As Fases de Vênus

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O Trânsito de Vênus

José Maria Gomes Neto

O acontecimento astronômico mais importante de 2012 é a conjunção inferior de Vênus com o Sol, também chamada de “Trânsito de Vênus”, que ocorrerá no dia 5 de junho, quando o planeta mais próximo da Terra poderá ser visto por poucas horas eclipsado, com auxílio de telescópio, a partir de alguns lugares em nosso planeta. Trata-se de um evento de grande raridade. Somente algumas gerações são privilegiadas com tal oportunidade, pois ocorre apenas um par dessas conjunções especiais a cada oito anos, num intervalo de um pouco mais de um século (121,5 anos).

É grande o interesse que o trânsito de Vênus pelo Sol sempre despertou nas sociedades científicas astronômicas, pois, como a “vara do agrimensor”, permitia a aplicação direta das antigas regras da geometria euclidiana para a medição e correção das distâncias entre o Sol e a Terra, e o tamanho de nosso universo: a paralaxe. A ocultação de 1761 levou à criação da Unidade Astronômica e, com isso, foi possível aprimorar a precisão dos cálculos. Séculos atrás, expedições se lançaram ao mar em busca de um ponto ótimo para observação desse fenômeno. Pessoas morreram em algumas dessas expedições e muitos astrônomos sentiram-se frustrados por não terem nascido em épocas em que pudessem observar os trânsitos de Vênus e confirmar suas predições.

Também para a astrologia esse evento tem grande significação, primeiro porque amplia o campo de percepção da matriz de tempo, revela a existência de ciclos dentro de ciclos, liberta o planeta Vênus da moldura limitada de significados pessoais até então atribuídos a ele, tais como amor, prazer, sedução, sensibilidade, relacionamentos, busca de harmonia ou expressão de arte e beleza, arquétipos e deusas femininas, incluindo os câmbios de valores, dinâmicas e movimentos de mudanças sociais e da consciência humana, dos sistemas de crenças e modo de pensar e sentir que matizam a época que se segue ao trânsito. Por milhares de anos esses pares de ocultações ocorrem em Gêmeos, alternando Sagitário, signos relacionados com o eixo do pensamento e formação da visão e de significado, onde se encontram os seus nodos.

Os ciclos de Vênus com o Sol foram particularmente registrados em tábuas de argila pelos antigos mesopotâmios e também nos calendários maia e asteca, com impressionante precisão. Os antigos povos de Meso-América e México Central levantaram gigantescos observatórios astronômicos, pirâmides e templos, prioritariamente para rituais e observações dos planetas, em particular de Vênus, que era representado por cinco diferentes deuses guerreiros (Quetzalcoatl entre os Maias, e Kukulcán entre os Astecas) que traziam augúrios para os períodos de seus cursos celestes, sinalizando os momentos de sua aparição matutina e vespertina. Cada curso tem a duração de um ciclo completo de 584 dias, repetindo-se de oito em oito anos. As cinco conjunções inferiores de Vênus com o Sol, que ocorrem a cada oito anos, quando marcadas nos graus zodiacais desenham com perfeição uma estrela de cinco pontas e sugerem que os atributos de Harmonia e Beleza derivam da observação dos ciclos da natureza, que antecede e dá origem ao Mito: Afrodite nasce de dentro de uma concha que faz alusão ao Nautilus, o molusco que se desenvolve em uma espiral logarítmica que obedece a mesma proporção áurea do pentagrama, não alterando o seu padrão de crescimento, a conhecida série de Fibonacci: 1+1=2; 2+1=3; 3+2=5; 5+3=8; 8+5=13; 8+13=21; 21+13=34…

A Medida Áurea se manifesta nos diferentes cosmos, desde os átomos que compõem as células de DNA, passando pelas proporções dos membros do corpo humano, como bem representou Leonardo da Vinci no desenho “Homem Vitruviano”, até as Galáxias em espiral. Vênus, ao descrever no ritual de seus ciclos pelo zodíaco essa forma de uma perfeita estrela de cinco pontas, também segue a lei destas proporções sinalizando padrões de desenvolvimento em espiral, espirais dinâmicas que a consciência é capaz de detectar por meio da matemática, aguçando o sentido de pertencimento a uma ordem maior, sistêmica, de evolução e crescimento em todos os seus aspectos: mente, corpo e emoções, e estabelecendo a conexão espiritual. Espiritual nos remete à espiral, o desenvolvimento em espiral da consciência, da vida que habita todos os cosmos. Parece que a repetição desses ciclos em nossa vida, ao longo de áreas específicas de nosso mapa, reaviva em nós a percepção da matriz do tempo em que estamos inseridos para a compreensão da expressão espontânea e criativa desse processo de ressonância e convergência harmônica com a natureza e de nossa participação ativa na trama do universo.

Essa conjunção específica, a de 2012, encerra o último ciclo de uma série dessas estrelas de cinco pontas e está em ressonância com o último trânsito de Vênus em 2004. O desenho desse pentagrama quase perfeito que começou em 2004 constrói uma ponte ao futuro, até a sua próxima conjunção inferior, em Gêmeos em 2020, os últimos oito anos de outro ciclo ainda maior, das conjunções de Júpiter e Saturno que acontecem uma vez a cada vinte anos, num conjunto de dez conjunções em signos de mesmo elemento, e a partir do ano 2020 passam então a se encontrar, definitivamente pelos próximos 200 anos, em signos de Ar. Tais ciclos, Vênus/Sol, Júpiter/Saturno, juntamente com as sucessivas angulações entre Urano e Plutão até 2017, e outros mais, ratificam simbólica e fatidicamente em termos contextuais, uma zona de turbulências no tempo em que o planeta Terra está entrando: o que para muitos parece ser o fim de um mundo, para outros é o início de uma nova maneira de ver e de viver.

A última vez que ocorreu o trânsito de Vênus foi em 8 de junho de 2004. Tive a oportunidade de viver essa experiência inesquecível, entre clientes e amigos, junto ao nascer do Sol num horizonte claro, quase translúcido, num sitio no Planalto Central, Brasília: Vênus era um pequeno círculo negro esfumaçado e vibrante desfilando, na lente de um telescópio, diante do flamejante disco solar. Parecia vivo o planeta, uma espécie de “ovo galado”, sugerindo a fecundação de uma nova consciência para o mundo, talvez ainda em vias de ser despertada.

Olhando para alguns acontecimentos históricos que ocorreram durante os períodos desses ciclos de pares de ocultação de Vênus, percebemos verdadeiros saltos evolutivos de consciência, quebra de molduras e a presença de eventos sincronísticos.

Sabemos que a chegada de Cortéz a Tenochtitlan, capital do Império asteca, que o conquista para a Espanha (1519-21), ocorre exatamente dentro de um daqueles períodos de pares de ocultações de Vênus em Gêmeos (25 de maio de 1518 – 23 de maio de 1526). A história diz que o imperador asteca Montezuma acreditava numa profecia de que a aparição de Vênus naquela ocasião traria a chegada do deus “QuetzalCoatl/Kukulcan”, a serpente emplumada, representado por um “homem branco e barbado”, justamente quando Cortéz chega ao México. Tal sincronicidade justifica a conquista e o saque da riqueza do império asteca por Cortéz, sem qualquer resistência armada daquele povo para, em seguida, com o brutal assassinato de Montezuma, ser literalmente decretado o profetizado “fim de mundo” daquele império. Também dentro desse período de oito anos da ocultação.

Em Gêmeos:

 De 25 de maio de 1518 a 23 de maio de 1526

– A primeira circum-navegação (volta completa ao globo) foi realizada durante esse período por Fernando de Magalhães (partida em setembro de 1519 e chegada em 1522). Ele demonstra que era possível dar a volta ao globo e, a partir de então, nasce empiricamente uma nova concepção de mundo: a Terra é redonda.

Martinho Lutero – fundação da igreja luterana – reforma protestante – 1517 a 1521: a publicação das 95 Teses de Lutero, Disputatio pro declaratione virtutis indulgentiarum, 1522 – uma nova abordagem religiosa das crenças da relação do homem com Deus. Elaboração de um novo modelo de educação pública na Alemanha.

Copérnico acaba de publicar em 1521 a primeira edição de suas obras onde se pode dizer que já havia ciência exata e profunda. Apesar de seus estudos sobre o sistema heliocêntrico, apresentados apenas como hipotéticos, terem começado a circular em 1529, a publicação de Das revoluções só ocorreu provavelmente em 1543, contendo emendas e alterações sem o consentimento de Copérnico.

Em Sagitário:

 7 de dezembro de 1631 – 4 de dezembro de 1639

– Não existe registro de que o trânsito de dezembro de 1631 tenha sido visto por alguma pessoa, pois só foi visível no Novo Mundo. Mas, em dezembro de 1639, já encontramos registros de sua observação: Jeremiah Horrocks olhou pelo seu telescópio e viu que Vênus era bem menor, dentro do disco solar, do que Kepler julgou ser até então. Pressupunha-se que Vênus, eclipsado, tomaria pelo menos um quarto do tamanho do disco solar: um enorme exagero! A partir desse trânsito ficou estabelecido então outro nível de precisão nos cálculos astronômicos e uma nova percepção dos tamanhos relativos do Sol e de Vênus, que diminuiria as distâncias entre as pressuposições e crenças subjetivas e a realidade objetiva. Vênus é a vara do agrimensor!

– Esses oito anos foram um período extremamente fecundo para a formação do pensamento científico e uma nova concepção do modelo do universo surgiu daí. Já se travava uma luta acirrada entre a emergente ciência e o sistema de crenças imposto pela religião dominante. Entre outros importantes fatos que ocorreram entre aquelas duas conjunções em Gêmeos, podemos citar a publicação, em 1632, do Diálogo sobre os dois máximos sistemas de mundo, de Galileu, que voltava a defender o sistema heliocêntrico e a dar continuidade aos seus estudos, depois de ter assinado um decreto do Tribunal da Inquisição em que declarava que o sistema heliocêntrico era apenas uma hipótese, para escapar da fogueira, uma vez que já tinha sido condenado pela Igreja por essa sua visão reiterar o modelo copernicano. Porém, no ano seguinte, Galileu foi proibido de publicar livros, obrigado a abjurar de suas ideias, condenado a prisão domiciliar. Mas a semente ou ovo da serpente de um novo modelo de universo já havia sido fecundado.

Em Gêmeos:

6 de junho de 1761 – 3 de junho de 1769

– Marcada pelo começo da Revolução Industrial, essa década inicial dos anos 1760 começa a difundir as invenções e o avanço tecnológico para as pessoas comuns, sinalizando um período de reformas e progressos sociais.

– Em 1762 foi publicada a obra de Rousseau, O Contrato Social: os princípios do direito político que dizem ter sido um dos incitadores da Revolução Francesa, devido a suas ideias políticas liberais: “todos os homens nascem livres e iguais por natureza”. Aí se inicia a formação de uma consciência do direito à individualidade, com distinção aos três tipos de liberdades: a liberdade natural, civil e moral.

– O fenômeno geocósmico da ocultação de Vênus pôde ser observado simultaneamente por vários cientistas colocados a milhares de quilômetros de distância entre si, formando uma espécie de triangulação, para monitorar simultaneamente o momento em que o planeta aparecia e desaparecia da face do Sol. Deriva daí determinações mais precisas da distância entre a Terra e o Sol, e a criação da Unidade Astronômica.

Em Sagitário:

 9 de dezembro de 1874 – 6 de dezembro de 1882

– É significativo o modo como esses trânsitos encontram correspondência com momentos críticos na economia americana, talvez por ativar o eixo Gêmeos/Sagitário: de 1874 a 1879, os EUA entravam numa profunda depressão econômica após a Guerra Civil. Havia muita agitação e incertezas em relação à mão de obra, apesar do desenvolvimento acelerado dos serviços postais, inicio da era do rádio, chamadas de longas distâncias por telefone, estabelecimento de uma forma de comunicação mais ampla e global.

– Outro fato é que surge nesse momento a consciência da necessidade de estabelecer um acordo internacional sobre os fusos horários e, em 1874, a linha imaginário de Greenwich é criada: a “vara do agrimensor”.

Em Gêmeos:

 8 de junho de 2004 a 5 de junho de 2012

– Em 2008, se apresenta uma crise econômica mundial sem precedentes, outro mergulhão das bolsas de valores, a quebra de importantes bancos americanos e de grandes seguradoras colocando em risco o sistema financeiro internacional. Em 2011, os EUA (16 milhões de habitantes) e Europa (40 milhões) vivem desemprego em massa e países do primeiro mundo têm seus índices de credibilidade rebaixados. Parece estar sendo anunciado o fim de mundo de um antigo modelo de relações ou sistema econômico.

– Paralelo ao desenvolvimento de novas mídias, a implantação da aldeia global, parece haver a formação ou expansão de um sistema de valores, uma espécie de consciência ‘verde’, que busca dar sustentabilidade aos meios de produção, pensando em termos ecológicos, na necessidade de crescimento econômico ancorado em desenvolvimento humano. É o “start” de um processo de preparação para um novo e grande salto, não apenas de consciência, mas um salto de camada, onde valores humanísticos começam a pesar na balança. Está sendo construída a ponte entre o anunciado fim do “Era do Ter” e o início da “Era do Ser”.

Bibliografia Sugerida:
Os fundadores da astronomia moderna, de Joseph Bertrand – Editora Contraponto.
Conversando com os Planetas, de Anthony Aveni – Ed Mercuyo.
O despertar na Via Láctea, de Timothy Ferris – Ed Campus.
Os Planetas Retrógrados, de Erin Sullivan – Ed. Urano.
Astrology and Stock Market Forescasting, de Louise McWhirter – Ed. ASI Publishers, Inc.
Vênus, de Anne Massey – Llewellyn Publications.
O Descobrimento da Terra, de Oswald Dreyer – Ed. Melhoramentos.
Calendário, de David Ewing Duncan – Ed. Ediouro.
Mensagem das estrelas, de Galileu Galilei – Ed. Museu de Astronomia.
Astrologia para um novo ser: Capítulo: “O novo ser e o sentido de unidade”, por Jose Maria Gomes Neto, Ed. Rocca.

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Símbolos de Venus en el Espacio Sideral

Lingua Passerum

A todas las mujeres bellas que he conocido y que he de conocer. Una estrella muy brillante es avistada en el cielo, al Oriente… Durante toda la noche jamás se la vio. No es posible verla en las tinieblas de la noche… la noche no es de su jurisdicción. Ahora ha aparecido, pero el cielo todavía está oscuro… Portando su antorcha luminosa trae un mensaje; es el heraldo celeste; el Lucero del Alba, hijo de la Aurora que anuncia con júbilo el retorno del Rey de la Luz y su victoria sobre la noche. Los griegos llamaban a este mensajero Έωσφόρος (Eosphoros), y los romanos, Lucifer. Al elevarse el Rey, su luz opaca a todas las estrellas, incluso el soberbio brillo del resplandeciente mensajero ha desaparecido.¹ Y en los días en que este mensajero no aparece para dar su buena nueva, es posible ver outra estrella, de idéntico brillo majestuoso, justo después de que el Sol desciende por el Occidente dando comienzo a la noche. Un príncipe que despide con honores a su Rey. Los griegos le llamaban Έσπερος (Hésperos), y los romanos Vesperus. Sin embargo, tanto griegos y romanos sabían perfectamente que tanto la estrella matutina del Este y la estrella vespertina del Oeste, eran dos aspectos de un mismo cuerpo celeste: Venus ♀.²

1 N. del A. En la mitología cananea, Athtar, la Estrella de la Mañana, intentó usurpar el trono de Baal y erigirse como dios supremo, un mito que fue adoptado posteriormente por la tradición judía mediante las figuras de YHVH y Satán (2 Enoch; Vida de Adán y Eva), último que luego sería asociado a Lucifer por los cristianos (Isaías, 14:12-15). John Day, Yahweh and the gods and goddesses of Canaan, pp. 172-173; Gregory A. Boyd, God at War: The Bible & Spiritual Conflict, pp. 159-160.
2 N. del A. Así como el Janos bifronte -que con un rostro despide al año viejo y con el otro, da la bienvenida al año nuevo con el mes nombrado en su honor: enero (Ianuarius)- Venus tiene dos caras, una para anunciar la llegada del Sol y la otra para despedirlo.

El nombre de este planeta, proviene de la diosa romana del amor y la belleza, que a su vez tiene su origen en la diosa griega Afrodita y la etrusca Turan, asociadas también con otras diosas de funciones semejantes como Ishtar, Inanna, Astarté, Freyha, Isis, etc. También le da su nombre al día viernes, del latín Veneris dies (día de Venus), en inglés Friday y en alemán Freitag, significa día de Freyha. El planeta Venus está relacionado desde antiguo con las ideas de armonía, belleza, equilibrio, los sentimientos y los afectos. También con el placer y la sensualidad. Astrológicamente rige las relaciones románticas, el matrimonio y el sexo, de ahí que provenga el término de enfermedades venéreas. En su famoso Astronomicon, el poeta Marcus Manilius, describe al planeta Venus como generoso y fecundo, y el menor de los planetas benéficos. El Corazón Uno de los símbolos del amor más representativos hoy en día es el corazón ♥.

Aunque antiguamente el corazón era, más bien, un símbolo del alma, y algunas culturas lo consideraban la “fuente del pensamiento” o “asiento de la mente”, actualmente representa el origen y centro de los sentimientos afectivos, un símbolo que nunca dejamos de ver durante el muy comercial “día de san Valentín”. Venus no olvida este símbolo del amor y lo traza misteriosamente en el cielo dando así comienzo a su danza mística. Cada 584 días, es decir, aproximadamente cada año y siete meses, Venus recorre un trayecto aparente con respecto a la Tierra, que si es delineado, va trazando la forma de un corazón. Estos 584 días constituyen el periodo orbital sinódico de Venus.³ En un periodo sinódico (584 días), Venus traza una trayectoria cuya forma se asemeja a un corazón. Los puntos pequeños representan una posición diaria, mientras que los más grandes describen intervalos de 50 días. Los dos ciclos son las conjunciones inferiores, mostrando un movimiento retrógrado y formando un ángulo biquintil. Al centro del diagrama se encuentra la Tierra.

3 N. del A. El período sinódico de Venus (584 días) deriva de la interacción del periodo sideral de la Tierra (365) y el periodo sideral de Venus (224): 1/224 – 1/365 = 1/584.

La Rosa Sin duda, el símbolo más importante, tanto del amor como de la belleza y la perfección, es la rosa. Los pueblos antiguos así lo entendieron y la ofrendaban a todos los dioses relacionados con el amor. Teócrito cuenta, que los enamorados se pasaban mutuamente hojas de rosas sobre los dedos, y si soñaban, forzados por este dulce sortilegio, eran para ellos una gran prueba de amor y de fidelidad. Según la mitología griega, Afrodita le dio su nombre a la rosa, pero fue Cloris, la diosa de las flores, quien la creó. Un día, mientras Cloris limpiaba el bosque, encontró el cuerpo sin vida de una bella ninfa. Conmovida, Cloris le pidió ayuda a Afrodita, quien le dio su belleza. Entonces avisó a Dioniso, el dios del vino, que le añadió néctar para proporcionarle un aroma dulce. Al llegar su turno, las Tres Gracias aportaron encanto, brillantez y alegría. Luego Céfiro, el viento del oeste, sopló e hizo que las nubes desaparecieran para permitir que Apolo, dios del Sol, pudiera brillar y hacer que la rosa floreciera. Así surgió una hermosa rosa de pétalos blancos. La primera rosa roja apareció cuando Afrodita, tratando de ayudar a su amado Adonis que se encontraba herido de muerte, se pinchó con una espina del rosal y su sangre tiñó de rojo la flor. Todos estos personajes mitológicos, excepto Dioniso, son retratados en la escena de La Primavera, del pintor italiano Sandro Boticelli. La Primavera, de Sandro Botticelli. De izquierda a derecha, Apolo, las Tres Gracias, Afrodita, Eros sobre ella, Flora, Cloris y Céfiro Las rosas (Rosa spp.) están formadas por un cáliz dialisépalo de 5 piezas.

Una corola dialipétala, simétrica, formada por 5 pétalos regulares, o bien formada en múltiplos de 5 y el androceo está compuesto por numerosos estambres dispuestos en espiral, generalmente también en múltiplos de 5. La geometría y números de esta bella flor del amor, siguiendo el axioma hermético de correspondencia, como es abajo es arriba, como es arriba es abajo, es esencialmente la misma que describe Venus, el planeta del amor, al completar su recorrido sideral de 360º. En astrología a los ángulos de separación entre los planetas se denominan aspectos. Los aspectos se dividen en mayores y menores. Los mayores son aquellos que resultan de la división de la circunferencia (360º) entre 1 (conjunción de 1º a 10º), 2 (oposición de 180º), 3 (trígono de 120º) y 4 (cuadratura de 90º). A partir de la división entre 5 comienzan los aspectos menores como el quintil de 72º (360º ÷ 5) y el biquintil de 144º (72º x 2). El quintil surge de la división del 5 y tiene un significado estático, representa cierto grado de equilibrio, orden y simetría. El biquintil surge de la división del círculo entre la mitad del 5 (5/2 = 2.5) (360º ÷ 2.5 = 144º ). El también llamado quintil doble tiene un significado dinámico, de optimización y perfección en la gestión del espacio con el máximo equilibrio y belleza, por ello representa la llamada proporción dorada o número áureo que también queda manifestado en las figuras pentagonales regulares. El ángulo máximo de separación que puede formarse entre Venus y el Sol es de 48º, esta elongación se produce cada 584 días (período sinódico), de forma que la nueva elongación de Venus se sitúa a 144º (un biquintil) de la anterior. Después de 5 periodos sinódicos (584 días x 5 = 2920 días = 8 años) Venus completa su trayectoria recorriendo el círculo zodiacal y forma una figura de 5 vértices, es decir, una figura pentagonal, completamente regular. Dado que Venus está más cerca del Sol que la Tierra, en determinados momentos su movimiento aparenta “retroceder”, de modo que la representación gráfica de su movimiento respecto a la Tierra se asemeja a una rosa de cinco pétalos, en la que cada pétalo es un corazón de un periodo sinódico. Este movimiento de retroceso aparente de Venus le da a este fenómeno el nombre de Ciclo de Retrogradación de Venus.

Movimiento sideral de Venus en su ciclo completo de ocho años. El ciclo de retrogradación de Venus comprende cinco periodos sinódicos. Su trayectoria aparenta trazar una rosa de cinco pétalos con la Tierra en el centro. Al concluir el ciclo, después de ocho años y luego de diez conjunciones solares (dos conjunciones por cada periodo sinódico), Venus regresa a su posición inicial en el zodiaco, presentando la misma cara a la Tierra. Las retrogradaciones sólo se producen durante su aproximación a la Tierra, es decir, en cada conjunción solar inferior. Venus está en retrogradación sólo un 7% del tiempo total, sólo la mitad de la frecuencia con la que Mercurio lo realiza. (Una conjunción superior se produce cuando Venus está detrás del Sol y la conjunción inferior es cuando Venus está entre la Tierra y el Sol, en ambos casos Venus no es visible). La rosa es uno de los grandes símbolos esotéricos y ha sido elegido por algunas órdenes iniciáticas como la fraternidad rosacruz. Para los rosacruces, la rosa simboliza el alma y la vida animadora del hombre. Generalmente utilizan como emblema la rosa mosqueta o eglantina (Eglanteria rosa), una flor de cinco pétalos que representan los cinco sentidos y los cinco elementos (4+1), representados por los cinco sólidos platónicos. También representa la creación y ordenación geométrica del Cosmos y su ritmo vital.

También ha sido utilizada por místicos cristianos de quienes su más notable objeto poseedor de este sagrado simbolismo es el rosario (del latín rosarium «rosal») el cual está formado por 5 grupos de 10 cuentas cada uno y 5 cuentas más grandes que se ordenan una entre cada diez. Cinco cuentas más, que llegan a simbolizar las cinco heridas de Cristo, forman un colgante que une una cruz al conjunto mediante una medalla. Y si se le dispone en forma circular, el rosario se asemeja al símbolo astrológico de Venus ♀. La oración que lleva su nombre está dedicada a la Virgen María, una figura que ha sustituido a las deidades femeninas de los antiguos cultos paganos. La rosa mantiene una estrecha relación con el pentágono y el pentagrama, no sólo en cuanto a su estructura geométrica, sino también en cuanto a su significado de belleza y perfección. Un significado que muchos adeptos del Lado Oscuro también han sabido entender y utilizar para sus propósitos mágicos, como por ejemplo en el diseño usado en el edificio del Departamento de Defensa de Estados Unidos: el Pentágono y la Estrella Flamígera de los francmasones.

La geometría mágica que existe en los ciclos de los planetas, ha sido, por siglos, una fuente de fascinación y misterio. La rígida adopción moderna del punto de vista heliocéntrico ha ocasionado que muchas de estas maravillas hayan sido, y todavía sigan siendo, ignoradas por los astrónomos modernos. El ritmo de Venus de ocho años, es un hecho que es descrito en una tablilla de Nínive que se considera como el más antiguo texto astrológico de la historia. Ésta formó parte de un texto de astrología babilónica conocido como Enuma Anu Enlil que data del siglo XVII a. C. y registra los cinco periodos sinódicos de Venus, dando una serie de diez signos sobre el ciclo de ocho años a través del patrón de la aparición y desaparición de Venus.4 La figura trazada por Venus en el espacio sideral incluso se asemeja mucho a los mandalas que utilizaron los árabes, persas e hindúes en las cúpulas de sus templos. A pesar de todo esto, no hay evidencia de que el patrón venusino, trazado tal como se muestra en los diagramas, fuese observado por los astrónomos antes del siglo XVIII.5 Después de todo, los astrónomos no están preocupados por la perspectiva geocéntrica de la que parte. Una antigua doctrina afirmaba que el modelo para la creación del Universo estaba basado en el uso de las proporciones armónicas musicales. Según esta creencia, los cuerpos celestes emitían sonidos que al combinarse formaban la llamada Música de las Esferas. La teoría de la Música de las Esferas fue aceptada durante muchos siglos por grandes pensadores desde Pitágoras (s. VI a. C.) y Platón (s. IV a. C.) hasta Johannes Kepler (1571-1630). La danza de los planetas en esta gran música presenta patrones que revelan su esencia simbólica. Estos grandes sabios comprendieron esos patrones como una conciencia matemática de las cualidades místicas del Universo. Para Kepler, el intervalo musical generado por Venus y la Tierra es de un sexto, que resulta dividiendo una cuerda en la fracción 5/8.6 Decía que su unión era matrimonial y variaba entre el masculino: G# (sol sostenido) – E (mi), y el femenino: Gb (sol bemol) – E (mi).7 Este radio de 5 a 8 es la clave para el patrón trazado por Venus. El psicólogo francés Michel Gauquelin creía que Venus está relacionado con el nacimiento de eminentes músicos y artistas.8 Sin duda, las armonías generadas por la órbita de este planeta refuerzan su apreciación de esta idea. Detalle de James Ferguson, Astronomy Explained Upon Sir Isaac Newton’s Principles, 1799 ed., lámina III, opp. p. 67.

4 Michael Baigent, From The Omens of Babylon, Astrology and Ancient Mesopotamia, 1994, p.59.
5 El fenómeno es descrito por el astrónomo escocés James Ferguson en Astronomy Explained Upon Sir Isaac Newton’s Principles, 1756, y fue redescubierto por el astrónomo inglés Michael E. O’Neill en 1984, y los Servicios de Astro-Informática en los EE.UU. institución que distribuyó diagramas generados por un programa creado por Neil Michelson.
6 Johannes Kepler, Harmonices Mundi, 1620, Libro V.
7 Joscelyn Godwin, Harmonies of Heaven and Earth, 1987, p.147.
8 Michel Gauquelin, Les Hommes et les Astres, 1960.

Curiosamente, Venus gira sobre su propio eje (movimiento de rotación) en dirección opuesta a su giro alrededor del Sol (movimiento de traslación). El movimiento de traslación de Venus, es decir, el año venusino, dura 224 días terrestres y el movimiento de rotación de venus, es decir, el día venusino, dura 243 días terrestres. En el lapso de 8 años terrestres, que equivale a 13 años de Venus, se dan 5 periodos sinódicos. Nótese que los números 5, 8 y 13 participan en este fenómeno. Los números 5, 8 y 13 son números consecutivos de la serie de Fibonacci en la que cada número dividido por su anterior tiende al valor del número áureo. Cada vez que Venus se acerca a la Tierra en una conjunción inferior, la misma parte de su superficie estará apuntando hacia la Tierra. En un periodo sinódico, Venus gira 1.6 veces alrededor del zodiaco, mientras habrá girado sobre su eje 360º x 584 / 243 = 2 x 360º + 145º, es decir, será de 145º desde su posición previa, lo que es dos ángulos quintiles o un biquintil (144°). El patrón de la rosa es circular, ya que tanto Venus y la Tierra tienen órbitas de excentricidad muy baja o casi circualr. Todos los otros planetas tienen órbitas más elípticas: Marte es aproximadamente diez veces más elíptica en su movimiento alrededor del Sol, de modo que un diagrama de Marte como los que se muestran, no poseerían una simetría semejante. Este patrón va desplazándose muy lentamente en el espacio sideral, aproximadamente de uno a dos grados cada ciclo de ocho años. El Pentagrama El pentagrama, también conocido como pentáculo o pentalpha, es considerado como uno de los más representativos símbolos de la historia. A pesar de que tanto el origen como el significado del pentagrama se encuentran en la propia esencia geométrica del número 5, algunos han querido encontrar su origen y significado en el patrón de Venus, ya que durante su ciclo de retrogradación de ocho años, Venus traza también una estrella de cinco puntas.

Diagrama del pentagrama que dibuja Venus en el zodiaco durante ocho años. Después de ese periodo, Venus, el Sol, la Tierra y las estrellas regresan a las mismas posiciones relativas. Ello significa que Venus, visto desde la Tierra, está en la misma posición no sólo con respecto con el Sol sino también con respecto a las estrellas. Cada 8 años terrestres, la Tierra y Venus se alinean 5 veces en una conjunción solar inferior, señalando 5 puntos que son equidistantes y que forman los 5 vértices de una estrella de 5 puntas a lo largo del zodiaco. Hay que recordar que Venus no está desplazándose en línea recta desde un punto a otro. Las líneas son determinadas por el observador. Supongamos que Venus parte de un punto de elongación máxima (0) y después de un intervalo de 584 días, llega a otro punto con una distancia de un biquintil (144º) (1). La secuencia se va repitiendo hasta formar cada uno de los vértices de la estrella separados por un quintil (72º). Estos eventos se repiten cada 19 meses y el resultado es que en ocho años el punto de elongación oriental regresará casi al mismo punto donde inició su recorrido con uno o dos grados de desplazamiento. De este modo, Venus seguirá trazando el pentagrama, aunque ya no exactamente desde el mismo punto que la anterior, y al igual que la rosa sideral, el pentagrama girará también alrededor del Sol hasta dar una vuelta completa en 1.252 años: un ciclo mayor compuesto por 156 subciclos pentagonales (1.252 órbitas de la Tierra y 2.035 de Venus). Así es como los planetas crean los ciclos cósmicos. A los astrónomos modernos les gusta describir a Venus como un planeta árido y pedregoso rodeado de vapor de ácido sulfúrico hirviendo, mientras se burlan de los principios de la astrología, llegando a creer que los astrólogos son incapaces de reconocer esos hechos físicos. Les ayudaría a abrir más sus mentes si contemplaran el bello significado de la órbita de Venus.

Fuentes:
-Nick Kollerstorm, Venus, the Rose and the Heart.
-European Southern Observatory. Pentagram of Venus.

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Vênus e Plutão

 Um Olhar Astrológico no Mito dos Vampiros

Alejandro Christian Luna

Existem poucos mitos tão fascinantes e tão difundidos pelo mundo como o dos vampiros. Ao contrário de outros, este mito se atualiza o tempo todo, adaptando-se à mudança constante da sociedade. Como seu protagonista, nega-se a morrer, e, pelo visto, parece ser tão imortal como a própria morte. A astrologia sempre bebeu na fonte dos mitos para explicar as correspondências muito significativas entre determinadas narrativas e as características associadas aos signos, aos planetas ou à relação entre planetas. Neste trabalho tentarei mostrar as analogias existentes entre o mito do vampiro e a dialética que se pode estabelecer entre Vênus e Plutão; e em outro nível, entre a polaridade Touro/Escorpião. E, afinal, descobrir que coisa é essa tão importante que estes seres da noite querem nos dizer.

Provável Nascimento do Mito

 Há milhares de anos o ser humano era um competidor a mais (entre muitos outros) pelos alimentos disponíveis sobre a face do planeta. A diferença entre caçar e ser caçado era mínima: uma questão de sorte, instinto e inteligência. Os felinos ou os canídeos eram certamente nossa principal fonte de preocupação, sobretudo quando caía a noite e tínhamos que subir em árvores para nos proteger. Mais tarde, como cavernícolas, a escuridão e as feras “lá fora” faziam supor um terreno perigoso para a sobrevivência não só do indivíduo mas também da espécie (considerando que há 300.000 anos os humanos eram muito escassos).

Sentados ao redor de uma fogueira e rodeados por trevas, os uivos e os diversos ruídos dos seres noturnos despertavam a imaginação de nossos ancestrais, criando histórias ominosas e fascinantes. Ao mesmo tempo, seres apavorantes povoavam nossos sonhos (coisa que mudou muito pouco) despertando dramáticas sensações e obscuros sentimentos. O medo é o sentimento que cria a figura do vampiro. Por isso, os desejos e os medos mais atávicos estão condensados nesta figura: medo de ser devorado, medo da morte, medo dos mortos, medo da escuridão, desejo de devorar, desejo de imortalidade, etc.

É lógico pensar que, no final das contas, o medo de ser devorado tem a mesma carga psíquica que o desejo de devorar. Tanto o vampiro quanto sua vítima vivem dentro de nós. Por outro lado, o sangue sempre foi símbolo da vida, enquanto sua ausência denota perigo de morte. O temor de ser mordido por homem ou animal não só tem a ver com a importância concreta do sangue como fonte de vida, mas também com seu valor simbólico. A prática da antropofagia e da hematofilia com fins rituais foi muito difundida em todo o mundo. Astecas, maias, tribos amazônicas e africanas, entre muitas outras culturas, fizeram uso dela. Beber o sangue do inimigo significava incorporar sua força, sua valentia, e até possuir seu espírito. Pensemos que isto não é parte do incivilizado passado: periodicamente tomamos conhecimento de indivíduos mentalmente desequilibrados que atualizam o ritual. E nós, possivelmente para alimentar nossa prudência, lotamos as salas onde são projetadas as gastronômicas aventuras de Hannibal Lecter.

Durante o século XVIII deu-se na Europa Oriental uma verdadeira epidemia de vampiros que suscitou numerosos debates científicos e teológicos sobre o limite entre a vida e a morte. Obras como o Tratado sobre Vampiros de Dom Calmet, Cogitationes do Vampiris de Johan Herenberg, ou Masticatione mortuorum in tumulis de Michel Raufft e Phillipe Rherius, tentaram contribuir com conhecimentos racionais a respeito dos costumes dos vampiros.

Suspeitou-se também que a epidemia de sífilis que açoitava a Europa naqueles tempos (uma enfermidade venérea, quer dizer, de Vênus) também pudesse ter uma origem vampiresca.

Durante os anos 80 e princípio dos 90 (em sincronia com o ingresso de Plutão em Escorpião em novembro de 1983), o tema da AIDS, do sangue e das formas de contágio preocupavam toda a sociedade. É uma época em que se editam muitas obras e estreiam numerosos filmes e séries de vampiros (Buffy a Caça-Vampiros, o Drácula de Coppola, Do crepúsculo ao amanhecer, Blade, Entrevista com o Vampiro, etc.).

O que está em jogo neste mito é algo tão profundo como o são a vida e a morte… o mistério da vida e o mistério da morte. Descobrir que a vida só pode nutrir-se de morte, e que a morte permite a vida e a criatividade, e que isto é o fato mais natural do mundo e condição ‘sine qua non’ da existência, eis o que nos ensina o eixo Touro/Escorpião.

Touro e Escorpião, Signos de Poder

 Em seguida ao cosmogônico “Big Bang” de Áries, a desaceleração natural da energia produz matéria, dando início a um processo de estabilização que cria mundos, com latentes possibilidades de vida. A partir de Einstein podemos afirmar que a matéria é energia que vibra a velocidades muito baixas. E vice-versa, a matéria vibrando a velocidades muito altas se transforma em energia.

Touro (primeiro signo de Terra) traduz psicologicamente esta desaceleração e inércia com vistas à materialização, como um desejo de acumulação e substância. Mais que um desejo, é uma verdadeira necessidade. Daí a inexorabilidade e a potência do signo do touro. As necessidades mais primárias estão representadas por este setor do Zodíaco.

Todo ser vivo deve incorporar a seu organismo substâncias de outros organismos viventes, algo que no ser humano se faz através da boca. Sigmund Freud descobre que a estrutura mais básica da psique se forma numa fase muito precoce, a que chamou fase oral. Chupar, lamber, morder, cortar, arrancar, mastigar e tragar são os passos necessários para incorporar biologicamente as substâncias que o organismo necessita. Esta incorporação implica um prazer psicológico e físico que transcende o mero ato da alimentação. Para isso a estrutura dentária é fundamental, e, no caso das espécies carnívoras (como os humanos), usam-se os incisivos e os caninos, cuja eficácia é de vital importância nos predadores.

Todos concordarão que, se o assunto é predadores, o ser humano ganha por vários corpos, já que, estando no topo da cadeia alimentar, nenhuma outra espécie pode nos predar, salvo a nossa… ou a de algum ser sobrenatural. Roger Caillois em sua análise do mito da mantis religiosa (nome científico do louva-deus) relaciona a necessidade de alimentação com o prazer sexual. Marcel Roland, num artigo onde define a mantis como o felino dos insetos, escreve:

“A fêmea do louva-deus (mantis religiosa) mata o macho ao praticar o intercurso e o devora, fato este que impactou o homem por sua estreita relação com o ato sexual humano. Os naturalistas reconhecem no inseto a forma extrema da estreita conexão que une com frequência a voluptuosidade sexual e a voluptuosidade nutritiva. No homem existe ao menos uma característica representativa da conexão entre a nutrição e a sexualidade: a mordida de amor no momento do coito. No mito de Adão e Eva, a mordida na maçã é o símbolo sexual do pecado original. Durante as relações sexuais dos protozoários (na base da escala dos seres vivos) um organismo é completamente absorvido pelo outro. O acoplamento é em qualquer dos casos uma perda de imortalidade, um fator profundo de morte; é por isso que o estado que se segue à satisfação sexual completa se parece com o falecimento e que nos seres inferiores a morte sucede imediatamente à procriação.”

Do ponto de vista da matriz astrológica isto não é nenhuma novidade. Permite que nos desloquemos de Touro para o misterioso Escorpião. De fato, os costumes nupciais de alguns escorpiões são similares ao do louva-deus: a fêmea come o macho logo depois da cópula. O escorpião é um tipo de aracnídeo e, como tal, não pode estar geneticamente muito longe daquela espécie de aranha chamada “viúva negra”.

Alimentação e sexo são certamente as forças mais poderosas que dominam qualquer ser vivo, são pura manifestação da natureza, como as tempestades e os terremotos.

É sugestivo notar que a vinculação entre nutrição, prazer e morte pode dar-se também cultural e geograficamente. Na cidade de Buenos Aires, o cemitério da Recoleta se encontra rodeado de charmosos cafés e restaurantes, centros de exposições de arte e de desenho. Em Paris, o cemitério Picpus está grudado no “Viaduto das Artes”, povoado de galerias de arte, lojas de artesanato e renomados restaurantes. Em Chicago, os restaurantes se concentram na frente do St. Adalbert Cemetery.

Escorpião (segundo signo de Água) é a oitava etapa no eterno percurso zodiacal. Simboliza o momento em que a “forma” surgida em Câncer, e consciente em Libra da existência de um outro, tenta a fusão dos opostos. Para que a fusão seja efetiva, cada um dos participantes deve “morrer” para que surja outra coisa. O que surge daí não é igual a nenhum dos participantes, mas tampouco é totalmente diverso. Aqui a carga psíquica é muito mais pesada do que na fase de Touro. A sexualidade entendida escorpianamente (a “pequena morte”, como chamam os franceses ao orgasmo) relaciona-se a um prazer psíquico mais que orgânico. Em Touro a sexualidade é instintiva, dirigida pela natureza para a conservação da espécie. Em Escorpião se colocam os desejos ocultos, os desejos inconfessáveis e as ânsias de poder e dominação psicológica. O ego, surgido na fase Leão, confronta-se em Escorpião com sua própria sombra.

Quanto mais racional, luminosa e culta for a consciência, mais a sombra aparecerá supersticiosa, escura, monstruosa e até demoníaca. Um calafrio surpreende nosso científico mundo: é o hálito do vampiro. A pulsão sexual do vampiro vai direto à jugular de sua vítima para saciar-se. Pode-se notar também a correlação anatômica existente entre a zona genital – que a tradição astrológica atribui a Escorpião – e a sensível zona da garganta, regida pelo signo de Touro.

Alejandro Christian Luna ©2004

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