o domínio do Úmido, enfatizando no indivíduo as qualidades desse princípio. Da mesma forma, num Sanguíneo/Bilioso (Ar/Fogo) prepondera o Quente, num Bilioso/Nervoso (Fogo/Terra), o Seco, e num Linfático/Nervoso (Água/Terra), o Frio.

Assim, para maior precisão, no caso dos tipos duplos deve-se definir claramente a característica dominante: Linfático/Sanguíneo (Água/Ar), Sanguíneo/Linfático (Ar/Água).

Exemplificando melhor, no Sanguíneo/Bilioso (Ar/Fogo), o impulso é mais controlado, enquanto no Bilioso/Sanguíneo (Fogo/Ar), a atividade é mais impulsiva. Da mesma maneira, podemos dizer que no Linfático/Sanguíneo (Água/Ar) a emotividade é mais interiorizada, enquanto o Sanguíneo/Linfático (Ar/Água) a exterioriza. Assim, dosagens diferentes dos mesmos elementos levam a combinações naturalmente diversificadas.

A essa análise, já bastante complexa, ainda devem ser somadas considerações adicionais. Não podemos deixar de considerar a força de intensidade do próprio elemento: mais fraca no Linfático (Água), já sensível no Sanguíneo (Ar), mais forte no Bilioso (Fogo) e no Nervoso (Terra).

Além disso, como as características de um mesmo temperamento/elemento são expressas por diferentes planetas, também têm que ser levadas em consideração as qualidades primordiais dos astros que efetivamente contribuíram para essa escolha. Se os elementos/temperamentos são o tronco comum do planetarismo, o leque planetário os diversifica. Por exemplo, Júpiter expressa com mais força um Sanguíneo do que Vênus (Sanguíneo-Linfática – Ar/Água), mais moderada. Já no caso de Marte e Sol, ambos expressam fortemente as características do Bilioso (Fogo). Mercúrio vai indicar um tipo Nervoso (Terra) mais “jovem”, enquanto Saturno um mais “velho”.

Podemos destacar os quatro tipos resultantes do encontro de valores contraditórios dois a dois, inclusive que não se cruzam na nossa mandala de orientação: Bilioso e Linfático (Fogo e Água); Sanguíneo e Nervoso (Ar e Terra), formando os quatro temperamentos mistos antagônicos. Estes são os tipos nos quais são observados os conflitos mais marcantes decorrentes da concomitância de temperamentos opostos resultantes de dissonâncias.

Em resumo, nos tipos mistos os temperamentos/elementos, apesar de se misturarem, conservam suas próprias identidades, separadas por suas diferenças, que se harmonizam e/ou se combatem em diferentes graus.

Entretanto, após toda essa análise, ainda podemos nos deparar com posições adicionais dissonantes fortes que indicam um desvio do comportamento temperamental identificado numa primeira análise. Observa-se um bloqueio do impulso vital interferindo na expressão do temperamento, amortecendo ou alterando sua exteriorização. Isso ocorre principalmente quando diversas posições fortes (particularmente Sol e Lua) são afetadas por dissonâncias combinadas de Saturno e Urano que redundam em inibição.

Dessa maneira, podemos classificar como Linfático (Água) um tipo que não seja caracterizado por uma dominante lunar, netuniana ou lunar-netuniana. Basta, por exemplo, que a pessoa tenha o Sol em oposição a Saturno e a Lua em quadratura com Urano. A força dissonante dos fatores inibidores pode deslocar do Quente para o Frio, transformando um Bilioso (Fogo) num Nervoso (Terra) e um Sanguíneo (Ar) num Linfático (Água).

Mesmo que a identificação do temperamento seja apenas uma introdução ao conhecimento do indivíduo, é importante para o astrólogo, em busca de um todo, conhecê-lo para chegar a uma análise mais precisa da personalidade em questão.

Cada tipologia é uma tentativa de acesso ao mistério do ser humano permitindo realizar um primeiro reconhecimento do sujeito, dentre uma variedade infinita de outros.

Identificando o Elemento
Temperamento Predominante

É difícil saber a que temperamento pertence um dado indivíduo. Compartimentar em tipos a complexidade do ser humano é um trabalho exaustivo podendo não alcançar sucesso, principalmente nos casos limite, quando nenhuma posição planetária sobressai de maneira evidente.

Por outro lado, tradicionalmente, o diagnóstico do temperamento é considerado muito importante, sendo a linguagem do tipo planetário aquela das tendências que exprimem a essência da pessoa.

A identificação do elemento/temperamento básico é um caminho sintético para uma visão global do mapa natal e deve ser atingida através da aplicação da Teoria da Dominante, cujas regras a seguir apresentamos.

Procuramos descobrir a dominante de um mapa porque ela nos dá uma indicação do elemento e do temperamento. Segundo Barbault, a busca do temperamento se confunde com a busca da dominante. É uma via de duas mãos.

Teoria da Dominante

Determinar a dominante de um mapa natal é determinar o fator do tema que podemos considerar como o mais poderoso do mapa, que o marca ou sintetiza. De posse da dominante, o intérprete tem em seu poder a pista que conduz ao temperamento. Por exemplo, se dizemos que uma pessoa é saturnina podemos concluir que se trata de um indivíduo de atitude introvertida, mais ou menos marcado por um temperamento nervoso.

Como regra geral, o papel de dominante é conferido a um planeta integrado num conjunto ou a vários planetas que formam um todo complexo em que signos, casas e aspectos participam.

Não existe uma fórmula para determinar a dominante, mas existem regras de prioridade para podermos chegar a determiná-la. Barbault considera que “quanto mais uma configuração é específica do nascimento, ou seja, mais própria do instante do nascimento – no cruzamento preciso de seu lugar e momento – mais particulariza o indivíduo”. Assim, a conjunção de planetas com os ângulos é o fator mais forte na determinação da dominante (orbe de 15° para o autor). A ordem de prioridade é para o planeta que fizer o orbe mais exato, mas Ascendente e Meio do Céu preponderam sobre Descendente e Fundo do Céu. Segue-se a importância dos luminares, especialmente Sol para os homens e Lua para as mulheres. Assim, fica destacado o planeta ligado aos dois luminares, ou o dispositor de um destes também em aspecto com ele. Ainda entram na consideração da dominante: o regente do Ascendente ou do Meio do Céu a eles ligados, bem como um Stellium por casa ou signo, principalmente se envolver planetas pessoais.

Contudo, a importância fundamental dos eixos às vezes é superada por um planeta não angular, mas que assume preponderância no mapa por acumular muitas das características acima enumeradas que o tornam mais poderoso que o próprio planeta angular.

Se a dominante encontrada não for um astro, mas corresponder a um sistema constelado, neste caso Barbault recomenda agrupar os planetas por natureza e analogia para melhor identificação do temperamento.

Uma vez conhecida a dominante, devem ser então estudadas suas características quanto às qualidades primordiais, aos elementos e ao temperamento.

Aplicação do Método de Barbault ao Mapa de um Grande Artista

Apresentamos, em seguida, a aplicação do método de Barbault ao mapa de Vincent Van Gogh. Para fins de comparação, mostramos também um pequeno quadro com a contagem dos elementos com base no posicionamento dos planetas por triplicidade.

Considerando um total de 30 pontos: Sol, Lua e Ascendente correspondendo a 4 pontos cada um; Mercúrio, Vênus e Marte a 3 pontos; Júpiter, Saturno e Meio do Céu a 2 pontos; e Urano, Netuno e Plutão a 1 ponto cada.

É um pintor extraordinário com uma trajetória tão breve quanto vertiginosa, como um cometa. Viveu febrilmente, sua criação sendo de uma produtividade extraordinária. Seu traço é impetuoso, pintava com um furor criativo, em grandes golpes. Suas pinturas retratam o Fogo. Sua obra se destaca pela luz e cor. Os contornos são nítidos, a luz é sem sombra, a cor é crua, pura , crepitante, como se o Fogo ditasse seu desenho, seu toque, sua forma. Sua cor preferida é o amarelo. O fogo aparece em suas paisagens, estradas, casas, fisionomias, fruto de seu incêndio interior. Aliás, o Sol é o objeto maior de sua obra e o girassol o tema constante de suas telas. Mesmo quando retrata a noite, destaca luzes, lamparinas, astros e estrelas. A presença de Vênus entre Marte e o Sol, no Meio do Céu, erotiza sua obra. Concluindo, o elemento fogo transpira em sua pintura como reconhecido por diversos críticos.

Aplicando-se o método de Barbault, não há dúvida quanto à predominância de um temperamento puramente bilioso, o que não se verifica pelo método da contagem de planetas e pontos por elementos (ênfase dos elementos fogo e água).

Em certos casos, chega-se até as conclusões completamente diversas aplicando-se as duas metodologias em questão.

Conclusão

Verificamos que a identificação do elemento/temperamento básico não pode se resumir a uma simples contagem ponderada do posicionamento dos planetas por signo, sendo uma tarefa muito mais complexa, como destaca Barbault que, para tanto, aplica a Teoria da Dominante.

O grande mérito de Barbault pode ser atribuído ao fato dele ter conjugado elemento, temperamento e dominante.

Finalmente, entendemos que vale à pena aprofundar as investigações de Barbault especialmente quanto às atribuições de qualidades e elementos a planetas e signos.

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Bibliografia
BARBAULT, André. L’Univers Astrologique des Quatre Éléments. Paris: Éditions Traditionnelles, 1992.
__________, André. Tratado Practico de Astrologia. Tradução de Guiomar Eguillor. Barcelona: Vision Libros, S.L, 1980.
FLUDD, Robert. Traité d’Astrologie Générale. Tradução de Pierre Piobb. Paris: L’Harmattan, 1993.
LEHMAN, J. Lee. Classical Astrology for Modern Living. Atglen: Whitford Press, 1996.
PTOLOMEU. Le Livre Unique de L’Astrologie. Tradução de Pascal Charvet. Paris: Nil Éditions, 2000.
QUEIROZ, Gregório José Pereira de. As Qualidades Primitivas na Astrologia. São Paulo: Ed. Pensamento, 10ª Edição, 1997.

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La Astrología Occidental

Vier Elemente (Norditalien)

“La primera obra astrológica que se conoce data de la época de Sargón de Agade (alrededor de 2750 a. de C.) y contiene una compilación de acontecimientos señalados según los eclipses” (Barbault,1958). En ese entonces quienes se involucraban directamente con la Astrología eran los genios, filósofos, sabios y teólogos de la época. “La Astrología es una disciplina que afirma que todo esta relacionado y que hay una continua interacción y correspondencia entre todos los Elementos del Universo” (Marimón,1985).

Joan Marimón Padrosa quien es un escritor sumamente involucrado en la Astrología, nos comenta en su libro “Historia del arte a través de la Astrología” que la Astrología se dedica al estudio del hombre, no directamente, mas bien en la influencia del cosmos sobre la naturaleza y el hombre. Este punto en particular es lo que crea en mi una gran curiosidad por conocer las características que tiene cada elemento de la naturaleza para tomar las cualidades de cada uno y así desarrollar la obra coreográfica.

En este mismo libro Marimón nos explica que hoy en día existen estudios científicos como la biometeorología o la ritmo biología que estudia la influencia de factores cósmicos en: el nacimiento de un bebé, el ciclo menstrual, el riego sanguíneo, el sistema nervioso o el infarto miocardio. No se profundizará en estos estudios, sin embargo son un claro ejemplo de que tan lejos ha llegado la Astrología y la manera en se conecta para realizar el estudio de los seres humanos.

Marimón cita a Michael Gauquelin, quien escribió “La cosmopsicología”, para que veamos al ser humano como un pequeño Universo, ya que estamos compuestos esencialmente por los mismos elementos que la superficie terrestre, esto significa: 80% de agua y un 20% de minerales orgánicos e inorgánicos y nos da una hipótesis describiendo que las fuerzas gravitacionales de la Luna son capaces de influenciar en el agua encerrada en el organismo humano de la misma manera que influye en el macrocosmos terrestre. Esto significa que “la Luna provoca en el organismo humano cambios cíclicos como los cambios de humor”. Otro ejemplo claro que podemos experimentar a simple vista es la manera en que las olas del mar se ven igualmente afectadas con las fases lunares.

La Astrología Psicológica

André Barbault asegura que las primeras clasificaciones psicológicas son de origen astrológico ya que busca ante todo la estructura tipológica del individuo. Con otras palabras es “obtener primeramente una clasificación a grandes rasgos con los caracteres estándar y más adelante se establece la estructura individual del sujeto”. Siendo esta la mejor aportación de la Astrología a la Psicología para dar el comienzo a la investigación de los individuos. Para que se pueda dar esta clasificación es importante tener en cuenta los cuatro temperamentos tradicionales, los cuales son detalladamente explicados con la morfo-psicología Astrológica.

La morfo-psicología Astrológica

Mauricio Munzinger quien tuviera un sentido plástico de un escultor y con un conocimiento extenso de las formas como un morfólogo le da a Barbault un resumen de la morfo-psicología astrológica”. En éste explica que desde la remota antigüedad, la ciencia de los antiguos ha sabido desglosar, entre la diversidad de los seres, trazos constantes y característicos, tanto morfológicos como psicológicos, y fijar dos tipologías principales: la tipología temperamental, en relación con los cuatro elementos, y la tipología mitológica, en relación con los planetas.

Por el sentido de esta tesis nos vamos a profundizar en la tipología temperamental ya que es la que nos va ayudar a darnos las imágenes para descubrir las sensaciones corporales adecuadas correspondientes a cada Elemento.

Munzinger en un claro resumen, comenta que los antiguos reconocían cuatro elementos que consideraban como la combinación de cuatro principios primordiales y los relacionaba con cuatro temperamentos:

Con estos datos Barbault pudo reflexionar que el “Calor es foco de energía, está en el origen del movimiento y de la motilidad, por lo tanto es un principio dinámico”.

“El Frío, es la negación del calor y por el contrario es paralizante y condensador, inmoviliza los cuerpos concentrándolos. Por lo tanto es un principio estático. La Humedad es un principio de extensión, de aflojamiento, tendiente a la fluidez o a la licuefacción, a la fusión. Lo hace un principio extensivo”.

“La Sequedad, es la negación de la humedad, es principio de retracción, de tensión, de envaramiento, de endurecimiento – o de ruptura – y de división, es un principio restrictivo”.

Con toda esta información, éste mismo autor explica por medio de dos tablas básicas que los cuatro principios y los cuatro elementos hacen una combinación del siguiente modo:

Tabela 3_ (1)

En base a esta primera tabla Barbault resume que “los dos elementos secos y retraídos que son Fuego y Tierra, se oponen a los dos dilatados de Aire y Agua. Los dos dinámicos y ligeros, Fuego y Aire, se oponen a los estáticos y pesados, Tierra y Agua”.

En la segunda tabla por su lado encontramos estos mismos conceptos pero representados por medio de formas o figuras.

Tabela 3_1

Agua: Despliegue, una línea horizontal ondulada evoca el agua calmada o durmiente.

Aire: Expansión, una esfera evocando un hervor, un globo, un fruto.

Fuego: Impulso, una línea vertical quebrada, evocando una llama derecha y vibrante.

Tierra: Concentración una cruz o un punto, evocando el grano de arena o de sílex, el núcleo.

Por el lado del zodiaco, éste tiene una división cuaternaria que sitúa cada estación del año con un elemento:

Los Elementos de la Naturaleza

Marimón nos da una pequeña conclusión sobre los cuatro Elementos explicando que “la Tierra y el Agua son elementos complementarios debido a que la tierra da forma al Agua, y por su parte el Aire y el Fuego también lo son, pues el aire aviva el fuego. Asegura que el Agua y el fuego son los elementos opuestos ya que el Agua apaga al Fuego y el fuego hierve el Agua provocando una transformación de estado. Los Elementos Agua y Tierra están orientados hacia el pasado y Aire y Fuego hacia el futuro”.

En base a lo anteriormente descrito por Marimón, decidí fraccionar mi obra coreográfica en tres partes (Sección I “Tierra y Agua”, Sección II “Aire” y sección III “Fuego”). El tener junto a la Tierra y al Agua consideré sumamente importante en diferencia con Aire y Fuego ya que son elementos más independientes.

Este autor otorga el nombre de “hombre de Agua, Tierra, Aire o Fuego” para humanizar y distinguir las cualidades de los Cuatro Elementos de la Naturaleza.

Agua

Este elemento se describe en un estado “líquido de plasticidad, receptividad y pasividad, que se mueve según las impresiones recibidas”. Tiene la capacidad de mezclarse, disolverse e interiorizar con una movilidad continua. Agua cuenta con un instinto conservador que da importancia a la memoria, los recuerdos y las costumbres. Joan Marimón explica que “este elemento en particular tiende a abandonar la vida interior, la inconciencia, la fantasía, la imaginación y el sueño”.

Este autor lista algunas características del hombre de Agua: “Es un ser de la irrealidad, un romántico de la vida que huye de toda “terminación” para no despertar de su mundo onírico, psíquico , y que vive a la vez del sentimiento de nostalgia de lo inalcanzable”.

Tierra

Este elemento se describe por estar en un estado de concentración, condensación. Cuenta con un cuerpo autónomo que es resistente, delimitable. Tierra es altamente aislado y cerrado. Marimón de igual manera explica que este elemento es de naturaleza, refinada, delicada y selectiva. En particular este elemento según Marimón tiene vida interior con los recursos de la inteligencia o bien de la renuncia y la privación.

Con todas estas características se llega a una conclusión con respecto al hombre de tierra. “Es el de la realidad y la acción. Quien se encuentra altamente dependiente y ligado a todo lo científico. Tiende al clasicismo en cuanto a arte se refiere”.

“El Agua y la Tierra son elementos complementarios, son los principios femeninos”.

Fuego

Fuego tiene como características principales: la exaltación, intestificación y aceleración. Cuenta con una acción que domina y un gran poder conquistador. Marimón nos dice que es un elemento que lucha, se mantiene en un progreso y afirmación personal. Este elemento tiene una pasión tumultuosa o voluntad disciplinada. “Brillantez, superioridad, grandeza de una realización moral o elevación espiritual”.

El hombre de fuego es básicamente volitivo, asegura Marimón, es impulsado hacia delante por una fuerza interior. Fuego es “dirigido por imperativos a los que obedece o contra los que se rebela”. De todos los elementos, éste es el mas idealista.

Aire

Por último se encuentra Aire quien es un elemento móvil, difuso y envolvente. Se le considera como un agente de unión, el cual se encuentra en permanente estado de libertad. Aire esta siempre dispuesto a los contactos, desplazamientos, mezclas e influencias. Marimón nos afirma que tiene una vida de intercambios en contactos con el medio, con el que asimila espontáneamente.

El hombre de Aire puede considerarse, según este autor, como mental, irreal, también en su vertiente de artista, investigador. “Es un teórico de la vida, el autor de la frase “la belleza es verdad, la verdad es belleza”.

El fuego y el aire que son complementarios son considerados los elementos de los principios masculinos.

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History of a Prediction by André Barbault

La Próxima Crisis Mundial será 2014 a 2022

Spazio André Barbault

Personnalité – André Barbault

Textos de André Barbault

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